Bons ventos no horizonte
Muitos analistas ficaram positivamente surpresos com os resultados do desempenho da economia no terceiro trimestre deste ano. Segundo o IBGE, o PIB cresceu 0,6% em relação ao trimestre anterior. No primeiro trimestre, o crescimento foi nulo, no segundo, chegou a 0,5%. Assim, neste ano, a economia está crescendo um pouco mais a cada trimestre.
A expansão acumulada nos primeiros 9 meses é de 1,0%, indicando que no final do ano, o crescimento será superior às estimativas correntes e mesmo aos 1,3% dos dois anos anteriores.
Ainda é um ritmo lento para uma economia que tem potencial para crescer muito mais e para um país que precisa gerar mais de 12 milhões de empregos, considerando o estoque de desempregados. Obviamente que não se pode esperar restabelecer em um ano o que foi destruído em 3 longos anos. No entanto, pode-se, sim, desejar uma expansão mais rápida.
Comparando-se 2019 com o ano anterior, os setores que mais contribuíram para o crescimento do PIB foram, principalmente, a Agropecuária (2,1%) e a Construção. (4,4%). A agropecuária tem sido o principal setor a estimular o crescimento da economia brasileira há muito tempo, graças aos ganhos de produtividade e à sua competitividade no mercado internacional. O Brasil detém a liderança mundial na produtividade de soja, hoje nas plantações no município de Luiz Eduardo Magalhães, na Bahia, antes no município de Sorriso, no Mato Grosso. Mais uma vez, a safra de grãos superará seu recorde anterior. A construção reverteu sua expressiva queda consecutiva de 20 trimestres, apresentando alta pelo segundo trimestre seguido. O crescimento desse setor é indicativo de reaquecimento da economia porque antecipa demanda da indústria e aquecimento no mercado imobiliário. Basta ver a atratividade dos fundos imobiliários, que estão substituindo os antigos fundos de renda fixa.
A indústria cresceu no trimestre graças à expansão da extração de petróleo. A Indústria de transformação, contudo, continua sem crescer. Apresentou recuo de 0,5%.
Do lado da demanda, expande-se o consumo das famílias (1,9%), que já vem crescendo há 10 trimestres, resultado da queda da taxa de juros que estimula o crédito, facilita a negociação de dívidas, e se soma ao otimismo do aumento do emprego. E também a Formação Bruta de Capital Fixo (2,9%), que já está crescendo nos últimos 8 trimestres, após 14 trimestres de retração. O aumento dos investimentos privados é o responsável por essa tendência. Expansões dos investimentos e da construção indicam o aquecimento na produção de bens e serviços.
Atenção deve-se ter com o setor externo. As exportações estão em queda face à desaceleração do comercio internacional e à queda dos preços de commodities. Ademais, as tensões na guerra comercial entre os Estados Unidos e a China geram incertezas que paralisam os negócios e os investimentos.
Os bons ventos vêm do mercado interno.