Brasil, rumo a Indústria 4.0

O Brasil está caminhando na direção da Indústria 4.0, mas ainda há muito a ser feito para que o país alcance todo o seu potencial nessa área. A Indústria 4.0 é uma nova era da manufatura que envolve a integração de tecnologias digitais avançadas em todos os aspectos da produção, desde o design até a entrega, bem como principalmente capacitação em larga escala das Pessoas que de alguma forma ou de outra estão envolvidas direta ou indiretamente com o processo de manufatura.

Algumas iniciativas já foram tomadas no Brasil, como a criação de um Comitê de Indústria 4.0 pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e a implementação de projetos-piloto em indústrias em diversas regiões do país. Além disso, várias empresas brasileiras estão investindo em tecnologias relacionadas à Indústria 4.0, como a Internet das Coisas (IoT), inteligência artificial (IA), robótica e análise de dados, porém o índice é muito baixo ainda.

No entanto, ainda há muitos desafios a serem superados para que o Brasil possa realmente aproveitar as oportunidades oferecidas pela Indústria 4.0. Entre eles, estão a falta de infraestrutura adequada de TI e comunicação, a necessidade de capacitação profissional para trabalhar com essas tecnologias avançadas e a necessidade de mais investimentos em pesquisa e desenvolvimento.

O governo brasileiro pode desempenhar um papel fundamental nessa transformação, criando incentivos fiscais para empresas que investem em tecnologias de Indústria 4.0, promovendo parcerias entre empresas e instituições de pesquisa e investindo em infraestrutura digital para todo o país.

No geral, a Indústria 4.0 oferece muitas oportunidades para o Brasil aumentar sua competitividade e se tornar uma potência econômica global nesta década. Com o investimento certo em tecnologia e infraestrutura, o país pode avançar rapidamente nessa direção e colher os benefícios a longo prazo.

Porém isso exigirá coragem e estratégia da alta gestão sobre a importância de mergulhar na jornada 4.0. Essa empreitada deve ser considerada como uma "Jornada" e não como um "Projeto". Mas Roger, Porque Jornada? A evolução da Indústria Manufatureira, encontra-se agora na quarta, ou seja, passamos por quatro revoluções que mudaram fundamentalmente a maneira como os produtos são fabricados. Gosto de reforçar as Revoluções para que possamos entender como cada uma impactou a sociedade e a forma como as relações e a sociedade era organizada.

1. A Primeira Revolução Industrial (final do século XVIII e início do século XIX): foi caracterizada pela introdução da máquina a vapor e pela mecanização da produção têxtil, o que permitiu uma maior produtividade e redução de custos. Também ocorreram mudanças sociais significativas, como o êxodo rural e a formação de cidades industriais.
2. A Segunda Revolução Industrial (final do século XIX e início do século XX): teve como principais características a introdução da eletricidade, do motor a combustão interna e das linhas de montagem, o que permitiu uma maior produção em massa e uma redução de custos ainda maior. Além disso, houve a expansão do setor de serviços e a melhoria das condições de vida da população em geral.
3. A Terceira Revolução Industrial (final do século XX e início do século XXI): também conhecida como Revolução Digital ou Revolução Tecnológica, foi marcada pela introdução da eletrônica, dos computadores e da tecnologia da informação. Isso permitiu uma maior automação dos processos produtivos, uma maior eficiência e uma maior conectividade entre as pessoas e as empresas.
4. A Quarta Revolução Industrial (a partir da década de 2010): está em curso e tem como principais características a integração entre tecnologias como inteligência artificial, internet das coisas, robótica e big data. Isso está transformando a forma como produzimos, consumimos e nos relacionamos, e criando novas oportunidades de negócios e de empregos. Alguns exemplos de aplicações dessa revolução são a indústria 4.0, a automação dos transportes e a criação de cidades inteligentes.

À medida que os processos físicos são digitalizados, ou seja, representados e controlados no mundo cibernético, os dados se tornam cada vez mais importantes. Conceitos como “gêmeo digital”, uma réplica digital de uma entidade física, são usados para otimizar sistemas ciber-físicos, ou seja, sistemas incorporados que integram computação, comunicação e processos físicos – que podem variar em complexidade, desde um único chip de microcontrolador a dispositivos complexos de várias partes e estão permitindo a representação e o controle digital. Em vez de dispositivos de uso geral, eles geralmente são criados para uma tarefa específica, com energia computacional relativamente baixa e comunicação sem fio de baixa potência.

A Indústria 4.0 está pronta para afetar a indústria de transformação de maneira geral, pois assim como os sistemas variam em complexidade e tamanho, o mesmo ocorre com os fabricantes. Enquanto as implementações mais recentes e intrincadas da Indústria 4.0 só podem ser implementadas de maneira viável por grandes fabricantes de escala corporativa, pequenos e médios fabricantes podem ter ainda mais a ganhar. Novos recursos podem ser etapas de produção que só poderiam ser executadas manualmente antes – como tarefas que exigem controle de força sensível – ou etapas de produção que não podiam ser executadas, como certas peças produzidas por meio de desenho assistido por computador e impressão 3D. Isso hoje pode ser tão simples quanto converter processos baseados em papel em digitais, extrair mais dados de sensores de máquinas e executar análises básicas em dados armazenados na nuvem.

De acordo com ISO - International Organization for Standardization, estamos em um estágio dentro da Indústria 4.0 em que algumas das novas tecnologias disruptivas estão maduras o suficiente para serem alavancadas pela indústria (referidas como "Facilitadores"). Como parte dessa jornada, há também um conjunto de princípios de design que estão atualmente em desenvolvimento e de alta relevância para o arquivamento da implementação bem-sucedida da fabricação inteligente (referidos como "Potenciadores")

Três características principais que permitiram que as tecnologias se tornassem "Facilitadoras":

 ▪️ Armazenamento de dados barato e abundante

 ▪️ Computadores rápidos e responsivos e poder de cálculo

 ▪️ Conectividade onipresente e independente de local

Juntos, esses Facilitadores servem como base para a transformação digital acelerada de hoje.

Quando os "Facilitadores" forem totalmente utilizados, juntamente com os "Potenciadores", haverá certamente novos cenários disruptivos à medida que fizermos a transição coletiva para uma "Indústria Inteligente". Os efeitos futuros levarão a:

▪️ Fabricação circular: a possibilidade de tornar os produtos e a produção mais sustentáveis e aproveitar os produtos aposentados e suas informações coletadas sobre o ciclo de vida, filtrar a essência e usar o feedback para melhorar os processos de fabricação, bem como o próprio produto.

▪️ Produto e produção baseados em modelos: a capacidade de utilizar modelos em todos os pontos do ciclo de vida do produto para o uso ideal do produto.

▪️ Fábricas totalmente automatizadas: a capacidade de usar novas tecnologias para permitir novas configurações de produção automatizadas em um grau muito alto.

▪️ Personalização de produtos: a possibilidade de tornar os produtos produzidos em massa mais personalizados

▪️ Manutenção preditiva: a possibilidade de agir antes de um evento desfavorável (por exemplo, falha) e usar o monitoramento em processo para permitir a identificação do momento ideal para substituir peças e, portanto, maximizar a vida útil.

▪️ Edge computing: a possibilidade de ter toda a automação, incluindo o controle em tempo real, na borda da nuvem.

▪️ Servitização: a possibilidade de aumentar os produtos físicos tradicionais com serviços relacionados. Assim, o produto torna-se um subproduto do serviço.

▪️ Modelos de negócios orientados por dados: modelos de negócios que são desenvolvidos e personalizados com base em dados do negócio. Quanto mais dados, melhor o modelo de negócios.

Reforçando a definição de Indústria 4.0

O conceito de indústria 4.0 refere-se à chamada quarta revolução industrial. Isso envolve a transformação digital da indústria com a integração e digitalização de todos os processos industriais que compõem a cadeia de valor, caracterizados por sua adaptabilidade, flexibilidade e eficiência que permitem atender às necessidades do cliente no mercado atual, ou seja, é uma nova reorganização da sociedade, pois nesse processo todo o "Ser Humano" se torna o protagonista, tendo como seu maior aliado a tecnologia.

A Indústria 4.0 representa um salto qualitativo não apenas nas organizações, mas de sociedade, na forma como nos relacionamos e vivemos.

Isso produz uma mudança de paradigma para as indústrias e também ara a Sociedade.

Princípios da mudança para a Indústria 4.0

A Indústria 4.0 é uma nova fase da Revolução Industrial que está transformando a forma como as empresas produzem bens e serviços, utilizando tecnologias digitais avançadas. Essas tecnologias estão mudando profundamente o mundo do trabalho e estão criando novas oportunidades, porém toda evolução traz consigo desafios para a sociedade.

Aqui trago alguns princípios importantes para uma nova sociedade organizada em torno da Indústria 4.0:

1. Colaboração: A Indústria 4.0 incentiva a colaboração entre empresas, instituições acadêmicas, governos e outras organizações para impulsionar a inovação e o crescimento econômico. A colaboração também pode ajudar a compartilhar recursos e conhecimentos para solucionar problemas complexos.
2. Flexibilidade: A Indústria 4.0 requer que as empresas sejam mais flexíveis e ágeis, capazes de se adaptar rapidamente às mudanças no mercado e na tecnologia. Isso significa que as empresas precisam ter uma estrutura organizacional mais dinâmica e uma cultura de inovação.
3. Automação: A automação é uma característica fundamental da Indústria 4.0, e permite que as empresas produzam mais eficientemente e com maior qualidade. Isso significa que muitos trabalhos serão automatizados, e as pessoas precisarão se adaptar a novas funções e habilidades.
4. Aprendizagem contínua: A Indústria 4.0 requer que as pessoas sejam aprendizes ao longo da vida, capazes de se atualizar constantemente em novas tecnologias e habilidades. Isso significa que a educação e o treinamento serão mais importantes do que nunca, e que as empresas precisarão investir mais em desenvolvimento de talentos.
5. Sustentabilidade: A Indústria 4.0 oferece uma oportunidade única para as empresas adotarem práticas mais sustentáveis. As tecnologias digitais podem ajudar a reduzir o consumo de energia e os resíduos, tornando a produção mais limpa e mais eficiente.

Esses são alguns dos princípios que tendem a nortear uma nova sociedade organizada em torno da Indústria 4.0. No entanto, é importante lembrar que esses princípios são apenas uma base para a construção de uma nova sociedade, e que muitos outros fatores, como políticas governamentais, ações sociais e culturais e valores humanos, também desempenham um papel importante na construção de uma sociedade mais justa e sustentável.

Espero que esse texto possa ter esclarecido alguns dogmas sobre o tema Industria 4.0, e nos próximos trarei mais conteúdos relacionados ao tema.