Brasil sem tons de cinza
Difícil classificar o que ocorre no Brasil, quando em uma semana o ministro Barroso da Suprema Corte de Justiça fala em "pacto oligárquico para saquear o estado". Esta declaração foi seguida pelas afirmações de outro ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, disse que "condenação de Lula 'mancha imagem do País' e HC causará 'incompreensão'.
Na sequência se pronunciaram autoridades militares e o Ministério da Defesa, este último explicando que as declarações
"mantém a coerência e o equilíbrio demonstrados em toda sua gestão, reafirmando o compromisso da Força Terrestre com os preceitos constitucionais, sem jamais esquecer a origem de seus quadros que é o povo brasileiro".
Segundo a mesma nota, o Ministro do Exército "manifesta sua preocupação com os valores e com o legado que queremos deixar para as futuras gerações. É uma mensagem de confiança e estímulo à concórdia".
Tudo isso antes do julgamento de habeas corpus impetrado pelos advogados do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, solicitando que sua eventual prisão após condenação a mais de 12anos de prisão, já ocorrida em segunda instância, ocorra apenas após a apreciação de todos os recursos possíveis (na prática percorrer um total de quatro instâncias da justiça).
Como o Brasil ainda não tem clareza quanto ao momento da execução de uma sentença?
Melhor deixar estas respostas aos juristas, no entanto, duas hipóteses surgem: loucura calculada ou irracionalidade estimulada?
O que é certo é que, na opinião deste observador, no mundo da economia e das relações internacionais nada disso contribui para reforçar a imagem de recuperação do país ou tranquilizar uma população excitada e dividida.
Adhemar Garcia Neto