Brasil: um país ingovernável
Vivi os anos duros da ditadura, onde o “slogan” preponderante era “Brasil – Ame-o ou deixe-o”. Havia somente dois partidos políticos e os direitos políticos eram muito limitados. Havia censura para tudo. Quem não se portava dentro de uma certa linha de conduta era constrangido, perseguido ou exilado. A extrema direita mandava prender e mandava soltar.
Trinta anos depois, o nosso país é outro, a palavra-chave agora é Democracia, onde os direitos foram muito ampliados e os deveres aparentemente reduzidos. Os três poderes da nação estão ancorados em um emaranhado de leis, cuja interpretação e aplicação nos impõem hoje em verdadeiro caos legislativo. Isto está nos levando a uma enorme instabilidade política, cujas consequências serão dramáticas para o povo brasileiro.
A briga política do “impeachment” deixou isto muito claro. Há grupos de interesses para todos os lados distribuídos por 35 partidos políticos. Há radicais de extrema esquerda ligados às ideologias comunistas que defendem, por princípio, controlar tudo e todos. Para manter o poder, mentiram e iludiram o povo, principalmente os mais humildes, enquanto buscavam espalhar cada vez mais os seus tentáculos pelos poderes da república. Mesmo com a saída da presidente, não será fácil nos livramos de seu populismo inconsequente e de seus esqueletos.
É um grupo que chegou ao poder devido à demagogia populista e logo trataram de aparelhar de tal forma o governo em todas as esferas, além da criação de quarenta e uma novas empresas estatais, para nomeação de cento e vinte mil apaniguados recomendados pelos seus aliados políticos, aliás quase todos aqueles que estão apoiando o atual governo. Estes cidadãos estão agora protestando em festivais, nas ruas das grandes cidades e em qualquer local para onde forem mandados.
Há também grupos sem qualquer ideologia e totalmente sem escrúpulos que, ao invés legislar para o bem comum, só agem em causa própria, sem medir as consequências de seus atos e ações. São verdadeiros foras da lei, dentro do poder. Este grupo está dando demonstrações de força em todas as votações, seja do congresso ou do senado. Criam dificuldades para negociar facilidades. É a política do toma-lá-dá-cá que vai tentar colocar o atual presidente da república de joelhos e, certamente, vai dificultar a recuperação moral, política e social do Brasil. Temos nos grupos de Eduardo Cunha e de Renan Calheiros os seus principais representantes, classificados pela grande imprensa como os mais problemáticos de todos.
O PT de Lula e Dilma, para governar, optaram pela “compra” destes parlamentares, através do Mensalão, Petrolão, cessão de Ministérios, cargos em estatais e em fundos de pensão e eles sangraram os cofres da nação, deixando-nos uma herança maldita.
A venda de apoio legislativo atinge presidentes, governadores e prefeitos os quais são reféns de deputados, senadores e vereadores que, em sua grande maioria, não contribuem em quase nada para solução dos grandes problemas nacionais.
De outro lado, temos o judiciário cada vez mais politizado e ineficiente, “fatiando” tudo para atender os interesses daqueles que os nomearam, mostrando enorme distância da realidade em suas decisões. A judicialização de grandes problemas virou meio de sobrevivência para políticos corruptos, pois as decisões são sempre muito demoradas e raramente punem adequadamente aqueles que usurparam do poder. Alguns juízes da suprema corte estão, inclusive, sob suspeita de envolvimento com empreiteiras denunciadas na Lava Jato ou com partidos políticos, o que deixa a população ainda mais desconfiada de suas decisões.
Eu, que lutei tanto pela democracia, tenho frequentemente me perguntado: -- “Será que democracia é sinônimo de bagunça institucional, desordem econômica e abrigo de políticos espertalhões ou dos radicais que sobrevivem do caos e da política do quanto pior, melhor? ”
O clamor para moralização e por reformas estruturais neste país é cada vez maior, mas com estes políticos na ativa, não podemos esperar muita coisa.
Governar este país não será tarefa fácil, não enquanto não se moralizar a política e a sociedade através de seu voto, não expurgar grande parte das velhas raposas da política nacional. Com tudo isso pergunto: -- “Como é possível governar este país? Muito difícil, né? ”
Gerente de negócios e parcerias estratégicas - Inovação | Expansão | Agro
8 aBelo resumo Dib. É realmente difícil e complexo interpretar, compreender e avaliar todas as variáveis (éticas, culturais, sociais, políticas, ideológicas e econômicas) dessa equação chamada BRASIL.
Coordenador Agrícola | Consultor Financeiro Pessoal | Escritor
8 aExcelente, Dib! Muito oportuno teu artigo. Mas as coisas, devagar, estão mudando. A batata tá assando para esse sistema político, que conluia o executivo, legislativo e judiciário. Acredito que esses radicais de extrema esquerda e aqueles que ainda apoiam essa ideologia fracassada, que acabou de ser desmascarada e retirada do poder, é uma minoria. Precisamos sim, e urgente, de uma reforma política que vá muito além da simples mudança do sistema eleitoral. Precisamos de uma reforma do poder, da forma como se exerce o poder, dos que exercem o tal poder, em nome de quem se exerce o poder e dos mecanismos que se usa para controlar o poder. Precisamos de democracia, mas de um novo modelo de democracia, que seja representativa, participativa e direta entre os cidadãos e os sujeitos políticos, com as principais decisões sendo tomadas com a participação cidadã. E, claro, acabando com essa farra de tantos partidos políticos, que só servem para brincar com a democracia e para servirem de aluguel para apoio em as maiorias das decisões.