Breve História de Lagos
A mais antiga ocupação humana na área da actual cidade de Lagos remonta ao quinto milénio a.C. como demonstrou a arqueologia no Parque da Cidade e Praça de Armas, ao longo da antiga Ribeira dos Touros.
Na outra margem da ribeira de Bensafrim, o Monte Molião, identificado com a Lacobriga das fontes clássicas, revela a existência de um núcleo urbano desde a Idade do Ferro. No actual centro histórico foram encontrados indícios da presença fenícia, datados do séc. VIII a. C.. A arqueologia permite concluir que a importância urbana do Molião ter-se-á deslocado para esta área a partir do século II.
Da presença islâmica não há dados que demonstrem a existência duma estrutura urbana organizada, para além de um assentamento rural do tipo quinta.
Em 1415, no reinado de D. João I, inicia-se a fase “henriquina” dos Descobrimentos Portugueses, cabendo a Lagos um papel importante como plataforma logística para a conquista de Ceuta e para a expansão ultramarina, com o Infante D. Henrique a impor as suas ordens e a receber o senhorio da vila. E os lacobrigenses marcaram presença nessa epopeia marítima, desde o seu começo: Lourenço Gomes e António Gago, descobridores da Ilha da Madeira em 1419; Gil Eanes, que em 1434 dobrou o Cabo Bojador; bem como Lançarote de Freitas e outros que financiaram e integraram armadas com destino a África.
A partir do século XV a cidade atinge o seu esplendor económico e político, que se traduz no aumento demográfico e das obras públicas: o amuralhado amplia-se e são edificadas as igrejas de Santa Maria da Graça e de Nossa Senhora da Conceição. Em 1504 D. Manuel I concede Foral a Lagos, que em 27 de Janeiro de 1573 é elevada à categoria de Cidade pela mão do Rei D. Sebastião. Cinco anos depois, o jovem monarca reuniu aqui a grandiosa armada que partiu para Alcácer Quibir.
Capital do Algarve entre 1576 e 1756, viu destruído grande parte do seu património com o terramoto de 1755, e só a partir de meados do séc. XIX, com a indústria de conservas de peixe e o comércio, recuperou alguma da sua anterior prosperidade.
No séc. XX o Turismo gerou um surto de desenvolvimento local que se repercutiu até ao presente, mas Lagos pretende ser mais do que um destino agradável para gozar férias, emoldurado por belas paisagens. Procura viver a modernidade preservando os seus valores históricos, a sua identidade cultural e o seu património natural, celebrando a sua condição de Capital dos Descobrimentos.
Francisco Castelo