CABELOS DE FADA

CABELOS DE FADA

CABELOS DE FADA



A poesia é um esgar absoluto

Sobre um ponto concreto, particular,

Qualquer coisa como o produto

Da célula que se partiu pr'amar

Almas gémeas plurissemelhantes,

Siamesas separadas mas amantes... –

E, assim, duplicada, cria afeto

Gera aí a sua própria geração,

Eleva sua estirpe a outro teto

Onde o incondicional é condição.


Nada escolho sem que ela o dite

Qu'ela quer com crer de fada e de mulher

E afirma de forma que acredite

Polvilhando com pétalas de bem-me-quer

Penteados aos dias maravilhosos...


A poesia é uma fada cujos cabelos

São versos de seda duma cor qualquer,

Que dançam singelos porém luminosos

Enternecendo olhares, dias, novelos

Que se desfiam tecendo horas à mulher.


Joaquim Maria Castanho

Com foto de Elie Andrade

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