Call de Mercado - 28.out.20
A relação com o dólar/real atingiu R$ 5,78 pela manhã, o que combinado com os fechamentos traz o açúcar em reais em Mar’21 para próximo dos R$ 1.980/t, Mar’22 para R$ 1.790/t e Mar’23 R$ 1.730/t (curva futura e pol)
Contra fatos, não há argumentos. O dia de hoje foi marcado pela forte onda de pessimismo que invadiu todos os mercados globais, ou quase todos, sob efeito das novas medidas de isolamento que estão em vias de serem aplicadas na Europa e talvez EUA. A nova segunda da Covid-19 tem ganhado intensidade nessas localidades em um momento delicado para a economia mundial, resultando em forte valorização do dólar frente às divisas e grande liquidação do setor energético, com petróleo recuando mais de 5%. A relação com o dólar/real atingiu R$ 5,78 pela manhã, o que combinado com os fechamentos traz o açúcar em reais em Mar’21 para próximo dos R$ 1.980/t, Mar’22 para R$ 1.790/t e Mar’23 R$ 1.730/t (curva futura e pol). Não é difícil de imaginar, frente a tais preços, o porquê de estimarmos mais de 60% de fixação para a próxima safra, já que nosso modelo considera não somente uma análise estatística, mas principalmente uma amostragem do setor. Essa, por lógica, pondera a participação dos grupos sucroenergéticos na exportação total de acordo com suas respectivas representatividades (volume) e, não por menos, são as empresas consideradas mais saudáveis e com maior acesso a crédito. Políticas de gerenciamento de risco efetivas, preço muito acima de margem e orçamentos: contra fatos, não há argumentos. E o açúcar em NY? Segue resiliente à influência externa, sendo umas das únicas commodities que apresentou fechamento positivo, mas como dissemos ontem, novamente apenas no primeiro contrato (mesmo a queda a partir do Mai’21 foi pequena em comparação às demais). O mercado físico segue responsivo, os prêmios para o VHP no CS reativos, em pleno final de outubro as safras da Índia e Tailândia ainda não começaram e o clima seco no estado de São Paulo agora é intensificado pela onda de calor. O spread H1K1 reflete toda essa conjuntura ao atingir hoje os 105 pontos de inversão na máxima e fechar pela primeira vez acima de 100 pontos. Nem mesmo o Londres acompanhou a alta do NY hoje, portanto a ação especulativa ganha cada vez mais espaço nesse movimento descolado do curto-prazo. E o teto, seriam os 15.04 de ontem? Cedo demais para acreditar, mesmo que a visão de médio-prazo seja mais amena para os preços, afinal já vimos nos últimos cinco anos spreads atingindo mais de 200 pontos de inversão e specs carregando quase 350 mil lotes comprados.