Caminhos para a industrialização da construção Drywall – O único e importantíssimo primeiro passo
O primeiro passo na definição de um processo construtivo mais industrializado é, sem dúvida alguma, a construção seca de paredes internas – o drywall. É o único primeiro caminho pois é o sistema de divisórias universal para qualquer processo construtivo menos arcaico e mais industrializado, principalmente para quem pretende construir edifícios de múltiplos pavimentos. Não existe outro sistema de construção de paredes internas que permita tantos benefícios.
Devido a inúmeros erros de implantação desse sistema no Brasil, acontecido a 30 anos atras, as empresas fornecedoras permitiram que, em vez de fornecedoras de “sistema de paredes engenheiradas”, se transformam-se em “fornecedoras de placas de gesso”.
Um excelente sistema, altamente produtivo e eficiente foi então confundido como alternativa barata e sem qualidade. Os filmes do Gordo e o Magro e dos Três Patetas ajudaram e consolidar a imagem de produtos frágeis com as cenas engraçadas onde os protagonistas esbarravam e passavam por dentro de paredes com facilidade. Felizmente, nos últimos anos, essas impressões negativas foram em grande parte desfeitas, pelo trabalho competente da Associação do Drywall, agora chamada de ABCLS – Associação Brasileira da Construção Leve e Sustentável. Infelizmente, ainda persistem alguns preconceitos e medos nas empresas do mercado imobiliário, que por força da lógica, estão sendo gradualmente dissolvidos.
A adoção das paredes internas de drywall permite uma primeira grande revolução na construção de edifícios pelo impacto positivo que provoca em todo processo construtivo, tais como:
· Eliminação do trabalho penoso e sujo predominante nas paredes convencionais de alvenaria.
· Redução do peso médio das edificações em 20%.
· Grande resiliência a reformações estruturais evitando fissuras e trincas.
· Aumento de 10 vezes na produtividade da execução das paredes internas.
· Grande facilidade e racionalização no transporte de materiais no canteiro.
· Grande desempenho na atenuação de ruídos entre ambientes, melhor do que as alvenarias convencionais.
· Controle da umidade ambiente nas diversas épocas do ano evitando condensação e mofo.
· Precisão dimensional e planicidade.
· Facilidade e redução do tempo de capacitação de mão de obra de execução.
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· Grande facilidade de abrigar em seu interior os sistemas elétricos e hidráulicos.
· Grande capacidade de melhorar a velocidade e terminalidade dos serviços de paredes de vedação.
Para implantar esse sistema de forma efetiva é importantíssimo evitar improvisações e visões parciais. Uma visão sistêmica é necessária para extrair todos seus benefícios. A adoção do drywall impacta positivamente todas as partes da obra, desde as soluções de projeto dos demais subsistemas, a sequência e trajetória dos serviços na obra, o próprio canteiro de obras e seus equipamentos de transporte, bem como no processo de gestão e controle da qualidade. Implantar esse sistema de forma improvisada e incompleta significa reduzir muito os benefícios que ele pode trazer ao processo construtivo do edifício.
Para começar, é fundamental fazer um bom projeto, bem coordenado e aderido as demais partes da obra. Fuja de projetos “simplificados” onde somente são locadas de forma esquemática os tipos de paredes que serão utilizadas. Um verdadeiro projeto de drywall deve obedecer às normas técnicas, ter no mínimo a locação das guias (e não das faces das paredes), a posição dos montantes e de reforços (com suas locações de partida e ajustes no final das paredes), as vistas de cada parede mostrando a posição dos eletrodutos, caixas de minuteria e passagem, as especificações das chapas, reforços e demais materiais, bem como o sistema hidrossanitário quando este é fixado internamente às paredes. Também é importante os projetos conterem o levantamento de materiais para cada andar de modo a facilitar o processo de compra e o planejamento da obra.
A adoção de forros de drywall também é uma decisão importante na definição do sistema pois permite que o sistema elétrico seja fixado totalmente fora da estrutura aumentando muito a precisão e a produtividade na execução das instalações elétricas além de um aumento também importante na produtividade da execução da própria estrutura. Esses benefícios compensam em muito o custo adicional dos forros.
O planejamento das etapas construtivas no drywall são completamente diferentes das alvenarias convencionais. Como exemplo, a chegada e plaqueamento das chapas de gesso devem ser feitas após a fixação das esquadrias e janelas, cuidado esse desnecessário em paredes de tijolos e argamassas. Como a produtividade aumenta muito nas atividades internas, a obra planejada de forma inteligente tende a acabar de “fora para dentro”, priorizando os serviços da fachada como “envelope” protetor dos serviços internos.
Também todo o canteiro deve ser pensado para a máxima produtividade do processo construtivo. Deve ser pensado e preparado para receber e transportar com velocidade os feixes de perfis (montantes e guias), reforços, palets de chapas, etc., em toda sua trajetória. Da descarga do caminhão até o ponto de execução deve ser evitado a todo custo o uso de estoques intermediários e almoxarifados. Os materiais devem ir do caminhão diretamente para o ponto de aplicação e por isso devem ser planejados a chegada dos materiais na quantidade e prazos corretos bem como todo transporte até o ponto de aplicação. O “estoque no ponto de aplicação deve ser cuidadosamente estudado e demarcado previamente de forma a não prejudicar a execução das paredes. Os palets de perfis e chapas devem ser desmontados somente no local de aplicação, evitando danos dos materiais no transporte de peças soltas, e para isso a especificação do elevador cremalheira, dos carrinhos paleteiros e do caminho a ser percorrido deve ser muito bem pensado. O uso do drywall praticamente “obriga” o raciocínio do planejamento “just-in-time”, aumentando muito a produtividade, limpeza, organização do canteiro além da terminalidade dos serviços. Existem inúmeros “macetes”, abordagens e soluções que podem ser usados para o uso pleno da construção seca de modo a se atingir altas produtividades e qualidade na produção dos edifícios e vale a pena serem explorados.
Um ponto importante é a contratação de bons aplicadores, e eles existem em boa quantidade no mercado. Mas muita atenção com picaretas e aventureiros com baixa qualificação. Nunca faça “reengenharia” no momento da execução para reduções de custo. Todas as alternativas devem ser aplicadas no momento do projeto, inclusive com a participação de seu montador de confiança, caso contrário o risco de execução deficiente e com baixa qualidade é muito grande. Na obra, o foco é a montagem de acordo com o projeto e nada mais.
Tenho visto muito drywall mal feito por projeto deficiente, montagem em desacordo com o projeto e uso de materiais de baixa qualidade, visando baratear o custo de obra de última hora. Muitas vezes a obra ou os compradores tomam decisões erradas sem acompanhamento do pessoal técnico e de projeto. A fiscalização competente e efetiva é fundamental no processo da qualidade. Um velho amigo, Itio Iamamoto, um dos melhores conhecedores de drywall no mercado tem proposto a criação de um “selo de qualidade” voluntário para as obras, mas infelizmente não tem conseguido sensibilizar as fabricas de drywall, que deveriam ser as mais interessadas nessa ideia.
Empresas que persistem em não adotar o drywall por preconceito tem que evoluir rapidamente caso contrário vão ficar para trás. Não há mais espaço para temores sem sentido em relação a um sistema tão desenvolvido, consolidado e seguro como o drywall. É um processo de sucesso no mundo inteiro e que existe a mais de 100 anos, mas tem que ser implantado com competência. Tenho usado drywall a mais de 30 anos em minhas obras e posso garantir que nunca perdi uma única venda por causa disso, mesmo em apartamentos de mais “alto padrão”. São as próprias construtoras e incorporadoras que provocam e fomentam desconfianças infundadas nesse sistema, dando “tiro no próprio pé”, pois agora precisarão adotá-lo, mas já criaram um ambiente desfavorável para isso. Todas as eventuais dúvidas dos clientes devem ser tiradas com competência e segurança em vez de escondidas e usadas como desculpa para não evoluir. Por que o mesmo cliente de “alto padrão” que compra apartamento nos EUA não tem preconceito lá e tem preconceito aqui no Brasil? Será que problema é nosso e não do nosso cliente? Será que estamos usando isso como desculpa para não evoluir e permanecer no conforto da “mesmice”?
A mão de obra barata e abundante acabou e precisamos nos mexer. Temos que mudar nossa mentalidade!!! Pensem nisso e deem um passo à frente!!!
Diretor na TTP Transform Tecnologia em Produtos ltda.
1 mEng.Ceotto, bela e contundente , narrativa, sobre procedimentos basicos , para , nos engenheiros gestores , da INDUSTRIA, da construção civil ! BADERTECH Sanitartechnik propõe e apoia , as boas praticas, em especial, na area sanitaria, com aplicações e soluções disruptivas , para o mercado brasileiro !
Diretor de novos negócios, incorporação e expansão | Lifelong Learner | Board Member
1 mExcelente!
Especialista em Planejamento de Obras Civis | Gestão de Transportes Urbanos | PMP® | Engenheiro Civil | Projetos | Engenheiro de Planejamento e Controle
1 mÓtimo ponto. O mercado brasileiro da construção civil precisa se modernizar o quanto antes.
Consultor de Sustentabilidade
1 mÉ preciso entender o processo como um todo; cansei de ver pintor lixando a face acartonada da placa para aplicar massa e executar a pintura como estava acostumado na alvenaria. Por isso o papel de parede faz tanto sucesso aí fora como acabamento para paredes drywall
Muito bem colocado, Luiz!