Capitalismo Consciente e ESG
As exigências em relação a ESG são cada vez maiores, muitas vezes sem uma total compreensão do que significam.
Na verdade, esse tema vem se consolidando ao longo do tempo, tendo se iniciado em 2004 no âmbito do Pacto Global (Who Cares Wins) e se consolidado com o conceito de critério para investimentos em 2008 (Future Proof).
A ABNT definiu ESG como: “Conjunto de critérios ambientais, sociais e de governança a serem considerados na avaliação de riscos, oportunidades e respectivos impactos com o objetivo de nortear atividades, negócios e investimentos sustentáveis”.
A partir disso foram criados pela B3 listas de requisitos para classificação dos sistemas de gestão das empresas em termos de aderência a práticas sustentáveis, conforme as dimensões: Governança Corporativa e Alta Gestão; Modelo de Negócio e Inovação; Capital Humano; Capital Social e Meio Ambiente.
A ABNT, no PR 2030 (Práticas recomendáveis) elaborou uma extensa relação de requisitos a serem aplicados na avaliação das empresas, seus processos e projetos, indicando para diversos elementos de governança a forma como a materialidade do ambiente ESG deve ser evidenciada.
Mas o tema é relativamente novo e os seus conceitos ainda estão sendo testados e avaliados. Algumas questões já são claras, outras ainda menos visíveis, dependendo de amadurecimento.
O ramo de atividade da empresa e o seu estágio de desenvolvimento irão determinar que ações, políticas, meios e formas de medição serão mais adequados para cada situação. Essa é uma cultura em formação.
Capitalismo Consciente
O capitalismo consciente é um conceito e um movimento que vem sendo desenvolvido simultaneamente ao ESG.
Teve origem nos Estados Unidos em torno de 2010, com o “objetivo de elevar a consciência das lideranças para práticas empresariais baseadas na geração de valor para todos os stakeholders.
Gerar lucro por meio da geração de valor intelectual, físico, ecológico, social, emocional, ético e até mesmo espiritual a todas as partes interessadas no negócio, sem prejuízo à geração de lucros a investidores e acionistas.”
Para atingir esse objetivo a gestão deve estar apoiada por quatro pilares principais, encabeçado por um propósito consistente e mais amplo que a simples geração de lucros, incorporando valores e princípios em conexão com todos os seus “stakeholders“ e conduzida por lideranças conscientes e alinhadas aos propósitos da organização, com orientação para geração de resultados para todos os interessados.
Alguns princípios foram relacionados em relação a investimentos responsáveis, tais como incluir temas ESG às análises de investimento e aos processos de tomada de decisão, sendo proativo em relação a temas ESG, inserindo esse conceito nas políticas e critérios de investimento, além de dar ampla divulgação a essas políticas e procedimentos.
A reflexão a respeito da inserção da empresa na esteira do capitalismo consciente deve ser um processo permanente, onde o questionário autoaplicável a seguir pode contribuir significativamente para manter o rumo da empresa alinhado com os princípios desejados:
· Qual o propósito desta empresa?
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· Nossas decisões estratégicas levam em conta esse propósito? Como isso ocorre na prática?
· Os sistemas de avaliação e recompensas estão alinhados à estratégia e aos propósitos da empresa?
· Quais são os critérios que adotamos para contratar e promover lideranças?
· Esses critérios extrapolam questões técnicas e levam em consideração dimensões como inteligência emocional e capacidade de influenciar as pessoas em torno de uma causa?
· A empresa faz diagnóstico de cultura? Qual foi a data do último diagnóstico?
· Quais os tipos de cultura existentes na empresa?
· Como a cultura vem sendo desenvolvida na empresa? Quais as práticas realizadas?
· Se esta decisão for tomada, quem será beneficiado e quem será prejudicado?
· Esta decisão reforça os direitos e valores de quem?
· Que tipo de pessoa eu me tornarei se tomar esta decisão? Qual será o meu legado?
Pedro Klumb
PFCC 20 – Board Academy – Palestrante: Alberto Malta Júnior – 18/03/2024
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