Capitalismo consciente- O que é e o paral do conselho na implantação do modelo
Capitalismo consciente – O que é o papel dos conselhos na implantação do modelo
O capitalismo consciente surgiu em 2010 quando John Mackey, cofundador e CO da whole foods market, e Raj Sisodia, especialista em gestão e professor da Babson college fundaram o instituto Conscious Capitalism.
A organização define o capitalismo consciente como uma “maneira de pensar sobre o capitalismo e os negócios que reflita onde estamos na jornada humana, o estado do nosso mundo hoje e o potencial dos negócios para causar um impacto positivo no mundo”
A idéia do capitalismo consciente é trazer resultados positivos para a empresa e para a sociedade como um todo. Ela envolve a preocupação com a degradação ambiental e a pobreza extrema bem como a consciência de que a solução para estes problemas só será possível com a participação ativa das empresas.
O capitalismo consciente se baseia em quatro princípios básicos:
1- Propósito maior
Embora os lucros sejam essenciais para um negócio sustentável, o capitalismo sustentável defende a existência de um propósito maior, que vai além do lucro envolvendo o bem estar dos funcionários, clientes e outras partes interessadas
2- Integração de Stakeholders
Neste modelo vale a idéia de que todas as partes interessadas têm o mesmo valor. Clientes, funcionários, financiadores, fornecedores, investidores, acionistas, comunidades impactadas e meio ambiente cabendo aos líderes cultivar uma cultura consciente e promover propósitos e valores dentro do negócio para alcançar transformações positivas e agregar valor ao trabalho
3-Liderança consciente
Com o desenvolvimento de uma mentalidade de nós em vez de eu, os líderes conscientes abraçam o propósito da empresa criando valor para todas as partes interessadas e inspirando ações que contribuem para a criação de uma cultura consciente
4-Cultura consciente
O capitalismo consciente contribui para o desenvolvimento de uma cultura de confiança, cuidado e cooperação entre os funcionários da empresa e todas as outras partes interessadas.
Em termos de resultados práticos um estudo liderado por Raj Sisodia e publicado no seu livro de 2014 “Empresas humanizadas: pessoas, propósito e perfomance” mostrou como base em critérios bem definidos que ações de 18 empresas que praticam o capitalismo consciente tiveram um desempenho 10,5 vezes superior ao índice S&P 500 (que representa o comportamento das 500 maiores empresas americanas na Bolsa de Valores)
Uma das empresas mais conhecidas e pioneiras na aplicação deste conceito é a empresa Whole food markets. Trata-se de uma rede de supermercados norte americana que fornece produtos apenas de pequenos produtores e fornecedores locais. Assim a empresa hoje tem como propósito maior conscientizar os consumidores a se alimentarem de maneira mais saudável, oferecendo produtos de alta qualidade e gerando valor tanto para quem consome como para quem produz.
No Brasil a idéia de capitalismo consciente inicia-se em 2013 quando se cria o movimento capitalismo consciente do qual já fazem parte inúmeras empresas.
Pesquisa realizada pela Humanizadas mostram que empresas deste grupo, identificadas como, “As melhores para o Brasil” performam melhor em múltiplos indicadores quando comparadas ao mercado mostrando um desempenho financeiro 4,81 vezes superior, um foco em práticas ESG 1,76 vezes superior, um índice de bem estar 2,19 vezes superior, uma experiência do cliente 1,47 vezes superior e uma reputação da marca 1,44 vezes superior.
A transição para um modelo de capitalismo consciente não é um processo simples e deve ser avaliada em profundidade uma vez que entrar neste tipo de processo apenas como estratégia de marketing e promoção da imagem da empresa provocará um efeito inverso, pois nada é pior do que falar e não dar o exemplo em ações.
Uma vez tomada a decisão, O conselho terá papel fundamental na transição de uma empresa para o modelo de capitalismo consciente tendo a missão de questionar de modo incisivo a adoção dos quatro pilares
Sendo assim, no requisito propósito maior, caberiam as perguntas
- Qual o propósito desta empresa?
- Nossas decisões e estratégias levam em conta este propósito
- Os sistemas de avaliação e recompensa estão alinhados ao
propósito da empresa?
Para o quesito Liderança
- Quais são os nossos critérios para contratar e promover líderes?
- Estes critérios extrapolam questões técnicas e levam em
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consideração dimensões como inteligência emocional e
capacidade de influenciar pessoas em torno de uma causa?
Para a integração de stakeholders
- Se esta decisão for tomada que ganha e quem perde
- Esta decisão reforça os direitos e valores de quem?
- Que tipo de pessoa nos tornaremos se tomarmos esta decisão?
Qual será nosso legado?
Para a criação de uma cultura consciente
- A cultura atual viabiliza e promove o propósito e as estratégias
corporativas?
- As crenças e valores da organização são praticados no dia a dia e
orientam os processos decisórios?
- A cultura é percebida como um diferencial competitivo e um fator
de identidade?
- Os líderes e gestores são percebidos como promotores da cultura
organizacional?
Certamente a jornada de transição para este modelo não é simples e nem algo que ocorra da noite para o dia. Firmeza de propósito, resiliência e colaboração total entre os executivos e o conselho serão fundamentais para o sucesso do processo.