Capitulo II – “Cresça, mas não haja como um adulto”

Capitulo II – “Cresça, mas não haja como um adulto”

Uma vez quando minha sobrinha tinha apenas quatro anos de idade, ela estava no banco de trás do carro, e do nada ela disse “Tio eu não quero crescer” sinceramente esse é um daqueles momentos em que você pensa em um milhão de coisas, e uma delas é “Será que pergunto motivo? ” Eu não resisti e perguntei o motivo tão grave que faria uma criança não querer crescer. A resposta foi surpreendente, já que ela disse “ meus pais moram juntos, mas eles estão brigando muito, e vão se separar, ou seja, eles não serão felizes para sempre”. Aquilo me deu um nó na garganta e fez pensar quantas vezes falamos para as crianças que o relacionamento feliz para sempre é aquele em que as pessoas ficam juntas para sempre, porém como já diria uma canção, o para sempre, sempre acaba, e para uma criança de quatro anos imaginar que seus pais não iriam ser felizes para sempre era a razão pela qual valeria a pena ser criança por mais tempo.

Não diferente das promessas de príncipes e princesas, são as perguntas as crianças sobre qual será a sua profissão quando crescer, e logo falamos a ela que isso vai definir ela enquanto pessoa, já que a pergunta é “ o que você vai ser quando crescer? ” A resposta a essa pergunta é sem sentido, já que com o passar do tempo elas são encorajadas a serem profissionais que busquem o sucesso financeiro ao invés dos sonhos e desejos que uma criança um dia teve.

No livro do pequeno príncipe há a história de um menino que logo que ouviu histórias decidiu desenhar, pois era algo que o deixava feliz, então decidiu fazer uma jiboia que havia engolido um elefante, mas as pessoas acharam que eram um chapéu, até que ele desenha a jiboia aberta para que as pessoas entendam o que é o desenho, e quando as pessoas entenderam, elas dão conselhos para que ele não pense em desenhos ou jiboias, que pense em coisas que deem dinheiro. E assim ele o faz, escolhe uma profissão que possa lhe dar um retorno financeiro, mas ele nunca esquece que ele poderia ser um grande pintor ou desenhista se não tivesse sido desencorajado.

Quando falamos em relacionamento interpessoal nós acabamos passando por isso, primeiro deixamos as pessoas acreditarem que o relacionamento vai ser pra sempre, e quando a gente vê acontecem as primeiras discussões e posteriormente acabamos por descobrir que na vida nem todos tem um felizes para sempre, ou na maioria das vezes não nos esforçamos o bastante para o faze-lo, mas quando observamos as crianças o seu relacionamento que pode ser por vezes conflituoso, com muitas lagrimas logo se transforma em sorrisos e brincadeira, mostrando que as crianças sabem o que é ser feliz para sempre. 

 Quando temos um relacionamento achamos que sabemos o que é melhor para o outro, quando na realidade a única forma de saber é se perguntarmos, tentar entender e fazer uso da boa e velha empatia, em muitos casos estamos tão ocupados alimentando nosso Narciso que simplesmente damos conselhos superficiais de como a pessoa deve viver. Levando em consideração que só quem nos machuca é quem nós deixamos chegar perto, nós acabamos por magoar as pessoas que dizíamos nos importar, e como na história do pequeno príncipe damos conselhos as pessoas sem dar valor ao desejo delas, e impomos ainda que elas devem fazer aquilo que dá dinheiro e ter sucesso ao invés de que a pessoa seja feliz.

Que aprendamos que o para sempre, é apenas uma página dos nossos relacionamentos, e que deve ser levado a sério para poder dar certo e perdurar, entender as pessoas com que dizemos nos importar é a melhor maneira de praticar a boa e velha consideração por quem está ao seu lado. Ser alguém lhe procura pela sua opinião ou mesmo para conselhos é porque ela se importa com o que você vai dizer, então escute, e respire antes de responder a qualquer dúvida, a final é sobre os sonhos dela que você está andando, então ande com cuidado. 


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