Chat GPT 4.o & Espaços em branco importam.
No dia 13 de maio, a OpenAI apresentou a nova versão do Chat GPT, a 4.o (não é zero, é ô). O 'o' é de 'omni', e o lançamento foi anunciado um dia antes (coincidência?) da conferência Google I/O 2024, que também trouxe avanços com o seu LLM (Large Language Model), o Gemini Advanced.
No entanto, o ponto que quero destacar não são os avanços das IA do Google e da OpenAI, mas sim o formato da apresentação. Mira Murati, a CTO da OpenAI, conduziu o evento. Observe no frame do vídeo abaixo como o cenário é acolhedor, lembrando a sala de nossa casa, e como a vestimenta de Mira é simples: calça jeans, camiseta polo cinza e tênis de tom sóbrio.
Pode parecer que esses detalhes passaram despercebidos, mas cada elemento do cenário, incluindo iluminação, cores e a vestimenta de Mira, foi meticulosamente pensado para transmitir uma imagem e uma mensagem específicas.
Além do contexto pensado para transmitir a mensagem, a simplicidade dos slides também chama a atenção. Usando apenas palavras-chave em fonte simples, preta, com fundo branco e poucas animações sutis, os slides evitam distrações visuais.
A escolha da OpenAI por uma apresentação simples e minimalista não foi acidental. Essa abordagem comunica clareza, acessibilidade e foco, aspectos essenciais quando se trata de tecnologias complexas como a inteligência artificial. A simplicidade facilita a compreensão do conteúdo, mesmo para aqueles que não têm um profundo conhecimento técnico.
A estratégia da OpenAI me lembra das apresentações icônicas de Steve Jobs. Jobs, famoso por sua habilidade de comunicação, também utilizava espaços em branco de forma estratégica, mas com uma abordagem visualmente distinta: suas apresentações eram predominantemente pretas, com elementos de contraste que destacavam as mensagens principais. Veja, por exemplo, Jobs abaixo, onde o fundo preto criava um "negativo de uma câmera" antiga, trazendo um foco absoluto ao conteúdo.
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Os espaços em branco desempenham um papel crucial na apresentação da OpenAI do Chat GPT 4.o, na legibilidade e na apresentação visual como um todo. Em apresentações públicas, muitas vezes tememos o silêncio desconfortável, e ao criar slides, o receio dos espaços em branco pode surgir. No entanto, deixar esses espaços vazios intencionalmente se revela uma estratégia poderosa para aprimorar a comunicação.
De acordo com Tufte (1983), em "The Visual Display of Quantitative Information", o espaçamento adequado entre elementos visuais é essencial para a interpretação de informações complexas.
Evitar a sobrecarga de slides com texto denso, como sugere Reynolds (2008) em "Presentation Zen", cria uma experiência mais envolvente para o público. Os espaços em branco oferecem um respiro visual, evitando a fadiga cognitiva e possibilitando uma compreensão mais profunda do conteúdo.
Momentos de pausa proporcionados pelos espaços em branco aumentam a retenção de informações e promovem uma experiência de aprendizado mais eficaz. Considerar não apenas o conteúdo textual, mas também o design visual é imperativo ao criar uma apresentação. O uso estratégico de espaços em branco ajuda a criar uma hierarquia visual, direcionando a atenção do público para elementos-chave e facilitando a compreensão da mensagem.
Ao adotar uma abordagem minimalista e utilizar espaços em branco de forma estratégica, a OpenAI fez uma escolha não é apenas estética, mas também pedagógica, permitindo que a audiência absorva e compreenda melhor o conteúdo apresentado. Assim, a apresentação da OpenAI se destaca não apenas pelo conteúdo inovador, mas também pela clareza e acessibilidade com que essa inovação é comunicada.
Referências: