Clichê: o vício moderno das organizações
Artigo elaborado por Amir El-Kouba.
O empreendedor de sucesso precisa sair da sua zona de conforto e estar atento a um cenário competitivo, buscando a inovação por meio da implementação de estratégias que envolve todos os seus stakeholders.
O sucesso desta estratégia idealizada e implementada depende da força do seu time que deve performar com produtividade e com o comprometimento de todos os colaboradores para que a sinergia possa elevar a organização ao patamar de liderança ao consolidar suas metas e objetivos estratégicos.
O texto acima, carregado de clichês, ilustra bem quase a totalidade dos discursos vigentes entre gestores, empreendedores e revistas de negócios. Também tem sido o formato “encaixotado” dos bordões de consultores e daqueles universitários que se identificam com o empreendedorismo estereotipado.
Fugir destes clichês tem sido traduzido como atitude pecaminosa que marginaliza o profissional, podendo até mesmo denegrir sua empregabilidade. É como se, para crescer na carreira, fosse obrigatória a adoção de um discurso saturado e rançoso ditado pela “tribo empreendedora”.
Existe hoje, uma pressão de conformidade para que a simplicidade, a sensibilidade, o amor e a humildade sejam deletadas da dinâmica organizacional.
Na ilusão da busca por diferenciais, acaba-se resvalando para a mesmice. Adota-se discursos idênticos e posturas enquadradas no que é aceito e rotulado como verdadeiro para a gestão empresarial deste século XXI.
Esta é uma prática perigosa. Infelizmente, é isto que encontramos como conteúdo na maioria dos programas de treinamento e desenvolvimento de lideranças e gestão nas organizações “modernas”, carregados de modelos enquadrados definidos pelos gurus e que acabam reproduzidos pelos gestores em seus modelos de gestão reducionistas e pouco humanizados.
Diante disso, não há como não levantarmos as seguintes questões:
Como alinhar a gestão e a estratégia à uma cultura ou ao modus vivendi da organização diante de um enquadramento que leva colaboradores e empreendedores à uma única forma de ver as coisas?
Como conciliar respeito, espontaneidade, diversidade e expressão livre de ideias e ações diante de uma oratória tão linear?
Pois é... parece que estamos caminhando para um cenário em que a simplicidade e a manifestação do que se sente está em desuso. Hoje, ao se lançar um olhar para dentro das organizações, já não se permite encontrar seres humanos em sua plenitude, mas sim reduzidos a colaboradores. Já não se pode vislumbrar pessoas em cargos de gestão. Estas são apenas líderes infalíveis e visionários.
Ao mesmo tempo, ao apontarmos o foco para fora das organizações, encontramos o cliente, o mercado e o ambiente competitivo. Não vemos mais as famílias, a comunidade, a vida.
Clichês. A comunidade acadêmica e empresarial aplaude e reproduz num incansável ciclo vicioso, enquanto a simplicidade e a essência das pessoas nas organizações ficam relegadas a um segundo plano.
Visionary CTO | Digital Transformation Leader | Innovation Catalyst
8 aCada vez mais escravos em almejar o sucesso no lugar errado...
Empreendedor | Product Manager | Project Management | Gerente de Produto | B2B | B2C | Artificial Intelligence
8 aBoa, professor. Tem muita empresa precisando 'desengravidar' mesmo!
MBA em Gestão de Processos | Fundação Getulio Vargas
8 aParabéns Mestre. Ótima visão.