Clubhouse: porque só se fala na nova rede social?

Clubhouse: porque só se fala na nova rede social?

10 motivos da hype do app

Na última sexta à noite estava na estrada, viajando, e quando cheguei, a pauta da internet (leia-se Twitter) era o tal de Clubhouse. Da noite pro dia, a gente piscou e tem uma “nova” rede social (criada em março do ano passado) bombando, até então com mais de 600 mil usuários.

Portanto, o meu primeiro texto do ano é sobre ele: o app que tá "todo mundo" querendo entrar, mas que nem todo mundo pode. Isso porque ele só está disponível para usuários de Iphone com sistema Ios 13.0 ou superior e, relembrando os velhos tempos de Orkut, você precisa de convite para entrar. Além claro, do fato de ser um app somente de áudio, sem acessibilidade.

Se você ainda não está entendendo nada, leia: "Clubhouse: o que é e qual o potencial para o mercado de conteúdo?".

Enquanto uma ~AINDA ~ não usuária do app, procurei nesse meio tempo, ler sobre suas funcionalidades e sobre a percepções de quem já estava lá dentro mas o que até então mais me chamou a atenção foi a febre tão grande do app em tão pouco tempo.

Por que a rede social "pegou" tanto? porque só se fala nela? Trago aqui alguns motivos com base em algumas leituras:

1- Gatilho de Escassez

De acordo com o princípio da escassez, as pessoas tendem a atribuir mais valor a oportunidades quando estas estão menos disponíveis, o que é o caso do Clubhouse, como comentei acima. Não poder estar lá, ficar de fora, gera ainda mais desejo e caça a convites para entrar.

2- Gatilho de Exclusividade

Exclusividade não tem apenas a ver com dinheiro ou celebridades, tem a ver também com conhecimento: saber determinada informação, estar conectado com pessoas que sabem, ou nesse caso, estar por dentro — da rede social e do que tem dentro dela. Se algo é difícil de obter, as pessoas presumem que deve valer o esforço, e quando conseguem algo que nem todos os outros têm, isso faz com que se sintam especiais, únicas, privilegiadas.

3- FOMO

Já quem não está lá acaba sentindo o "medo de ficar de fora", tão grande que gerou até a venda de convites para entrar na rede social (e se estão pagando então a impressão é de que tem ainda mais valor). Outro fato é que os conteúdos lá dentro não ficam gravados ou salvos, o que também gera esse sentimento de perda, você só acompanha se estiver online, presente, investindo seu bem mais valioso: o seu tempo.

4- Efeito manada > validação social:

Quando você rola a sua timeline e vê muita gente falando sobre o mesmo assunto (repetição) e querendo entrar no app, você acaba querendo saber mais também. A maioria das pessoas não toma decisões individualmente, segundo Derek Thompson. Além de sermos criaturas de influência, que precisa de validação social, imitamos umas as outras: “se todo mundo está entrando no app, eu preciso entrar também”. Isso, aliado ao fator da novidade do app, nos impulsiona a divulgar que estamos lá também.

5- Distribuição e difusão de transmissão

O app não se popularizou necessariamente porque é uma plataforma MELHOR que as demais redes sociais, mas simplesmente porque está por toda parte, porque alcançou uma grande parcela da população. E, pelo que vi em diversas notícias, tudo começou depois que o Elon Musk utilizou o ClubHouse para um debate com o presidente do Robinhood, isso gerou um mecanismo chamado de “difusão de transmissão” ou seja, muitas pessoas obtendo informações de uma única fonte pra começo de história. Além disso, mais uma motivação de querer estar lá é acompanhar e até conversar "de perto"com outras personalidades pagando zero reais.

6- Familiaridade disfarçada

Produtos e ideias que casam o novo com o antigo, “surpresas que já são familiares” tendem a viralizar. Eu já vi o Club House ser comparado ao Discord, eventos/palestras só que em áudio, aos próprios podcasts (só que ao vivo), a áudios de WhatsApp e até com o Zoom (porque você também tem a possibilidade de abrir o microfone e falar nas "salas" do app). E trago aqui mais uma analogia: uma rádio que você pode trocar de canais e interagir entrando ao vivo também.

7- Afinidade

Coisas e ideias também se disseminam de forma mais confiável quando pegam carona em uma rede existente de pessoas com conexões próximas e interesses em comum. Tanto o fato de ser um formato já conhecido e familiar nos ajuda a entender melhor do que se trata a rede social (Talvez quem já tem o hábito de consumir conteúdo em áudio, vai curtir mais). E, além disso, somos atraídos pelas pautas e pessoas que debatem essas pautas com quem já seguimos nas demais redes sociais e queremos nos manter próximos ali também…desde experts sobre um assunto até famosos.

8- Valor prático

Nos damos ao trabalho de oferecer conselho ou enviar uma notícia que melhore a vida alheia, gostamos de passar informações práticas e úteis adiante, e nesse caso o valor prático está diretamente ligado ao conteúdo da redes social que se divide entre comunidades e temas de interesse. Como em um evento presencial que você escolhe as palestras que quer assistir /assuntos que quer aprender— e nesse caso, ouvir.

9- Afeição

Outro princípio que nos leva a decisões, como a de entrar em uma rede social é a afeição, tendemos a acatar o pedido de pessoas que conhecemos e gostamos pois isso aumenta a atratividade pelo produto e isso ajuda a associar a marca a algo positivo, a experiências agradáveis que você já teve com aquela pessoa. Dizemos sim aos pedidos de amigos e familiares, até mesmo de forma impensada, segundo Robert B. Cialdini. Nesse caso, a motivação vem em poder participar da conversa com amigos e conhecidos e claro, a conexão em aceitar o convite da rede social que você recebeu daquele amigo (aliás, obri, Priscila Couto e Rafaela Richter pelo convite enviado).

10- Early Adopter

Tem gente que não liga, não tem interesse ou curiosidade em testar ou conhecer algo novo, como uma rede social. Por outro lado, tem aqueles que são "early adopters" que estão dispostos a experimentar, ser um dos primeiros a usar e fazer esse papel de dar um "resumo" do que tem por lá. Ao mesmo tempo, quando surge um novo canal vem aquele questionamento de quem é produtor de conteúdo: será que eu preciso estar lá? e o fato é que se você trabalha no digital não dá pra fingir que nada está acontecendo. Testar, ver como funciona e entender se esse canal se encaixa na sua estratégia é sim importante, sempre lembrando que canal é meio e não fim.

E você já começou a usar? O que você acrescentaria nessa lista?

Referências/Dicas de leitura:

  • As armas da persuasão — como influenciar e não se deixar influenciar de Robert B. Cialdini.
  • Contágio — Por que as coisas pegam? de Jonah Berger.
  • Hitmakers — Como nascem as tendências de Derek Thompson.

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3 a

Ótima reflexão, Tuane Nicola .

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