Codinome “Professor”
As tias, tios, donas, professores, docentes, educadores, mestres, catedráticos e doutores...
Neste dia em que vosso ilustre trabalho é lembrado. Gostaria de registrar aqui meus sentimentos de gratidão pelas vossas infinitas contribuições com as quais fui agraciado e que foram fundamentais para a transformação da minha vida, até o dia de hoje e que,sem sombras de dúvidas as levarei até o meu último dia.
Tenho 40 anos, minha formação é Técnico em Contabilidade; Bacharel em Ciências Contábeis e Pós-graduação em Auditoria e Controladoria, além de uma profissão da qual me orgulho e tenho prazer em exercê-la, consigo vislumbrar um horizonte de possibilidades e de buscas de melhorias, não só pra me, mas para a sociedade na qual estou inserido. Mas este seria um fato simplório e bem comum, no entanto não o podemos considerar assim, pelo menos eu não o posso. Pois são relatos reais de um jovem que como muitos personagens da nossa história. Em 1.993 então com 16 anos de idade chega para morar em bairro da periferia de Campinas SP. Analfabeto vindo do Nordeste, sendo o corte de cana o único oficio que havia conhecido e praticado, quase nada de conhecimento, zero de esperança e nenhuma perspectiva, se alguém ousasse apostar uma moeda nele, apostaria que se embrenharia no obscuro mundo do crime, as possibilidades eram visíveis e infinitas.
Um ano depois, quis o destino que este se matriculasse em um curso de educação para jovens e adultos (EJA). “Um fato a não ser esquecido, seu primeiro dia de aula, na 1ª série foi no mesmo dia em que se alistou no exército”. Em sala conheceu as professoras Waldirene e Cida Balbino, estas duas foram as agentes de transformação em sua vida. Além do ato de ensinar, muitas vezes pegando na mão do aluno para que este aprendesse a escrever, não, não estávamos no jardim, uma clara demonstração do exercer a pedagogia “aquele que guia pela mão”. A professora Waldirene mesmo com sua postura firme em sala de aula, conhecedora e respeitando os traços culturais de cada um, apesar de está no posto de educadora pediu gentilmente permissão para realizar correções quando este se pronunciasse de forma errada “lembro-me até hoje com muita gratidão das suas palavras, “sempre há uma maneira de melhorar”, eu acredito!!!!. E a professora Cida,que nos ensinava as primeiras frases melhor elaboradas, mas sempre nos mostrando um olhar além do Português e da Matemática, um olhar para a vida, para o todo, para a sociedade, afinal já éramos adultos e precisávamos desta compreensão, enfim no dia em que recebi das suas mãos o diploma da 4ª série, eu estava tão nervoso que ao posar para foto segurei o certificado de ponta cabeça. Mas ainda assim lembro que ela olhou em meus olhos e disse “um dia quero te ver se formando em uma faculdade”.
Os anos se passaram, e ainda havia um longo caminho pela frente, mas em minha mente sempre ecoava uma pergunta, o que levou a professora Cida a acreditar que eu seria capaz de chagar a uma faculdade? Como a resposta não vinha, deu uma de rato surdo, baixei a cabeça e segui um passo de cada vez, “sempre dar para ir mais além e melhorar”. Até que um dia lá estava eu na colação de grau da Graduação e lembrei-me da frase da professara Cida, não, não tive a resposta à pergunta ecoante, apenas constatei que ela estava certa, era possível.
- Hoje com um olhar mais acentuado na conturbada realidade em que vivemos e que tanto se discute sobre o que devemos fazer para evoluirmos como sociedade, repassando rapidamente o filme da minha vida, vem a minha mente a frase do Pensador Monteiro Lobato “Um país se faz com homens e livros”. No entanto entre o homem e o livro existe um grande abismo, cuja ponte é o Professor. Apesar dos insucessos que temos obtido minha esperança alicerçasse no saber da existência de muitas Cidas e waldirenes espalhadas por este Brasil, mudando-o anonimamente.
Feliz dia do professor...