Colaboração em tempos de pandemia
Nos anos 80, a banda inglesa The Smiths era um sucesso no mundo todo. Entre outras coisas, eles falavam sobre o amor na sua forma mais diversa e inclusiva. Em uma de suas canções, eles cantavam que, se não fosse o amor, a bomba atômica nos uniria. Bem, não foi a bomba mas um vírus...
O maior exemplo de colaboração global vem da ciência. Segundo reportagem publicada hoje no jornal New York Times, “nunca especialistas de tantos países dedicaram-se à um único assunto e com tanta urgência”.
Cientistas do mundo inteiro colaboraram na identificação das centenas de sequencias que compõem o material genético do novo coronavírus, SARS-CoV-2. Isto permitiu que as pesquisadoras brasileiras Jaqueline Góes de Jesus, Ingra Morales, Flávia Salles, Erika Manuli lideradas pela médica Ester Sabino decifrassem todo o genoma deste agente patógeno tão rapidamente.
Hoje, temos mais de 200 ensaios clínicos em andamento em hospitais e laboratórios espalhados pelo mundo. Tais ensaios permitirão a descoberta de uma nova droga ou mesmo uma vacina contra a COVID-19.
A corrida é contra o relógio. O número de doentes cresce assustadoramente pelo mundo, lembrando-nos que este é um vírus que preda os mais frágeis, os mais idosos...
A comunidade científica aceitou o desafio e os achados dos laboratórios de pesquisa são compartilhados em uma assembléia permanente moderada pela Organização Mundial da Saúde. Abrindo mão da autoria de suas descobertas e das publicações científicas momentaneamente, os pesquisadores compartilham dados, discutem soluções e avançam o conhecimento científico para salvar as pessoas nas UTIs espalhadas pelo mundo.
A colaboração científica transcende fronteiras. Pesquisadores americanos e franceses, por exemplo, colaboram com uma companhia farmacêutica austríaca. Suas pesquisas são financiadas por organizações norueguesas e americanas e por agências federais de vários governos.
Aqui no Brasil não tem sido diferente. Universidades federais têm se unido a empresas vinculadas ao movimento maker. O consórcio visa encorajar a produção dos tão necessários equipamentos de proteção individual (EPI). Os profissionais de saúde na frente de combate agradecem!
Várias organizações não-governamentais brasileiras tomaram a frente dos governos locais na tentativa de ajudar os mais necessitados. Sem esperar por ajuda financeira, elas distribuem cestas básicas e produtos de higiene pessoal nas comunidades mais carentes de nossas cidades.
No caos da pandemia, o mundo torna-se solidário, rechaçando todo aquele que se coloca na contramão da História. A palavra de ordem é ajudar o próximo e descobrir a cura da doença.
Muito ainda precisará ser feito: precisamos de equipamentos de proteção para os profissionais de saúde, de ventiladores , de leitos em UTIs de urgência, de drogas e de uma vacina… Tudo isso custa dinheiro, muito dinheiro. Precisamos, enfim, que os bilionários do mundo entrem nesta guerra também...