A Saúde que se transforma
Luiz Fernando Menezes

A Saúde que se transforma

Estamos vivendo, em nossa aldeia global, os novos tempos tanto movidos pela eclosão do conflito entre Ucrânia e Rússia, cujos reflexos já são sentidos em nosso dia a dia, quanto pela difusão acelerada de informações sobre todos os contextos, os mais diversos e nem sempre verdadeiros. Ainda estamos em plena pandemia de Covid-19, e sim, o vírus ainda circula menos virulento, porém mais contagioso e, por conseguinte, com menos mortes e agravos à saúde da população. Estas circunstâncias deixaram legados indeléveis, a começar pela rápida adaptação a que fomos submetidos em nossas rotinas pelo distanciamento e isolamento, e agora pelo temor do alastramento de um conflito ainda longíquo, mas cujos desdobramentos ainda são uma incógnita.

Aqui em nossa aldeia menor, no contexto da saúde, vivemos a chegada de novos players, fortalecidos pelos grandes investimentos do capital privado e pelas grandes transações de mercado de fusões e aquisições. Chegam com propostas diferentes no padrão de atendimento, através do princípio da verticalização, como a solução para uma saúde equilibrada pelo racional da entrega de valor e aquilo que foi justamente adquirido e contratado, fortalecendo redes próprias e regulando a atividade médica mediante controle de despesas operacionais e custos assistenciais. A verticalização não é, sob hipótese alguma, um palavrão ou uma má ideia, nada mais é que a centralização da cadeia de produção de uma indústria, sendo amplamente aplicável à saúde. A verticalização precisa respeitar os melhores padrões e práticas médicas, por meio de protocolos ajustados às melhores evidências reconhecidas, entregando aos pacientes o restabelecimento das suas condições funcionais ou para minimizar suas condições desfavoráveis, quanto for isto o que restar.

Então, àqueles que veem riscos, sugiro que passem a enxergar as grandes oportunidades que se abrem. A saúde exige velocidade de mudança e correção de rumos, exige capacidade de improvisação e tomadas rápidas de decisões, e não a claudicância das dúvidas. A possibilidade de testar novos modelos, mudar a interação entre contratantes e prestadores, estimular sinergias verdadeiras e trabalhar a racionalização dos recursos, cada vez mais caros e escassos, na busca do melhor desfecho para o paciente. Aliado a isto, e sem nenhuma hipocrisia, gerar riqueza e resultado que possa ser compartilhado e reinvestido entre os atores deste teatro.

Assim, a saúde se transforma, e assim será de agora em diante. Precisamos estar muito atentos para que as velhas formas de agir não nos façam cair na acomodação do sucesso sem concorrência, ou pior, na crença de que tudo será como era antes e que nada mudou. Este engano pode ser muito perigoso, mesmo para os mais fortes e bem estabelecidos.

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