Coleta Seletiva - Problema ou Solução?
A muito se tem discutido sobre esse tema. O que fazer? Quem vai fazer? Como posso contribuir?
Tive como objetivo escrever sobre esse tema, simplesmente pelo fato, de vivê-lo profissionalmente e pessoalmente. Em palestras, cursos e dinâmicas sobre Educação Ambiental, sempre fico na encruzilhada da resposta, onde os participantes sempre querem uma resposta com solução assertiva. – “Tá bom Marcelo, tudo é muito bonito, mas”... então? Como resolveremos? Quem é o responsável? Quem pagará? O que podemos fazer?
Consigo enxergar uma luz no fim do túnel. Mas tudo depende! Conversa de engenheiro, muitos dizem. Tudo depende do que? Lógico dinheiro! Neste país corrupto? Desculpem país não, o Brasil é maravilhoso, talvez o melhor local para viver, clima excelente, variável, biodiversidade, a maior do mundo, um povo fantástico. Neste país gerenciado por alguns corruptos? Sim, alguns, não todos. Mesmo com dinheiro não conseguiríamos resolver o problema do lixo.
Problemas da saúde e educação, não são resolvidos, quanto mais o problema do lixo.
Sinto uma “gastura” como dizem nossos queridos baianos, quando eu jogo meu lixo selecionado ou não na lixeira e aquele caminhão da prefeitura recolhe, mistura tudo, e leva para o primeiro lixão ou aterro que estão ou não autorizados para receber esse lixo.
Faço minha parte, separo o lixo. Que absurdo, pensar dessa maneira! Naquelas lixeiras super caras e coloridas, Tetra Park, que legal, fazem subprodutos com a reciclagem, PET...puxa! já existem camisetas, tintas, sapatos, bolsas, canetas, com PET, mas quem está ganhando com isso? Certamente é fruto de um projeto pontual, não atende toda a sociedade.
Percebem que interessante? Latinhas de alumínio não são encontradas mais nas ruas, tem gente até trabalhando só com isso! É lógico com latinha dá para ganhar dinheiro, a logística reversa neste caso vale a pena. Embalagens de produtos químicos na lavoura são recolhidas pelo fabricante, lógico, existe até órgão regulador. As empresas investem milhões de reais com treinamentos gratuitos para o agricultor e para buscar a embalagem, sabendo que a multa seria bem maior. Mas o negócio ainda vale a pena.
Engraçado, as mesmas empresas que investem nesta troca, não investem na cultura seletiva por inteiro. Empresas da construção, tintas, isopor, remédios, celulares, computadores, TV, embalagens, novamente se existe algum tipo de programa, é só pontual, “uma forma de se pintar de verde”.
Enquanto isso, o governo não se manifesta, sabe fazer muito bem sua lição de casa, em punir aqueles absurdos que aparecem na mídia, como escândalo para a sociedade. Porém, se você quiser realizar coleta seletiva, trás no ECO ponto, talvez uns quatro quilômetros da sua casa, por que caminhão a prefeitura não tem, tem aquele, que leva tudo junto e misturado, o imposto que você paga é só para Obras de calçadas, super valorizadas, compra de carros para executivos da prefeitura, reforma do paço municipal, projeto contra a Dengue. Bombeiros? A roupa de proteção de um bombeiro de empresa é melhor que à do militar, Polícia? A arma do bandido é mais potente que à do policial, SAMU? Só atende as prioridades, se você está com uma crise de diabetes, vai de ônibus para o hospital, ou espere 30 minutos.
Vocês percebem? Quis escrever sobre coleta seletiva e já estou quase sendo preso por desacato à autoridade.
Muito bem, disse que achava que existia uma luz no fim do túnel. Um dia fui dormir pensando nisso e quando acordei, dei de cara com um presente do meu filho, ele fez na escola, era um conjunto de latas de reciclagem, para colocá-las na lavanderia. Ele disse, pai olha que legal! Com aquele sorriso no rosto, agora todos da minha escola irão fazer coleta seletiva, no final do ano, o dinheiro que a escola recolher com o lixo, ela irá comprar presentes para as crianças com mais necessidades.
Fiquei contente com a espontaneidade, alegria e envolvimento social dele e da atitude da direção da escola. Já saí de casa realizado! Quando entro no elevador, me deparo com um aviso de reunião de condomínio urgente para o final de semana.
Tema 1 - Reforma da lixeira para coleta seletiva, para atender Lei municipal que entrará em vigor no mês que vem.
Tema 2 – Contrato de parceira com coletores do bairro autorizados pela prefeitura. Idem atendimento da mesma lei.
Chegando ao trabalho, busquei informações com os meus pares, e soube que a prefeitura da cidade, acompanhando uma tendência do estado, estava divulgando e iniciando as tratativas para atender essa nova legislação. A Lei era de 2016 entraria em vigor no dia 01-02-2016 e tinha como título: “Programa de Coleta Seletiva das Cidades de SP – Todos ganham”.
O jornal descrevia que a prefeitura contaria com o apoio de todos os cidadãos, empresas e escola neste programa. Buscariam resultados em longo prazo, mas todos estariam empenhados no sucesso.
A princípio ela forneceria infraestrutura suficiente para montar cooperativas de catadores em diversos bairros da cidade e estes por sua vez recolheria todo o lixo reciclável da cidade. Caminhões, prensas, entre outros matérias, com o apoio da iniciativa privada tudo seria disponibilizado para essas cooperativas.
O material reciclável iria para fábricas de subprodutos nas prisões do estado (pranchas de resgate, vassouras, rodos, lixeiras, tapetes, materiais utilizados por todos), os presos seriam os operários dessas fábricas e ganhariam um dinheiro honesto com a venda dos produtos, para se auto sustentar e encaminhar algumas sobras para a família.
Fiquei maravilhado com isso e já tinha a resposta para dar nas minhas palestras e cursos sobre educação ambiental.
Empolguei-me, liguei para o secretário do meio ambiente da cidade na tentativa de responder, quem seria o responsável por tudo isso? Quem ganharia com tudo isso?
O toque do telefone, na realidade, era o toque do meu despertador. Puxa era um sonho! Mas eu estava tão contente, pois no coração eu já tinha a resposta, bastava simplesmente se concretizar.
Treinamento e Desenvolvimento, Diversidade e Inclusão, Sustentabilidade e Responsabilidade Social Empresarial
8 aMeus parabéns Marcelo!!! A minha única luz no fim do túnel é que estamos vivenciando um processo de transformação cultural e isso é um processo. Acredito que estamos nos adaptando a este novo momento da história, pois atingimos, aproximadamente, 7 bilhões de pessoas num curto espaço de tempo. São 7 bilhões consumindo recursos e gerando lixo dia após dia. É um momento: ou vai ou racha. Quando me questionam nas palestras sobre o futuro e o que acho da sustentabilidade, eu gosto de responder que temos duas saídas: enfrentamos várias crises e os mais aptos sobrevivem, ou seja, rachamos! A outra alternativa é para quem quer uma sociedade mais justa, menos corrupta e desigual, contribuímos através da educação com uma nova maneira de encarar estas questões, transformando a teoria na prática. Isso também vale para a legislação brasileira, pois, cá para nós, discutiram mais de 20 anos para aprovar a Política Nacional de Resíduos Sólidos e até agora não é totalmente cumprida.
Sócio proprietário na Coffee & Stocks
8 aMuito bacana! parabéns pelo texto.