Colher tradições, desfolhada e amigos

Dizer que a vida é, em certas alturas, uma soma de improbabilidades tem sido uma constante na vida de alguém que a viu mudar nos últimos tempos.

Crescer é parte da nossa evolução, amadurecer é uma opção que tomamos e viver é mais do que um estado do corpo, uma libertação da alma.

Colher para semear é a vida a deixar-se viver no seu ciclo normal. Plantamos as macieiras para apanharmos as maçãs e lançamos sementes de camaradagem para colhermos amizades sólidas e tantas vezes, socialmente incompreendidas. Ninguém sabe o que nos une, nem sabem que isso é mais forte do que o que nos separa, tal como dizia o trovador.

Colher é, portanto, parte de um processo de crescimento, e se crescemos, crescemos juntos, nós e a melhor e maior festa do país, a Feira das Colheitas.

Ao construirmos moreias onde nos abrigamos, estamos a fortalecer aquilo que ninguém percebe e a alimentar uma nova forma de vida, uma nova forma de encarar a sociedade e a fazer, independentemente do olhar de reprovação ou admiração de quem passa.

Unimo-nos a uma só voz para cantar o hino da nossa terra, ouvimos o canto popular a ecoar na mais bonita praça do país, dançamos contra a corrente para não cairmos na banalidade de uma sociedade que dança toda no mesmo sentido e alimentamos tradições para que não caiam em desuso, descobrindo o rei no meio do milho e dando espiga a quem faz parte do nosso povo ou a quem prove merecer pertencer.

Provamos o melhor que se faz num território profícuo em boa mesa e nas ruas, marcamos presença, sem passarmos despercebidos.

Somos parte de um projeto de cidadania que cresce de dia para dia porque são fortalecidos os laços que nos unem.

Se um dia, já velhinhos, nos disserem que 2019 foi um ano bom na Colheita, esperemos que possamos dizer que foi para a vida toda.

A festa volta em breve, nós voltamos a ver-nos amanhã.