Comecei a faculdade, o que posso fazer para conseguir uma vaga depois de formado?
Me formei em Engenharia e logo depois não consegui encontrar emprego na área. Estava sem conseguir uma oportunidade de trabalho há mais de dois anos. E estava me sentindo muito mal por isso. A solução foi trabalhar em loja de shopping. Muito contra minha vontade. Acreditava que se eu era graduado em algo, se tinha estudado tanto tempo, não precisaria aceitar esse tipo de emprego. Não me julgue (ainda).
A questão é: são as escolhas que você toma durante o curso que te leva ao mercado de trabalho ou não após sua formação.
Durante o período de estudos, é possível notar muitas diferenças no desenvolvimento entre os alunos. Isso, porque cada um elege como prioridade um determinado caminho:
# Desempenho: O aluno decidi ir bem nas provas, ser um dos melhores alunos da sala, passar de semestre sem nenhuma DP, ser realmente um aluno exemplar. Daqueles que se entristece com uma nota 8 ou 9.
# Networking: Gosta de criar vínculos com outros alunos em encontros sociais nos barezinhos perto da faculdade, ser lembrado pelos professores, não ter medo de se expor sua opinião em sala, pergunta, é dinâmico e participativo.
# Experiência: O aluno está ligado nas oportunidades do mercado de trabalho e está buscando por estágios, monitorias, pesquisas cientificas, trabalhos voluntários, grupos acadêmicos e empresas juniores. Não somente pelo auxílio financeiro, mas para ver o que aprende na prática.
# Desenvolvimento: Muito interessado pelo aperfeiçoamento técnico de suas habilidades. O aluno busca fazer cursos extracurriculares, sobre softwares utilizados no mercado de trabalho, idiomas, oratória etc. Busca um diferencial para seu currículo se destacar.
# Descanso: Período utilizado para o aluno repor as energias utilizadas com os estudos, as provas, trabalhos escolares e experiências práticas. Em alguns casos, o aluno participa das aulas, mas não demonstra muito interesse em se aprofundar nos estudos. Faz o mínimo e vai direto para casa descansar depois da aula na maior parte do tempo.
Cada uma dessas escolhas faz muito sentido em diferentes momentos da vida durante o período de faculdade, afinal, se leva de 2 a 6 anos para se formar, e não há como ser o mesmo em todo esse período, muitas coisas acontecem. Cada caminho tem um grau de prioridade diferente para cada um, e isso os diferencia. Estão ligados diretamente com a base familiar, formação escolar, necessidades pessoas, crenças limitantes e a maturidade. Não tem certo nem errado. Não tem uma idade exata para identificar o que deve ser prioritário. A priorização vai de acordo com o que foi experimentado e aprendido até o momento por cada aluno.
Afinal, e qual caminho me leva ao mercado de trabalho após a formação? Como vou saber que terei uma vaga depois de formado? Preciso priorizar algo que não estou sabendo?
Existem vários possíveis caminhos que podem ser escolhidos e se tornarem prioridade ao longo do curso. Vamos avaliar os possíveis resultados referentes a quatro perfis de alunos que estabelecem diferentes prioridades na faculdade:
O aluno tem como prioridade o Desempenho acadêmico. Dedicará a maior parte do tempo para ir bem nas provas, e não reprovar nas disciplinas. Talvez, tenha vontade de acabar logo os estudos na faculdade, esteja cansado da rotina. E em seu tempo livre prioriza pelo Descanso. Não tem muito interesse nesse momento ou não encontra tempo para o Networking, a Experiência profissional, e o Desenvolvimento de habilidades técnicas.
Resultado:
Mantendo esse perfil até o final do curso, pode ter uma boa chance pelas boas notas de seguir na carreira acadêmica. Encontrando uma Pós que o motive a continuar priorizando seu Desempenho. Em relação ao mercado de trabalho, se realmente estiver cansado da rotina de estudar, pode vir a encontrar muitas dificuldades em passar em um processo seletivo, devida sua falta de experiência profissional e desenvolvimento técnico.
O aluno tem como prioridade a socialização e, consequentemente, o Networking. Dedicará a maior parte do seu tempo para trocar conhecimentos com outros alunos ou professores. E esse diálogo provem e é motivado pela sua Experiência Profissional prévia ou interesse em saber mais sobre como ingressar na área. Como um ótimo compartilhador de informações, está sempre atendo as novidades que o mercado está exigindo, e logo entende a necessidade do Desenvolvimento para estar preparado para as melhores oportunidades. Seu Desempenho acadêmico não é prioridade, mas desenvolvem meios para atingir a média necessária. Há pouco tempo para ser destinado ao Descanso por si só, este, já é compartilhado com o Networking.
Resultado:
Mantendo esse perfil até o final do curso, pode ter uma boa chance pela rede de contatos que criou ao longo do curso, de encontrar facilmente vagas por indicação. Sua dedicação pela Experiência Profissional não o impedirá de aprender na prática aquilo que não viu em sala de aula. Está atento aos requisitos das vagas que almeja.
O aluno tem como prioridade a Experiência profissional antes de tudo. Nesse caso, podemos até falar sobre a real necessidade dele em estar trabalhando para bancar os custos da faculdade ou sustentar a casa/ família. Digamos que a prioridade aqui possa até ser o auxílio financeiro, sem mesmo estar atuando na sua área de formação. Sua Experiência é bem desenvolvida, é bom no que faz, porém, de uma forma mais operacional. Se ingressar em outra área, em uma outra empresa, pode vir a ficar perdido pela desatualização sobre o mercado. Tem pouco tempo para o Desenvolvimento de novas habilidades, para o Descanso e de se dedicar a melhoria no Desempenho Acadêmico, chegando a perder semestres/ciclos na faculdade por não conseguir se preparar para ir bem nas provas e trabalhos acadêmicos. Seu Networking é bem limitado as pessoas mais próximas que convive.
Resultado:
Mantendo esse perfil até o final do curso, caso ocorra algum imprevisto na empresa que trabalha, cortando funcionários, terá pouquíssimo tempo para se atualizar e ingressar no mercado de trabalho novamente, estará mais sujeito a participar de processos seletivos relacionados a sua antiga área de trabalho, gostando dela ou não. Mesmo tendo uma rede de relacionamento pequena, a probabilidade é baixa de conseguir alguma vaga por indicação, devido seus contatos não serem tão influentes nesse sentido. Um outro fato é que, mantendo-se na empresa que está, terá que definir se realmente vai continuar atuando pelo auxílio, buscando seu Desenvolvimento através dela, ou vai buscar novas oportunidades em uma área que realmente goste. Se optar por ficar, será dependente dela por algum tempo, faculdade em segundo plano.
O aluno tem como prioridade o Desenvolvimento. Participa de muitos cursos e palestras, worshops, cursos de idiomas, de softwares avançados e até já pensa na Pós-graduação. Está em busca de agregar conteúdo ao seu portfólio. Porém, pode vir a se decepcionar nas entrevistas dos processos seletivos devido sua falta de Experiência Profissional. Não é tão constante como a dos Perfis 2 e 3, porém, maior do que o Perfil 1. Pouco tempo de trabalho, períodos curtos em muitas empresas, períodos longos fora do mercado de trabalho, aquilo que vai se tornando decisivo na hora de alguns processos seletivos. Seu tempo de descanso se torna um pouco maior, mas utiliza-o bastante para buscar aperfeiçoamento, mais do que a socialização. Em sala de aula não é um aluno nota 10, mas também não é mediano.
Resultado:
Mantendo esse perfil até o final do curso, terá que buscar muitos processos seletivos, e convencer os recrutadores que sua pouca experiência é suficiente para entrar na empresa. Poderá utilizar seus certificados de desenvolvimento como uma maneira de equilibrar esse requisito.
Analisando esses diferentes perfis, não existe um caminho “errado” a ser tomado exatamente. Depende muito de onde se quer chegar. Mas, levando pelo contexto de empregabilidade no mercado de trabalho pós-formação, o que pode ser feito é se tornar consciente da importância da priorização dos caminhos que levam a Experiência Profissional no período acadêmico, porque vão refletir diretamente nos resultados futuros de aceitação nos processos seletivos. Isso pode exigir esforço, por não ser confortável, por estar longe da zona de conforto, mas estará indo de encontro à uma vaga de emprego. É necessário foco, mas também o equilíbrio com os outros caminhos para não ser surpreendido em uma entrevista. Só mais uma coisa muito relevante, tudo isso só fará sentido se estiver de acordo com o propósito de vida, porque isso será o combustível para chegar até lá.
Não há perfil que não possa ser desenvolvido para alcançar um objetivo.
Para quem não definiu um objetivo pós-formação, e apresenta alguma semelhança com um desses perfis citados (que são totalmente teóricos), o primeiro passo é definir onde vai querer estar depois do período de faculdade: Empregado CLT/Freelancer, Pesquisador/Professor ou Empresário/Empreendedor? Essa é a pergunta chave para encontrar o caminho que tem que ser priorizado para alcançar os resultados. Para alguns, não será fácil encontrar respostas rapidamente. Mas, partindo desse ponto, é possível estabelecer quais serão as prioridades na faculdade para atingir o objetivo.
Então, recém-formado, me vi despreparado para ingressar em uma empresa. Fui responsável pelas consequências do caminho que escolhi. Logo, tive que aceitar a oferta de trabalho no shopping. E esse período foi muito importante, porque comecei a correr atrás do que deveria ser feito, mudei a minha percepção sobre atendimento ao cliente, sobre processos operacionais, cumprimento de metas. Hoje sou grato por aquela oportunidade. Consegui o meu lugar em uma grande empresa. E vi que levei um tempo maior para refletir sobre a importância disso em comparação com meus colegas de formação que já estão há mais tempo estabilizados em seus empregos.
Assim, espero oferecer um material de reflexão para os jovens e adultos que ainda estão buscando os seus caminhos dentro da faculdade, em busca uma futura vaga no mercado de trabalho. Aquilo que não será ensinado na sala de aula enquanto estiver por lá.
Gestão de negócio na Santuar Group
5 aTexto sensacional, parabéns pelo trabalho Rodrigo... Isso é de grande ajuda para os jovens que estão prestes a se formar e para aqueles que estão recém formados, e claro para quem está no mercado e ainda não definiu seu papel onde quer chegar.