COMO ATRAIR A ATENÇÃO DO MERCADO
Colegas que trabalham juntos, mas fisicamente separados. Empresas com menos níveis hierárquicos e mais responsabilidades compartilhadas. Robôs substituindo a mão de obra humana. Parece futurístico, mas boa parte dos profissionais já convive com esse panorama.
Diante dessas transformações, as companhias precisam de gente que tenha um leque de competências que as ajudem a enfrentar as constantes reviravoltas, cuja única certeza para o futuro consiste no excesso de incertezas.
Em uma recente pesquisa, mais da metade das organizações não possui internamente essas aptidões. A maior carência encontra-se nas habilidades comportamentais, com quase 60% dos entrevistados reconhecendo um gap de soft skills em suas empresas – 8 pontos percentuais acima daqueles que reclamam da falta de hard skills. Em outro relatório, as destrezas pessoais ocupam sempre as 20 posições mais altas no ranking das habilidades queridinhas do mercado.
Assim, quem tiver essas capacidades tendem a se destacar e atrair a atenção – seja de headhunters e recrutadores preparados para oferecer uma vaga, seja de investidores dispostos a aplicar o dinheiro em bons negócios. Mas, afinal, o que tem nessa caixa de ferramentas que diferencia um profissional de outro no mundo moderno?
A seguir, conheça as cinco competências mais importantes e aprenda a desenvolve-las.
1. COMUNICAÇÃO
Dos 30 milhões de vagas analisadas, a comunicação (falada e escrita) ocupa o primeiro lugar entre as mais requeridas e é a única prioritária nos 24 setores pesquisados.
A justificativa está no nosso jeito de trabalhar. Hoje, 70% dos profissionais precisam interagir com dez colegas ou mais todos os dias para exercer as suas atividades. A forma como o indivíduo se comunica influencia na qualidade da tarefa.
Até aí, nenhuma surpresa. A novidade está na destreza de administrar volumes monstruosos de dados, consolidar as informações e transmitir bem a mensagem a ouvintes diversos. É a tal “fala assertiva”, feita de forma objetiva e, principalmente, sem erros de grafia, gramática ou pronúncia. Entra aí também a “escuta ativa”. Deve-se ter a capacidade de ouvir as pessoas genuinamente e conseguir identificara melhor forma de abordá-las.
A fala se tornará ainda mais relevante quando grande parte da comunicação for feita por chatbots (sistemas baseados em inteligência artificial que escrevem e gerenciam a troca de mensagens entre empresas e clientes).
Para obter uma comunicação eficiente, a recomendação é desde o básico curso de oratória e escrita até storytelling, técnica para apresentar qualquer tipo de conteúdo como se fosse uma narrativa, contando a história de maneira instigante.
2. RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
Se antes cabia apenas aos cargos de alta gestão solucionar questões, hoje com equipes enxutas, eliminação de níveis hierárquicos e agilidades dos negócios, profissionais de todos os graus e carreiras se veem resolvendo algum pepino.
Não dá mais para esperar a aprovação de várias pessoas para tomar uma decisão e solucionar algo. Para isso, o primeiro passo consiste em mudar a maneira como encaram as dificuldades. Passe a vê-las não como algo negativo, mas como oportunidades de aprendizado.
É importante ter capacidade analítica, disciplina para seguir os processos de resolução e resiliência para aceitar as pedras que surgirão pelo caminho. Crie mecanismos e indicadores para acompanhar as ações e saber se o resultado está sendo o esperado.
A metodologia PDCA (sigla das palavras em inglês plan, do, check, action) pode te ajudar. O processo começa no planejamento (plan), nessa etapa, identifique a dificuldade, estabeleça os alvos e um plano de ação. Depois coloque a mão na massa (do) e execute o plano. Aí vem a fase da checagem (check), quando é verificado se tudo está correndo conforme o planejado. Por fim, deve-se agir (action) para ajustar possíveis falhas e alcançar o objetivo final.
Tão importante quanto seguir a metodologia é observar o todo a sua volta. Devemos ter pleno conhecimento da situação; saber como uma operação funciona e o que é crítico para o negócio, indo na essência do trabalho e das atividades. Uma maneira de conseguir isso é se aproximar de colegas de outras áreas, pedindo e oferecendo ajuda. Assim, você estará sempre por dentro da realidade de diferentes setores e conseguirá compreender melhor as demandas da companhia, auxiliando na solução de problemas.
3. ATENÇÃO AOS DETALHES
Hoje vivemos a era da distração, não da atenção. O olhar detalhista tornou-se algo raro. Nesse cenário, quem tem capacidade de olhar tudo na minúcia ganha valor. A visão detalhista auxilia na capacidade de argumentação e na descoberta de soluções.
Uma pessoa que detecta um detalhe na operação e percebe ali uma oportunidade de melhoria e inovação consegue ajudar a empresa a economizar uma boa grana. Mais do que notar sutilezas, quem é bom nessa habilidade consegue diferenciar detalhes importantes dos inúteis.
O problema dos executivos de hoje, não é o excesso de atividades, mas a dificuldade de praticar o zoom in e o zoom out – ou seja, de ajustar a lente com mais precisão. A visão (macro ou micro) dos profissionais pode facilitar ou prejudicar a tomada de decisões estratégicas, especialmente durante as crises. Para isso, no entanto, exige muito treino, você precisa de flexibilidade para olhar rapidamente para dentro e para fora.
Para se habituar ao que vale ou não a observação, aconselhamos a analisar como as entregas são feitas: de que maneira o profissional trabalhou? Como as etapas foram conduzidas? Qual o diferencial desse projeto em relação aos outros?
Antes de iniciar qualquer plano, identifique o propósito que há por trás dele e como os detalhes farão diferença no resultado final. Anotar os pontos mais importantes e checá-los ao final do processo é outra dica.
80% dos funcionários – São despreparados para exercer suas funções.
Empresas perdem 14 mil dólares por funcionários com GAP em suas competências.
4. PENSAMENTO DIGITAL
Empresas de todos os portes e setores têm buscado no mercado um profissional difícil de se encontrar – o tal “talento digital”.
Em uma recente pesquisa, uma multinacional francesa de consultoria, tecnologia e terceirização de mão de obra, aponta que para mais da metade das companhias, o gap do talento digital aumentou nos últimos anos, sendo os bancos (62%) e as indústrias de bens de consumo e varejo (60% cada uma) os mais afetados por essa lacuna.
As consequências dessa carência atingem tanto as organizações, que temem perder competividade, quanto os profissionais, que ficam ansiosos para possuir habilidades digitais. Para forma esse perfil são necessárias paixão pelo aprendizado, mentalidade empreendedora e capacidade de interpretar grande fluxo de dados. O trabalhador deve usar a tecnologia a seu favor, preservando as interações humanas nas quais ela é indispensável.
A colaboração se mostra outro ponto-chave para o talento digital. Não basta apenas fazer as suas tarefas individuais, mas contribuir com as pessoas e identificar como outros profissionais podem ajudá-lo a melhorar seu desempenho, assim como saber onde encontrar as informações e como a tecnologia pode auxiliar no trabalho.
Esse desafio também é responsabilidade das empresas. As companhias precisam estabelecer métodos de serviços que explorem a cooperação entre os funcionários.
5. PODER DA ADAPTAÇÃO
No mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo em que vivemos, as transformações velozes fazem parte da rotina. Por isso, conseguir se adaptar a novos cenários se torna A Habilidade dentre a habilidades.
A adaptabilidade se mostra essencial para trabalhar bem no presente e para pensar no futuro. Esse poder é fundamental para construir uma carreira de êxito em qualquer cenário.
É muito difícil alguém que se forma hoje imaginar que daqui a 20 anos estará se dedicando á mesma coisa. Talvez, lá na frente, a profissão nem exista mais. Ter essa flexibilidade pode ser difícil, afinal, todos nós de alguma maneira, resistimos inicialmente as mudanças. Trata-se de um ciclo natural, do qual a surpresa, o medo e a negação fazem parte. A questão é acelerar esse período para se adaptar o mais rápido possível.
O principal ponto é entender que a transformação é inevitável para, assim, poder acompanha-la. A recomendação é buscar desde um coaching até uma terapia, para aumentar a paciência e a resiliência. Também é interessante estudar as tendências – quem olha adiante consegue se antecipar às novidades e se preparar para o que está por vir.
Fonte: Você S/A - Chame a atenção do mercado - Agosto/2018