Como a busca pela alta performance tem levado colaboradores a exaustão e ao uso das “smart drugs”
A atual cultura organizacional enfatiza a alta performance, que se caracteriza pelo desempenho excepcional e consistente em relação a metas, objetivos ou padrões estabelecidos. Em termos práticos, significa superar expectativas, maximizar habilidades e manter um nível elevado de produtividade e eficiência ao longo do tempo. No entanto, esse conceito tem tomado rumos drásticos na rotina dos brasileiros, especialmente no que se refere à saúde física e mental.
A alta performance realmente influencia nossas decisões e escolhas, tendo em vista que a alta produtividade pode levar a uma boa remuneração, reconhecimento da gestão e ganhos financeiros. O problema é que esse tipo de pensamento leva o colaborador a colocar o trabalho como a esfera mais importante de sua vida, sem respeitar seus limites profissionais e pessoais, o que pode levar à exaustão.
Dados do The State of Workplace Burnout 2023 revelam que, em 2022, 38,1% dos sintomas do esgotamento profissional foram exaustão e redução de eficácia, apresentando um aumento comparado a anos anteriores. Além disso, os públicos mais afetados são mulheres (38%), pessoas de 18 a 24 anos (47%) e cargos iniciantes (45%), com um aumento nos cargos de gestão e liderança (37%). A pesquisa também aponta que os colaboradores se sentem menos apoiados pelas empresas.
A saúde mental do indivíduo pode ser afetada quando ele precisa sempre apresentar alta performance no ambiente de trabalho e acadêmico. O impacto para a saúde mental é altíssimo. Imagina uma máquina que consegue manter uma eficiência de 100% do tempo, entregando resultados e mesmo assim precisa parar para fazer uma manutenção. Nosso corpo também é assim. Se é preciso sempre entregar com perfeição, sem pausa para descanso, espaço para erro ou inovação, o indivíduo simplesmente entra em colapso.
A alta performance insustentável está relacionada também às culturas que influenciam a competição desenfreada e às eternas insatisfações coletivas e individuais.
Como identificar os sinais de alerta da alta performance?
Profissionais com cargas de trabalho exuberantes começam a apresentar sintomas como cansaço persistente, baixa produtividade, dificuldade de concentração no trabalho, lapsos de memória, irritabilidade, ansiedade, alterações no humor, dores físicas e sentimentos de solidão.
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Diante da cultura de entregas constantes e de resultados com pressões internas e externas, será que existe uma forma saudável de lidar com essas pressões? Sim, quando o funcionário é cobrado de forma respeitosa pela gestão corporativa e recebe todo o aparato de recursos, ele consegue entregar e ainda superar seus resultados. Porém, quando a gestão cobra com tons de agressividade, falta de limites, trazendo constrangimentos e humilhações públicas, ele pode gerar danos a esse colaborador.
O uso das smarts drugs para potencializar a produtividade
A busca excessiva pela alta performance tem levado indivíduos a recorrerem às smart drugs, as chamadas drogas que, em tese, deixam a pessoa mais focada e produtiva. É perigoso o uso dessa alternativa sem prescrição médica, pois o consumo a longo prazo pode gerar diversos impactos, incluindo dependência, tolerância, danos cerebrais e efeitos adversos à saúde mental, além de insônia crônica e distúrbios do humor.
Embora muitos argumentem que essas drogas proporcionam benefícios como concentração, elas só são recomendadas para indivíduos com transtornos específicos, como TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade), bipolaridade, epilepsia e narcolepsia (um distúrbio crônico do sono). O conceito para o uso das smart drugs é completamente alterado quando seu uso é indicado para potencializar a inteligência, não há remédios que ofereçam inteligência, produtividade ou algo do tipo. Todo remédio busca tratar algo e é indicado para uma finalidade médica. Quem faz uso de substâncias do tipo em busca de maior rendimento pode estar colocando a própria saúde e vida em risco, caminhando em direção a um colapso que virá em algum momento, causando danos permanentes.
Sócia Inkora | Psicóloga Clínica | Assessment de Lideranças
9 mExcelente texto, Mariana Holanda! Essa situação vira uma bola de neve na vida dos executivos, que passam grandes desafios para se reestabelecerem física e emocionalmente depois do abuso destas substâncias. Super tema para ser discutido!
Médica do Trabalho / Conselheira Consultiva Certificada / Palestrante /Escritora / Consultora
9 mO dopping corporativo já é pauta da psiquiatria ocupacional. Tema necessário e urgente.
Psicóloga| Saúde Mental & Bem-estar|Analista de QVT/ HR Business Partner - Supermercado Nordestão
9 mTema super relevante, obrigada por compartilhar conosco tão sabiamente👏👏👏