Como começar a trabalhar com inovação? #1 - Perfil profissional e primeiros passos
Como colocar o pé na porta e entrar no universo da inovação? Essa é uma pergunta que eu recebi com bastante frequência durante o ano de 2020 e, por diversas vezes, me deparei refletindo sobre esse tema. Será que existe uma receita de bolo? Ou pelo menos um passo a passo para seguir? Quem sabe, algo mais abrangente, como caminhos possíveis para iniciar nessa jornada?
Algumas pessoas estão vendo uma excelente oportunidade de migrar para a área de inovação com as mudanças trazidas pelo covid-19, para outras, a iniciativa dessa oportunidade parte da própria empresa. A verdade é: ainda não existe uma graduação em inovação no Brasil e já virou um jargão popular que se a sua empresa não inovar, ela irá morrer. Então, independente da sua situação, por onde começar?
UM BREVE RESUMO DA MINHA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL (E COMO EU CHEGUEI ONDE EU ESTOU)
Existem aquelas pessoas que sabem o que querem ser desde criança, crescem, entram na faculdade, fazem estágio, ficam ali naquela mesma empresa por uns bons anos e desenvolvem uma carreira considerada “perfeita”.
Eu nunca fui essa pessoa. Para começar, eu nem consegui responder à pergunta “o que você quer ser quando crescer?” quando ainda era criança. Lembro que fiz uma lista frente e verso no antigo “papel almaço” e simplesmente não consegui achar uma profissão que me agradasse. Só fui decidir o curso que iria prestar vestibular durante o terceiro ano do ensino médio.
Por não ter um planejamento definido no início da minha vida profissional, eu acabei trabalhando em inúmeros lugares e áreas e, como consequência, tive inúmeras experiências diferentes ao longo da minha carreira.
Hoje, toda essa minha trajetória se conecta de alguma forma e ter adquirido conhecimento de diversos setores me propiciou uma visão bastante completa sobre a cadeia de inovação.
Olhando para trás e observando as experiências que eu tive, bem como de outros profissionais em posições semelhantes, percebo que a maioria da trajetória é bem parecida com a minha: nada linear. Entretanto, há alguns pontos em comum que foram chave para obter sucesso nessa carreira “fora da caixa”.
Portanto, se você tem interesse em trabalhar com inovação, deixo aqui algumas dicas do que aprendi no caminho:
3 PRINCIPAIS PONTOS A CONSIDERAR SE VOCÊ VAI COMEÇAR A TRABALHAR COM INOVAÇÃO
1- VOCÊ PRECISA ENTENDER SE VOCÊ TEM PERFIL
Existem duas características bastante fortes no perfil de uma pessoa que trabalha com inovação: ter perfil empreendedor e ser um profissional T-shaped.
Ter perfil empreendedor significa que você precisa ter um perfil híbrido entre ser um inconformado e querer mudar o jeito de fazer as coisas (e isso envolve grandes doses de resiliência e inteligência emocional) e também estar disposto a receber orientação e estar de baixo de uma hierarquia.
Caso você queira saber mais, eu escrevi sobre esse tipo de perfil no meu artigo o cachorro, o lobo e o gato.
Já, ser um profissional T-shaped significa que você é um profissional que tem um perfil híbrido entre o generalista e o especialista.
O perfil generalista é visto de forma horizontal e nele estão as habilidades de compreender várias disciplinas, ou seja, entender de diversas áreas do conhecimento.
Já o perfil de especialista é visto de forma vertical e se refere aos conhecimentos sólidos em uma área específica. No caso do profissional de inovação, esse eixo é formado por dois pilares principais: gestão de projetos e inovação.
Esses dois perfis sobrepostos formam graficamente a letra “T”.
Tradicionalmente, dizia-se que a carreira em grandes empresas se dava em Y. Em um determinado ponto ela se bifurcava, em um lado ficavam os especialistas e no outro os generalistas. Portanto, ter um perfil T, em muitos casos, ainda é uma quebra de paradigmas.
Entretanto, ter um perfil híbrido tanto com relação as habilidades comportamentais, as chamadas soft skills, ou seja, ter um perfil intraempreendedor, como com relação ao conhecimento técnico, as chamadas hard skills, em outras palavras, ser um profissional T-shaped é essencial para se tornar um profissional de inovação bem sucedido.
2- PARA TRABALHAR COM INOVAÇÃO VOCÊ PRECISA MOSTRAR RESULTADO (E RÁPIDO!)
Algumas pessoas ainda consideram que inovação ainda é muito “abraçar a árvore”. Muito oba-oba para pouco resultado. Existem empresas em que em dois anos o time de inovação não mostrou resultado e foram todos demitidos.
Será que é porque inovação é algo meio místico e você tem que ter um terceiro olho ou algo assim? Bem, er… Certamente não!
O que eu observo é que tem muitas pessoas trabalhando com inovação sem ter métodos, ferramentas, metas e indicadores adequados.
Processos de inovação podem e devem ser tão bem estruturados quanto os padrões de qualidade da engenharia.
Atualmente existem inúmeros métodos e ferramentas para priorizar projetos, avaliar riscos, desenvolver testes pilotos e obter resultados em um curto prazo.
Uma empresa provavelmente não vai criar um negócio totalmente novo em 6 meses, mas é perfeitamente possível neste período obter resultados como aumento da produtividade, redução de custos e demonstrar que a inovação pode sim ter um impacto extremamente relevante dentro da organização.
3- VOCÊ PRECISA TER UMA ESTRATÉGIA DEFINIDA COM METAS E INDICADORES
Sabe aquele jargão “se você não sabe onde ir, qualquer caminho serve”? Pois bem, isso não vale aqui. Você corre um risco muito grande de decepcionar as expectativas dos demais envolvidos neste processo e, também, a sua própria expectativa.
Você precisa definir uma estratégia de inovação com a alta gestão do ambiente em que você se encontra, seja da sua empresa, instituição ou universidade, e que deve estar alinhada com o planejamento estratégico do negócio.
Definir uma estratégia envolve principalmente definir quais oportunidades serão trabalhadas, quais as metas e os indicadores dos projetos e quais processos podem e devem ser diferentes para garantir a chamada mínima burocracia viável.
Se você estiver em uma grande empresa, por exemplo, amarrar bem as iniciativas com as chamadas áreas de apoio como compras, jurídico, rh, financeiro e TI, é extremamente importante para que você não esteja patinando e no mesmo lugar daqui a 1 ano.
A Claudia que trabalha comigo trabalhou em uma grande empresa e teve oportunidade de trabalhar em um projeto de automação de um sistema. Ela conta no artigo “O Papel das Áreas de Apoio no Suporte ao Processo de Inovação Aberta” diversas situações que ela viveu e enfrentou que impactaram no andamento do projeto.
Portanto, para trabalhar com inovação é importante ter uma estratégia definida e isso significa ter expectativas setadas, bem como ter todas as partes importantes envolvidas desde o começo, potencializando ao máximo a probabilidade de sucesso do seu trabalho.
Espero que as minhas experiências possam te ajudar de alguma forma e que você tenha sucesso na sua carreira profissional!
Um abraço, Ana Letícia Rico. Head de Inovação na Innoscience.
Esse artigo foi publicado originalmente no blog da Innoscience. Leia mais artigos como esse lá!
Community Manager | Comunidades | Ecossistema de Inovação | Gestão de Voluntários | Facilitação de Eventos | Produção de Eventos Online | Startups
3 aMuito legal o texto Le! Espero que você siga compartilhando por aqui!
Aircraft Maintenance Technician
3 aParabéns pelo artigo Ana Leticia Rico ! Concordo em número, gênero e grau! Para mim, tem sido uma longa jornada desde o momento que descobri o mundo da inovação, passando pelos trabalhos como voluntariado que participei e o envolvimento com o ecossistema local, até conseguir "colocar o pé na porta do universo da inovação". Me identifico muito com a sua história e me imspiro muito em você, Lê!
Consultor de inovação | Facilitador de workshops e hackathons | Cultura de inovação | Inovação Aberta | Design Thinking | Startups |
3 aQue bacana!! A minha história é muito parecida com a sua Ana Leticia Rico, cresci na dúvida do que fazer e fui experimentando várias áreas até encontrar a inovação. Muito bom artigo, compartilhado!
Gerente @ Weme | Mestre @ USP | Especialista em Inovação, tecnologia e startups
3 aLegal, Ana! Particularmente, gostei da reflexão sobre o perfil híbrido entre empreendedor, especialista e generalista. Isso me fez pensar sobre importância da vivência tbm híbrida entre experiência profissional prática e acadêmica/estudos, ambas importantes nessa formação e que principalmente essa última, da academia, fica, por vezes, sem prioridade. Abs!
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3 aParabéns Ana Leticia Rico por compartilhar este conteúdo conosco. Excelente !!!