AMPLIE SEUS RESULTADOS, COMUNICANDO-SE COM EMPATIA
Tenho estudado muito sobre o nosso processo de comunicação, principalmente agora nesse momento de crise. A velocidade com que as mudanças estão acontecendo é muito grande e a todo momento queremos voltar para a nossa zona de conforto, só que não dá mais e as vezes reagimos a isso com agressividade como uma forma de autoproteção.
“No cerne de toda a raiva há uma necessidade que não está sendo satisfeita.”
Marshall B. Rosenberg
Felizmente, diferente dos animais, nós seres humanos temos o poder de alterar nossa natureza primitiva/ violenta (instinto de luta ou fuga), através da expansão da nossa consciência a fim de determinarmos a forma como queremos agir e reagir no mundo.
Me deparei com a abordagem CNV: Comunicação não violenta e é sobre isso que quero falar nesse artigo, pois quando entendemos porque agimos como agimos, podemos escolher mudar de postura ou não!
A abordagem da CNV sugere uma forma consciente de se comunicar, onde nos conectamos com os nossos sentimentos intenções e necessidades (atendidas ou não), procurando também compreender no outro o real sentido das palavras por trás delas.
“É fácil trocar palavras, difícil é interpretar os silêncios.”
Fernando Pessoa
Na prática, a CNV tem como objetivo nos tornar mais conscientes, menos julgadores e gerar conexões mais profundas entre as pessoas, tendo como consequência relacionamentos mais autênticos e desarmados além uma comunicação clara e fluída.
É um método simples, mas não simplista para expandirmos a consciência de como o outro nos afeta. E claro, como toda mudança de comportamento exige esforço e dedicação para colocarmos em prática!
Trarei aqui alguns conceitos, porém se você quer se aprofundar recomendo a leitura do livro Comunicação Não Violenta de Marshall B. Rosenberg.
Como profissional da área de desenvolvimento de pessoas utilizo as técnicas de coaching para estimular os meus clientes a terem uma escuta mais ativa, a buscarem a assertividade, através da identificação de possíveis gatilhos que geram conflito na comunicação, compreensão da necessidade do outro, adotando uma postura empatia onde ela também possa se demonstrar vulnerável e ser autêntica.
A maioria dos meus clientes são gestores que trazem a necessidade de motivar/ engajar a equipe para entregar melhores resultados, ponto!
Alguns conseguem perceber que para isso, devem estabelecer uma relação mais próxima com suas equipes, para gerar um ambiente de segurança e confiança, onde todos se sintam acolhidos e apoiados para que desempenhem seu melhor individualmente e em grupo.
Mas na maioria das vezes essas necessidades trazidas por eles no processo de coaching, são colocadas a eles por outras pessoas, porque eles mesmos nem sempre tem consciência do impacto de suas ações e palavras no outro e o quanto isso afeta as relações e por consequência a performance.
As nossas atitudes são orientadas por nossas crenças e pela cultura em que estamos inseridos. Nas corporações isso não é diferente. Por exemplo, se no papel uma empresa deseja ser inovadora, mas na prática os gestores são os primeiros a apontar os erros e fracassos da equipe, dificilmente as pessoas serão 100% autênticas, com medo de serem julgadas e mal avaliadas.
Por isso, termos consciência do porquê agimos como agimos e que resultados esperamos obter com isso, é essencial para mudar!
Como a CNV pode nos ajudar a lidar com esses conflitos?
Através desse método é possível ampliar a capacidade de avaliar a situação da pessoa pela qual nos sentimos agredidos, analisar seus sentimentos e necessidades (não atendidas) por trás de seu comportamento reativo.
Compreender qual a boa intenção por trás de um comportamento reativo pode ser libertador e quando o agressor se sente acolhido e compreendido, o processo muda de polaridade.
“Quando nos concentramos em esclarecer o que está sendo observado, sentido e necessário, ao invés de diagnosticar e julgar, descobrimos a profundidade de nossa própria compaixão. ”
Marshall Rosenberg
Este método já foi utilizada em situações de extremo conflito e agressividade, em guerras, disputas de território, discussões políticas e religiosas, com um alto grau de efetividade. Claro que para isso é necessário que os evolvidos estejam dispostos e abertos ao diálogo.
A dinâmica da CNV vai desconstruindo o discurso agressivo, onde as pessoas atuam baseadas em “estratégias” para querer convencer e vencer. O intuito é de trazer o diálogo das estratégias, para as necessidades, comuns a todos nós. Quando entendemos o que falta ao outro, e a nós, podemos chegar a um denominador comum, que resolva o conflito numa dinâmica ganha-ganha.
Em seu livro Marshall Rosenberg traz 4 passos para aprimorar a qualidade de nossas ações e proporcionar relações mais eficazes e empáticas. São elas:
1.Observação: Observar sem julgar
Observar é olhar para a situação de uma forma neutra, com atenção, interesse, sem fazer julgamentos, guardando sua opinião para si ou para expressá-la de modo específico no momento e contexto apropriados. Primeiramente, observamos e analisamos o que realmente podemos extrair de interessante e enriquecedor de determinado contexto.
2. Sentimentos: Identificar sentimentos
Não é tarefa fácil desenvolver um vocabulário de sentimentos para nos expressar de forma clara e específica quanto às emoções sentidas em determinadas conversas. As nossas crenças podem provocar alguns bloqueios que resultam na ocultação de diversos sentimentos. Identificar e dar nomes às nossas emoções e às emoções do outro é fundamental para saber como lidar com eles.
3. Necessidades: Reconhecer e assumir os sentimentos
É saber reconhecer a necessidade que cada pessoa tem e que está escondida atrás de cada sentimento, de cada fala, de cada atitude tomada, para construir uma comunicação mais equilibrada e empática. Assim, quando as necessidades são identificadas, e cada pessoa se responsabiliza pelos seus sentimentos, consegue estabelecer uma conexão com si próprio e com os outros, conscientizando-se de que as atitudes e falas das pessoas podem estimular nossos sentimentos, mas não ser a causa deles. Somos nós que escolhemos a maneira como queremos receber o que as outras pessoas estão fazendo e falando sobre nós.
4. Pedido:
Quando conseguimos expressar aquilo que observamos, sentimos e necessitamos, fazemos então um pedido de forma clara e objetiva com o desejo de satisfazer nossas necessidades. É preciso pedir de forma genuína e demonstrando empatia, caso o pedido não consiga ser atendido. Isso faz com que o pedido não seja visto como uma exigência. Um pedido sem a necessidade expressa e sem o sentimento envolvido é visto pelo outro como uma exigência, punição e culpa, no caso de não serem realizados.
Só vejo benefícios no uso desse método, tanto em momentos de crise, quanto no nosso dia a dia:
- Conexões e relacionamentos mais profundos e autênticos;
- Sensação de estar num ambiente seguro e confiável;
- Aumento do grau de tolerância à diversidade e diminuição do julgamento e compreensão de que o conflito é saudável e construtivo;
- Resolução de conflitos e diferenças com empatia, compaixão, colaboração, cooperação e suporte;
- Empoderamento das pessoas que tragam ideias, sejam mais autênticas e se sintam confortáveis para demonstrar suas vulnerabilidades.
Olhando para o mundo corporativo, podemos dizer que equipes bem relacionadas são mais engajadas e geram melhores resultados individuais e coletivos. O que ao meu ver é o sonho de todo gestor!
Mas esse é um método para ser usado na vida, independente do seu papel dentro de uma organização.
No vídeo abaixo a Carolina Nalon, traz um exemplo simples de como agir com empatia na prática. Como entender a necessidade outro, dando espaço para ele se comunicar e agindo com compaixão, sem julgamento diante do que ele está trazendo pode ser transformador e consequentemente os ampliar os resultados.
Para finalizar, também vale ressaltar a importância do autoconhecimento para que você compreenda suas necessidades, seus sentimentos e possa assim, de forma consciente escolher como irá se comunicar, agir e reagir diante do outro!
Helen Santos
Psicóloga e Coach com mais de 15 anos de vivência no desenvolvimento de líderes e equipes dentro de grandes organizações
Psicanalista e Mentora de Clínicas de Saúde Estética
4 aAmo esse tema! Me ajuda muito a me conhecer e ter sucesso na minha comunicação. Parabéns pelo artigo, ficou ótimo!
Assistente Social
4 aParabéns pelo artigo! Para mim nesse momento é de grande valia, e pode agregar muito nos relacionamentos tanto profissionais, como pessoais.
Gestão de P&D | Pesquisa e Desenvolvimento | Lei do Bem
4 aPode parecer estranho, mas percebo mais empatia nas relações sociais, do que nas profissionais diretas. E me pergunto: será que a pessoa teria o poder de ligar/desligar sua chave da empatia ou será que ela só não sabe se comunicar efetivamente com públicos diferente? Seu artigo foi bastante esclarecedor! Obrigada!