Como falar sobre luto e morte com crianças?

Como falar sobre luto e morte com crianças?

Uma morte inesperada, o falecimento de alguém querido ou mesmo o simples fato de levar ou não a criança ao velório. Esperamos que isto nunca aconteça conosco ou com alguém próximo, então nem sempre estamos preparados para a reação mais adequada. As crianças mais jovens acabam sendo também alvo de preocupação dos pais e familiares: como contar, como explicar? Afinal, existe uma maneira menos traumática para fazê-lo?

 A morte é um assunto delicado e não existe uma idade certa para falar sobre o assunto, então o mais comum é explicar quando acontecer ou quando a criança se mostrar curiosa em relação ao assunto, escolhendo bem as palavras que são usadas. Neste momento, não se desespere: muito da reação da criança virá da forma com que é falado a ela. A partir dos 5 anos começa o entendimento sobre a vida, porém é muito comum que personifiquem a morte, como sendo algo que se possa escapar. O ideal é mostrar ao pequeno como sendo parte do ciclo da vida e que não é possível “voltar”.

 Contudo, não conte estórias, mesmo com a boa intenção de amenizar o sofrimento. Dizer que “está viajando”, “virou uma estrelinha” ou “dormiu pra sempre” pode confundir a criança, pois antes dos 10 anos elas não costumam entender conceitos abstratos e subjetivos, e podem acreditar que o que é dito aconteceu literalmente. Mentir ou omitir será a pior maneira de fazê-la enfrentar a situação.

 A questão de levar ou não a criança ao velório deve ser vista individualmente em cada caso. Primeiro de tudo, a criança deve expressar seu desejo de ir ou não ao velório e ser bem informada sobre todo o procedimento, com muita calma e sensibilidade, e preparada para o ritual da despedida.

 

Existem livros e filmes que auxiliam no entendimento e podem ser usados como um suporte no momento da conversa. Os livros “Menina Nina” (Ziraldo) e “Começo, Meio e Fim” (Frei Beto) são alguns dentre os inúmeros exemplos. Além disto, quando o sofrimento é muito grande, é importante contar com o apoio da escola e mesmo de um psicólogo.

 Não há nada de errado em mostrar que os adultos também sofrem pela perda, ficam tristes e sentem saudade. A morte é uma certeza no ciclo da vida, é impossível não se confrontar com uma situação desta ao longo da vida. A criança não ficará traumatizada se tudo for explicado de maneira adequado para a sua idade, com as palavras adequadas e ações assertivas. É muito importante que ela tenha todo o apoio, que saiba que as lembranças da pessoa querida permanecerão e, com o tempo, o luto saudável acaba acontecendo. 

 

Rafaela Weber Cecconello

Psicóloga - CRP 06/130214 (São Paulo/SP)

(11) 95335 4088

rafaela.cecconello@gmail.com

www.rafaelacecconello.com.br

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