Como fomentar inovação em empresas tradicionais
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Como fomentar inovação em empresas tradicionais

A principal característica de uma empresa tradicional é a forma como lida com mudanças. Em geral, sua adaptação a novas tendências é feita de forma mais lenta e gradual que a média. Isto não é bom nem ruim, é apenas uma característica. Empresas que correm atrás de todas as tendências que veem não são necessariamente mais inovadoras, podem estar apenas seguindo a moda do momento.

Em empresas mais tradicionais, o desafio é desenvolver inovação sem gerar conflito com a cultura da empresa. Neste artigo estamos focando em empresas que são tradicionais por escolha, e têm isso em seu próprio DNA. Empresas familiares, por exemplo, ou que atuam em negócios mais estáveis ou com mercados mais conservadores. Nada disso é necessariamente um impedimento à inovação.

Diferente são os casos de empresas estagnadas ou com uma atitude complacente frente às mudanças. Estas não são tradicionais, mas sim negócios que correm sério risco de acabar ou se tornar irrelevantes. Sua resistência à inovação não se deve a um perfil cultural, mas à falta de planejamento e estratégia.

Para os negócios tradicionais, há caminhos seguros para a adoção de inovações. Abaixo seguem três deles:

Criar uma área de inovação independente

Um primeiro caminho é separar a equipe de inovação do dia a dia do negócio, como uma espécie de escritório de projetos. Na equipe se cria uma cultura e processos de maior risco, sem contaminar nem ser contaminado pelo restante da organização.

Neste caso todo contato entre a equipe de inovação e o restante da equipe pode ser feito por uma espécie de product owner ou customer success. Assim como o product owner é responsável no Scrum por entender a necessidade do cliente e validar com ele as soluções encontradas pelo squad, aqui este innovation customer success vai captar as necessidades da empresa e validar as soluções encontradas.

O processo de product ownership responde às necessidades da empresa por inovação e compensa a falta de interação direta entre o time de projeto e o de negócio. Ao mesmo tempo, evita os conflitos que podem surgir pelo choque de cultura entre as duas equipes.

Mapeamento de inovações maduras

Um processo válido para uma empresa de perfil mais tradicional é mapear inovações que já estejam validadas pelo mercado. Considerando que, na curva de adoção da inovação de Rogers esta empresa tende a ser uma late majority, mapear e identificar soluções que já tenham sido testadas e validadas pelas early majorities é um caminho seguro.

Um exemplo deste tipo de abordagem é o Quadrante Mágico da Gartner. Para este perfil de empresa as soluções posicionadas no quadrante leader são as mais adequadas, por oferecerem uma execução mais segura que as demais e estarem mais bem posicionadas para o futuro do mercado.

Alinhamento com o planejamento estratégico

Em uma empresa tradicional, a busca por inovações precisa estar profundamente conectada com a visão estratégica do negócio. Isto significa que dentro do Balanced Scorecard ela precisa necessariamente estar abarcada pela Perspectiva de Aprendizado da Organização. Isto assegura que o esforço de inovação será focado naquilo que a empresa pretende alcançar como objetivo estratégico.

Por fim, tudo o que foi dito acima não significa que uma empresa tradicional não possa desenvolver uma inovação mais radical ou estrutural que as empresas mais inovadoras. Significa apenas que a gestão de risco por trás desta inovação será mais criteriosa e conservadora que a de seus pares menos tradicionais. O que talvez possa ser uma vantagem: a cautela e o gradualismo podem criar as bases para uma maior tração de mercado no médio e longo prazo.

Luis Acosta

Engineering Manager | R&D Manager

5 a

Ótimo Paulo. Esse é o caminho. Parabéns pelo artigo!

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