Como foram meus 6 meses de Canadá
Ao contrário do que muitos pensam, a realidade de morar fora de casa e, principalmente fora do país, não é um "mar de rosas", sinto lhes informar. Não é só de passeio que se vive, não é só de comidas gostosas e restaurantes diferentes, festas e compras. Na prática é tudo bem diferente e eu vou te contar como foi a minha experiência.
Quando comentei com algumas amigas que estavam terminando meus 6 meses de intercâmbio e que eu tinha decidido não estender o visto, várias me questionaram - Mas tá tão bom aí, porque tu não quer ficar mais? E realmente, existem muitos momentos bons, lugares novos para conhecer, amizades para fazer e novas experiências para viver, mas o que ninguém sabe, é que a gente passa bastante perrengue morando fora. Óbvio que esse lado a gente não mostra nas redes sociais, apesar de muitas vezes ter contado por lá o que acontecia e rir da própria desgraça.
O que muitas pessoas não sabem, é que sim, eu trabalhei no Canadá, mesmo não conseguindo permissão de trabalho estudando inglês, eu precisava de dinheiro. No início não foi fácil de encontrar, pois eu estudava até a 1h da tarde e levava mais uma hora para chegar em casa, mas depois de um tempo comecei a pegar umas faxinas nas horas vagas e também cuidar de uma menina, afinal, praticamente os únicos trabalhos que não exigiam permissão de trabalho eram cleanner e babysitter. Sei que muitos irão me julgar por ter tomado essa decisão de trabalhar, de certa forma - ilegal - mas eu tinha que me virar de alguma forma.
E o principal motivo de eu sentir falta de casa e da minha profissão foi esse: ter que trabalhar em algo qualquer para poder me manter. Não julgo quem mora fora e trabalha em faxina, em obra, garçom/garçonete ou qualquer outro tipo de serviço, pois se tiver necessidade eu vou trabalhar de novo no que for preciso, mas nesse momento senti muita falta de exercer a minha profissão. Foi aí que começou a pesar a ideia de voltar para o Brasil e poder trabalhar em algo que eu realmente gosto, estudei e me faz feliz. Tive que colocar na balança, sabe?! O que vale mais nesse momento? Trabalhar para juntar uma grana e ficar num lugar que não estava me fazendo psicologicamente bem ou voltar para casa e fazer o que me faz feliz?
Voltar para casa não quer dizer que eu desisti, que foi ruim ou que fui fraca. Sinto que vivi o momento, aprendi muitas coisas novas e entendi que esse ciclo estava chegando ao fim. Quem sabe em algum outro momento eu possa voltar para lá, ou para qualquer outro lugar do mundo, passar mais perrengues, conhecer outras pessoas, outros lugares e aprender mais ainda, sobre cada cantinho e também sobre mim mesma. Como sempre repito, a experiência foi incrível, entre os altos e baixos, tudo é aprendizado e evolução.
E a dica que eu posso dar é: mete a cabeça, aproveita as oportunidades e tudo que a vida te oferece, mas também aprende a entender o teu limite e o fim de cada ciclo, assim como eu aprendi a entender o meu. Curte a vida com todas as forças e não deixa se abalar pelos momentos ruins, afinal, todos vivemos de altos e baixos, mas entende o que te faz bem e te faz sentir vivo.