Como lidar com o medo que está te bloqueando
Alguma vez você já sentiu medo a ponto de parecer que uma bola de ferro está presa aos seus pés te impedindo de avançar? Se a resposta for sim, saiba que você não é a única pessoa a ter passado por isso. É um problema bem humano, inclusive! E ainda que não tenha se sentido como a metáfora sugere, é bem provável que o medo já tenha interferido em alguma das suas decisões, seja em âmbito profissional ou não.
Acontece que essa emoção existe por uma razão, assim como existe a raiva, alegria, tristeza e o amor... Preservação da espécie! Uma vez desencadeadas, essas emoções geram estados fisiológicos que nos tornam mais propensos a tomar determinadas ações. Desvencilhando-se da ideia de que emoções são positivas ou negativas, é possível pensar nelas apenas como neutras e úteis. Assim como um software de computador permite operar determinadas funções em uma máquina, emoções permitem que sejamos mais eficazes contra as adversidades do nosso entorno.
Mas você pode estar pensando a essa altura: “Hora, se o medo me impede de agir da maneira como eu gostaria, de que forma isso pode ser útil?” Bem, se esse estado emocional está sendo gerado, certamente há um significado, uma representação mental que o faça sentir isso, até porque, emoções são geradas involuntariamente e uma vez presente nada as fazem desaparecer de imediato (pelo menos, não intencionalmente). O tema pode parecer complexo à primeira vista, mas existem medidas relativamente simples que podem ajudar a qualquer pessoa com um mínimo de boa vontade e interesse em se autodesenvolver.
Se não pode vencê-lo, una-se a ele!
Aceite que o medo quando gerado é invencível (assim como qualquer outra emoção)! Tentar ignorá-lo é como tentar ignorar a luz do dia... Ela não irá embora só porque você está fingindo que ela não está lá. O que lhe permitirá ter melhor desempenho, é identificar que ele está presente e canalizar suas respostas para um objetivo desejado. Por exemplo, o medo invariavelmente nos deixa sob estado de alerta, mais precavidos diante de ameaças e mais sensíveis ao erro. Se você tem uma apresentação de negócios a ser feita diante de um público exigente, ou se está elaborando um plano de negócios, esses estados fisiológicos podem ser de grande valia para tomar decisões e ações mais ponderadas, permitindo que riscos potenciais sejam geridos com maior destreza.
Decifra-me, ou devoro-te!
Ok! A essa altura já está mais claro que o medo tem sua finalidade e que pode ser útil em certas circunstâncias..., mas e quando não se identifica que ele é o agente bloqueador?
O que quero dizer é que nem todas as pessoas têm o nível de autoconhecimento necessário para distinguir com facilidade as emoções que estão sendo emanadas a cada instante, ficando muitas vezes “reféns” de seus estados emocionais e assumindo ações impensadas com impactos nem sempre desejados. No caso do medo, quando se percebe que ele está lá, normalmente já é tarde demais.
Para aprimorar essa competência, não há mágica, é preciso ter dedicação como alguém que faz academia para ficar com os músculos fortalecidos. A auto-observação quando feita de forma consciente, sistemática e constante pode gerar melhores níveis de autoconsciência emocional, que por sua vez, contribui para que uma pessoa seja capaz de compreender o que está sentindo em determinado momento e extrair o que há de melhor na situação de acordo com o que se busca. Em outras palavras, é muito mais fácil fazer dos limões limonada quando se tem conhecimento que os limões estão lá.
Criando imunidade...
Que lutar contra um estado de medo já desencadeado é entrar no jogo para perder, isso já foi dito. Entretanto, existe alguma forma de evitá-lo? A resposta é sim... e não! Dizer que é possível viver por toda uma vida sem nunca sentir medo soa no mínimo descabido. No entanto, existem circunstâncias corriqueiras em que o medo é gerado e que podem ganhar um novo significado. Não é necessariamente simples, mas é possível. Inicialmente é preciso que a pessoa já conheça bem seus padrões emocionais para que então se busque a mudança desejada.
Funciona mais ou menos assim: Um estímulo é dado, nossa mente interpreta, uma emoção é gerada, uma tendência comportamental surge, um comportamento é escolhido e um resultado é obtido na outra ponta.
Para ilustrar, imagine que um profissional recebe um chamado de seu gestor direto para uma reunião one-on-one de última hora (estímulo), imediatamente esse indivíduo se recorda do duro feedback que recebeu no último encontro dessa natureza (significado), com isso, se sente ameaçado e com medo (emoção), já imaginando o que está por vir, começa a pensar no que irá dizer ou como irá agir (tendência), por fim, acaba se portando de maneira defensiva, pouco receptiva e com a voz trêmula (comportamento), transmitindo a ideia de despreparo e de insegurança ao seu superior (resultado).
Situações como a do exemplo ocorrem corriqueiramente em grandes empresas, ainda que as pessoas, de uma forma geral, queiram fazer um bom trabalho. Sendo assim, diante de tudo o que foi mencionado, é possível que o nosso personagem do caso só conseguisse um resultado satisfatório de duas formas: ou abraçando o medo com grande esforço para tomar as decisões certas e agir de forma mais condizente com o que a situação pedia, ou não sentindo medo! Na segunda opção, a única alternativa seria se antecipar, identificar que a última reunião teve um desfecho ruim e pensar numa possível próxima vez com uma nova perspectiva, como por exemplo, encarando o one-on-one com uma oportunidade de desenvolvimento e de ter um direcionamento mais adequado na busca pelos objetivos organizacionais, podendo assim se destacar perante a equipe e pleitear um bônus pelo seu desempenho.
Até onde se tem notícias, ninguém tem medo de ganhar um bônus, certo?
O que ocorre em nossa mente não representa a realidade como ela é, mas sim, apenas assimilações e interpretações da mesma, tão ressignificáveis quanto quisermos!
Basta querer... e praticar! Pratique!