Como lidar com pessoas “problemáticas”?
Ana Luisa Almeida
Career Mentor at Sarsa Edu 🍂 | Chemical Engineer | Continuous Improvement
Confie nas pessoas mais "problemáticas" do seu time. Quebre o padrão, elas já estão bastante acostumadas à rejeição.
Faz umas semanas, um desconhecido sentou ao meu lado no ônibus e começou a desabafar, contando o quanto uma pessoa do seu time não estava com bom comportamento. Ele finalizou o desabafo dizendo que "não dá para confiar em ser humano".
Se você também acredita nisso, esse texto é para você.
Na mesma noite, recebi um feedback no whatsapp, onde a pessoa me agradecia por acolher pessoas taxadas como "problemáticas", historicamente "rejeitadas". Ela me disse que "o meu maior diferencial era que eu confiava no ser humano".
Essas duas falas foram intensas o suficiente para me motivar a escrever este texto.
Não sei quantos gestores concordam comigo, mas, para mim, a principal ferramenta para mudança (mesmo para aqueles ditos problemáticos) é confiar no outro.
Confiar grandes responsabilidades.
Confiar grandes oportunidades.
Confiar no que ele(a) é.
Tudo isso regado a uma relação de transparência e comunicação assertiva.
Se você conseguir direcionar a energia da pessoa mais "problemática" do seu time para algo que ela acredita ser algo que ela está ganhando e que você ganha também: Bingo! Ela vai deixar de criar problema e vai ser um diferencial!
A pessoa mais difícil que você tem no seu time, muito provavelmente nem ela mesma acredita no potencial que tem.
E sabe por quê?
Porque talvez ela nunca teve alguém que confiou verdadeiramente nela.
A psicologia já comprova que quando alguém sempre ouve que ela é de um jeito, ela acredita nisso e passa a repercutir a crença do outro (muitas vezes, de forma inconsciente).
Então se alguém sempre ouviu que ela é problemática, que não nasceu para liderar e por ai vai, ela vai acreditar nisso e vai repercutir estes comportamentos.
Se alguém traz uma fala diferente, dizendo a ela o quanto ela é capaz de liderar, de resolver problemas, isso é quebra de um padrão. Ela vai começar a ver um lado que nunca apresentaram para ela. E quando você entrega grandes responsabilidades, ela vai se esforçar para manter a coerência em relação à sua crença (porque você trouxe uma perspectiva boa, algo que ninguém nunca fez).
Recentemente, uma pessoa queria me convencer que uma pessoa X tem um comportamento inadequado, porém eu fui insistente em dizer que não é o que eu vejo. Eu apenas sinto que ela tem um potencial imenso em questionar o status quo e essa habilidade precisa ser direcionada para o melhor. A pessoa que conversava comigo não aceitava meu argumento e me perguntou o seguinte:
"Como pessoa X não é isso? Tá todo mundo vendo isso nela."
Minha resposta foi também uma pergunta:
"Será que as pessoas veem o lado que eu vejo?"
Muitas vezes não... A gente cria preconceitos, já define alguém e repercute isso ao mundo.
E, desse jeito, a pessoa "problemática" vai sempre acreditar nisso e nunca vai mudar.
Eu ainda tenho muito a aprender sobre liderança de times e posso estar errada na minha maneira de como lidar com pessoas "problemáticas", mas a prática tem ratificado essa minha crença. E sendo sincera, eu não apenas confio, como também agradeço, ressalto o bem que ela está fazendo a si e ao meio que está inserida.
E talvez reste a dúvida: Com essa crença e abordagem, posso me decepcionar em algum momento?
Com certeza! Mas tenho ainda mais certeza que dormirei em paz, convicta que fiz o melhor que podia para capacitar e desenvolver alguém. Pode estar certx que sempre terei os ditos "problemáticos" do meu lado, desempenhando atividades importantes, afinal de contas, eu confio neles.
Esse texto traz um tema relativamente polêmico e talvez você discorde de tudo que eu escrevi aqui, só que preciso te deixar um último recado: Duvide de tudo que eu disse, só não permita clima de "desconfiança" em seu time. Enquanto isso existir, as pessoas problemáticas também estarão lá.
Confie em mim...
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