Como manter o seu próprio ritmo em tempos de aceleração?

Na última semana, em conversa com os meus alunos, toquei em um ponto bem interessante.

Enquanto falávamos sobre as redes sociais e o impacto delas na dinâmica cotidiana, quis saber as opiniões deles sobre a ferramenta que acelera os áudios recebidos via WhatsApp. A grande maioria destacou que o recurso é benéfico e eu, como um bom curioso, quis saber os motivos para tal constatação.

"Ah, tio, a gente consegue ter acesso a mais informações", disse um. "A gente pode fazer com que pessoas que são mais lentas para falar se tornem mais rápidas", apontou outro. Achei pertinentes e naturais os destaques feitos por eles, principalmente porque todos fazem parte de uma geração acostumada com a ultravelocidade.

"Mas, será que estar em constante aceleração é sempre bom? Será que as nossas vidas também estão sendo vividas na velocidade 2, assim como os áudios do WhatsApp? O que vocês acham?", questionei. Todos ficaram em silêncio, até que um deles levantou a mão.

"Professor, eu acho que a gente tá sendo obrigado a viver desse jeito, acelerados."

"E por que você acha isso?", indaguei.

"Por que tudo tem prazo, a gente precisa correr para entregar tudo em dia na vida", disse ele.

"Precisamos, assim, entender que a tecnologia nos permite ter acesso a muitos conteúdos, estabelecer conexões e aprender. No entanto, existe vida aqui, no mundo real. A gente precisa viver na velocidade 1 (e não na 2), para aproveitá-la ao máximo. Todos concordam?", eu disse.

Foi lindo receber um "Simmmmmmmmm" unânime como resposta.

Esse diálogo super legal me fez publicar este insight com vocês hoje, minha rede.

Será que nós, profissionais maduros e adaptados ao mercado, estamos aproveitando cada momento (profissional ou pessoal) com a devida intensidade?

De acordo com levantamento da Organização Mundial da Saúde, a OMS, o percentual de brasileiros ansiosos é o maior do mundo (9,3% da população total). Tal estatística corrobora para com a ideia de que temos, o tempo todo, buscado enquadrar nossas vidas e perspectivas às demandas mercadológicas, políticas, sociais e ideológicas do nosso tempo.

Em meio aos furacões diários, dificilmente conseguimos encontrar tempo para exercermos nossas individualidades ou, ainda, para nos permitirmos adotar um ritmo menos acelerado de vida. Qual foi o seu último day off? Para onde você viajou em suas últimas férias? No final de semana, você trabalha ou se diverte? Qual é o seu nível de satisfação profissional? Você continua exercendo a sua profissão pelo prazer que ela lhe traz ou somente pelo retorno financeiro proporcionado?

Muitas são as perguntas, assim como as respostas. Todas as devolutivas para os itens citados são de cunho pessoal e posso, seguramente, afirmar que a construção de caminhos saudáveis para as nossas vidas pessoais e profissionais perpassa pelo equilíbrio entre acelerar e desacelerar.

A tecnologia nos coloca na condição de eternos aprendizes e exige do homem moderno atenção contínua e agilidade. Não há como fugir.

Concomitantemente, família e amigos sentem falta do 'olho no olho', da conversa tradicional, dos eventos em conjunto, dos enlaces. Também não há como deixar este 'todo' de lado.

A sugestão deste que vos fala é bem simples: Seja você.

Encontre sua maneira de agir, se comportar mediante o desafio de atender a um universo digital (continuamente em transformação). Ao mesmo tempo, mantenha-se vivo e disposto para os seus, uma vez que, independente de quaisquer outras demandas, somos (e sempre seremos) seres sociais.

A vida não precisa (ou deve) ser vivida na velocidade 2.