Como as Normas IFRS S1 e S2 estão transformando a Transparência e Sustentabilidade Global?

Como as Normas IFRS S1 e S2 estão transformando a Transparência e Sustentabilidade Global?

1. O Contexto das Normas IFRS S1 e S2

A crescente preocupação global com questões ambientais, sociais e de governança (ESG) levou à necessidade de normas de sustentabilidade que permitam maior comparabilidade entre as empresas. A IFRS Foundation, conhecida por suas normas contábeis internacionais (IFRS), criou o International Sustainability Standards Board (ISSB) para atender a essa demanda. Em outubro de 2023, foram lançadas as primeiras normas setoriais: IFRS S1 e IFRS S2.

Detalhamento

  • IFRS S1: Esta norma abrange os fundamentos gerais de riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade. Ela estabelece requisitos para a divulgação de informações financeiras que ajudem os investidores a entender como questões de sustentabilidade podem impactar os fluxos de caixa, o acesso a financiamento e o custo de capital.
  • IFRS S2: Focada nas divulgações relacionadas ao clima, a IFRS S2 exige que as empresas divulguem informações detalhadas sobre como as mudanças climáticas podem afetar seus negócios. Isso inclui riscos físicos (como desastres naturais) e riscos de transição (como mudanças regulatórias e de mercado).

Insights

A criação dessas normas reflete uma tendência global de maior transparência e responsabilidade corporativa em relação às questões de sustentabilidade. Empresas que adotam essas normas podem se beneficiar de uma melhor reputação e maior confiança dos investidores.

2. Estruturas Consolidadas

Desde 2021, a IFRS Foundation tem trabalhado para consolidar diversas estruturas que já estavam desenvolvendo normas de sustentabilidade. Isso inclui a Value Reporting Foundation (VRF), que resultou da fusão entre o International Integrated Reporting Council (IIRC) e o Sustainability Accounting Standards Board (SASB), e o Climate Disclosure Standards Board (CDSB).

Detalhamento

  • VRF: A VRF tem sido fundamental na promoção de relatórios integrados que combinam informações financeiras e não financeiras para fornecer uma visão holística do desempenho empresarial.
  • CDSB: O CDSB tem se concentrado em criar padrões para a divulgação de informações relacionadas ao clima, ajudando as empresas a relatar de maneira consistente e comparável.

Insights

A consolidação dessas estruturas sob a IFRS Foundation visa criar um conjunto harmonizado de normas de sustentabilidade que possam ser adotadas globalmente. Isso facilita a comparabilidade entre empresas de diferentes setores e regiões, beneficiando investidores e outras partes interessadas.

3. Governança Climática

A governança climática tem ganhado destaque à medida que as mudanças climáticas se tornam uma preocupação central para empresas e investidores. A publicação "Como estabelecer uma governança climática efetiva nos conselhos de administração" destaca a importância de integrar considerações climáticas nas responsabilidades fiduciárias dos conselheiros.

Detalhamento

  • Responsabilidades Fiduciárias: Conselheiros e agentes de governança devem garantir que as empresas estejam preparadas para enfrentar os riscos e aproveitar as oportunidades relacionadas às mudanças climáticas.
  • Resiliência Empresarial: A resiliência frente às mudanças climáticas envolve a capacidade de uma empresa de se adaptar e prosperar em um ambiente em constante mudança. Isso pode incluir a diversificação de fontes de energia, a implementação de práticas sustentáveis e a inovação em produtos e serviços.

Insights

A governança climática eficaz pode melhorar a resiliência e a sustentabilidade a longo prazo de uma empresa. Além disso, empresas que demonstram liderança em governança climática podem atrair investidores que estão cada vez mais focados em critérios ESG.

4. Adoção no Brasil

O Brasil tem sido um dos primeiros países a adotar normas internacionais de sustentabilidade. Em 2023, o Comitê Brasileiro de Pronunciamentos de Sustentabilidade (CBPS) publicou as normas CBPS 1 e 2, equivalentes às IFRS S1 e S2. A Resolução CVM 193/23 tornou o Brasil o primeiro país a incorporar essas normas em sua regulação.

Detalhamento

  • CBPS 1 e 2: Essas normas exigem que as empresas brasileiras divulguem informações sobre riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade com uma visão de longo prazo.
  • Transparência: A adoção dessas normas visa aumentar a transparência e a responsabilidade das empresas em relação às questões de sustentabilidade.

Insights

A adoção precoce dessas normas coloca o Brasil na vanguarda da transparência e responsabilidade corporativa em sustentabilidade. Isso pode atrair investidores internacionais que buscam empresas comprometidas com práticas sustentáveis.

5. Cenário Global

Diversas instituições globais têm desenvolvido normas de reporte de sustentabilidade. A Global Reporting Initiative (GRI) e o International Integrated Reporting Council (IIRC) são exemplos de organizações que têm promovido a transparência e a responsabilidade corporativa.

Detalhamento

  • GRI: A GRI desenvolve padrões para a divulgação de informações sobre impactos econômicos, ambientais e sociais.
  • IIRC: O IIRC promove relatórios integrados que combinam informações financeiras e não financeiras.

Insights

A harmonização das normas de sustentabilidade a nível global é crucial para facilitar a comparabilidade entre empresas de diferentes países. A CSRD europeia e a regulação da SEC nos Estados Unidos também exigem transparência e harmonização com as normas IFRS, impactando as cadeias globais de comércio.

6. Implementação e Transição

A implementação das normas IFRS S1 e S2 requer um esforço coordenado entre diferentes departamentos dentro das empresas. O apoio do conselho de administração é essencial para garantir uma transição suave.

Detalhamento

  • Trabalho Multifuncional: A adoção dessas normas envolve a colaboração entre departamentos financeiros, de sustentabilidade, de governança e de risco.
  • Conectividade: As divulgações financeiras de sustentabilidade devem estar conectadas às demonstrações financeiras tradicionais para fornecer uma visão completa do desempenho da empresa.

Insights

A implementação bem-sucedida dessas normas pode melhorar a transparência e a confiança dos investidores. Empresas que conseguem integrar eficazmente as divulgações de sustentabilidade em suas demonstrações financeiras podem se beneficiar de uma melhor avaliação de risco e acesso a financiamento.

7. Materialidade, Riscos e Oportunidades

A materialidade é um conceito central nas normas de sustentabilidade. A IFRS S1 define que uma informação é material se sua omissão ou distorção puder influenciar as decisões dos investidores.

Detalhamento

  • Identificação de Riscos e Oportunidades: As empresas devem identificar e divulgar riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade que possam impactar seus fluxos de caixa e perspectivas de negócio.
  • Impacto nos Investidores: Informações materiais ajudam os investidores a tomar decisões informadas sobre onde alocar seu capital.

Insights

A identificação e divulgação de informações materiais podem melhorar a transparência e a confiança dos investidores. Empresas que conseguem comunicar eficazmente seus riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade podem se beneficiar de uma melhor avaliação de risco e acesso a financiamento.

8. Consistência com as Demonstrações Financeiras

A consistência entre as divulgações de sustentabilidade e as demonstrações financeiras é essencial para fornecer uma visão completa e precisa do desempenho da empresa.

Detalhamento

  • Premissas de Mensuração: As premissas utilizadas na mensuração de ativos e passivos devem alinhar-se às suposições descritas nos relatórios de sustentabilidade.
  • Transparência: A consistência entre esses relatórios aumenta a transparência e a confiança dos investidores.

Insights

A consistência entre as divulgações de sustentabilidade e as demonstrações financeiras pode melhorar a transparência e a confiança dos investidores. Empresas que conseguem integrar eficazmente essas informações podem se beneficiar de uma melhor avaliação de risco e acesso a financiamento.

9. Asseguração do Relatório de Sustentabilidade

A Resolução CVM 193 exige que o relatório de sustentabilidade seja assegurado por um auditor independente. A asseguração traz confiança aos investidores e outras partes interessadas, garantindo a veracidade e a consistência das informações divulgadas.

Detalhamento

  • Auditoria Independente: A asseguração por um auditor independente garante que as informações divulgadas sejam precisas e confiáveis.
  • Confiança dos Investidores: A asseguração aumenta a confiança dos investidores nas informações divulgadas pela empresa.

Insights

A asseguração do relatório de sustentabilidade pode melhorar a transparência e a confiança dos investidores. Empresas que conseguem garantir a veracidade e a consistência de suas divulgações podem se beneficiar de uma melhor avaliação de risco e acesso a financiamento.

10. Resumo das Normas IFRS S1 e S2

As normas IFRS S1 e S2 foram desenvolvidas para fornecer um quadro abrangente para a divulgação de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade.

Detalhamento

  • IFRS S1: Estabelece requisitos gerais para a divulgação de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade.
  • IFRS S2: Foca nas divulgações relacionadas ao clima, exigindo que as empresas divulguem informações detalhadas sobre como as mudanças climáticas podem afetar seus negócios.

Insights

As normas IFRS S1 e S2 visam fornecer informações úteis para os investidores sobre riscos e oportunidades que possam afetar os fluxos de caixa, o acesso a financiamento e o custo de capital. A adoção dessas normas pode melhorar a transparência e a confiança dos investidores, beneficiando as empresas que as adotam.

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