Novidades nas fronteiras da sustentabilidade com SASB, GRI e IFRS.

Novidades nas fronteiras da sustentabilidade com SASB, GRI e IFRS.

Oi, partes interessadas e interessantes

Nos últimos anos, a sociedade tem acompanhado um maior fomento da discussão sobre os relatórios de sustentabilidade. Nós também somos críticas sobre o processo de desenvolvimento destes relatórios que muitas vezes tem reforçado as práticas de “washings”, a falta de padronização que dificulta a análise e a comparação dos resultados até mesmo quando estamos avaliando empresas do mesmo segmento. Temos ainda nossas ressalvas quanto ao equilíbrio alcançado quando se trata de um documento estratégico para o negócio e informativo e auditável como um todo.

A ausência de padronização, importante ressaltar, não se dá pela falta de ferramentas – embora elas possam em muito melhorar para adequação ao nosso contexto –, mas talvez porque até recentemente não havia um consenso entre os padrões sobre como estes deveriam e poderiam operar em conjunto. Frequentemente, temos contato com relatórios que usam determinados padrões em conjunto, como GRI e SASB, mas que se diferem entre si na forma de apresentação dos indicadores e tópicos materiais. 

Acreditamos que estamos acompanhando a trajetória que nos levará a um cenário de maior transparência e padronização, enquanto passamos por constantes transformações em busca de aplicar as melhores práticas possíveis. 

Recentemente vimos a reação positiva da Global Reporting Initiative à formação da Value Reporting Foundation por parte da  IIRC (International Integrated Reporting Council) e da  SASB (Sustainability Accounting Standards Board). Mais um passo dado para simplificar o cenário de relatórios de sustentabilidade e fornecer informações mais claras e relevantes aos investidores sobre os impactos financeiros das questões de sustentabilidade.

O presidente da GRI, Eric Hespenheide, elogiou a decisão do IIRC e do SASB de unir forças. Ele enfatizou a importância dos relatórios de sustentabilidade para informar uma ampla gama de partes interessadas, desde funcionários e formuladores de políticas até clientes e investidores. Também destacou a importância de entender os riscos financeiros associados aos impactos da sustentabilidade e vê a formação da Value Reporting Foundation como um passo significativo nessa direção.

Agora, falando de SASB e GRI – na nossa opinião, os melhores e mais utilizados na elaboração dos relatórios de sustentabilidade, a interoperabilidade já é palpável e nos permite abordar a chamada Dupla Materialidade: assim consideramos tanto os impactos de nossas atividades no mundo quanto os riscos e oportunidades para o negócio.

O SASB, uma organização americana criada em 2011, foca identificar, gerenciar e relatar temas de sustentabilidade que possam ter impactos financeiros materiais nas empresas. Seus padrões são aplicáveis a 77 setores diferentes e têm uma abordagem mais orientada para aspectos financeiros. Foi especialmente mencionado por Larry Fink, CEO da BlackRock, em sua carta anual, o que deu ainda mais visibilidade ao padrão: “[...] um conjunto claro de padrões para relatar informações de sustentabilidade em uma ampla gama de questões".

As duas organizações vêm caminhando juntas na consolidação de diretrizes utilizando-se de ambos standards para a produção de relatórios mais eficientes. No documento A Practical Guide to Sustainability Reporting Using GRI and SASB Standards, de 2021, o Global Reporting Initiative e a Sustainability Accounting Standards Board já demonstravam um movimento nesta direção. 


E tem mais por aí

O IFRS é um conjunto de padrões contábeis internacionais que já tem ampla aceitação para relatórios financeiros no mundo todo. Recentemente, o IFRS tem trabalhado em conjunto com o ISSB para trazer padrões ESG mais alinhados com as divulgações financeiras, tornando-as mais úteis para investidores e outros atores financeiros.

O ISSB e o IFRS têm trabalhado para consolidar alguns dos principais padrões, frameworks e iniciativas de relatórios financeiros ligados à sustentabilidade, como SASB (Sustainability Accounting Standards Board), IR (Integrated Reporting) e TCFD (Task Force on Climate-related Financial Disclosures). Essa consolidação visa criar um padrão internacional de base para divulgações relacionadas à sustentabilidade.

Os padrões IFRS S1 ( "Requisitos Gerais para Divulgação de Informações Financeiras Relacionadas à Sustentabilidade") e IFRS S2 ("Divulgações Relacionadas ao Clima") foram emitidos em junho de 2023 pelo ISSB. Eles entrarão em vigor para períodos de relatório anual iniciando em ou após 1º de janeiro de 2024, ou seja, aqueles que serão emitidos em 2025. 

Os IFRS S1 e S2  estão no centro das discussões, pois são importantes para fornecer um padrão global de divulgações relacionadas à sustentabilidade nos mercados de capital. No Brasil, estamos aguardando a tradução e regulamentação desses padrões. Mas não devemos esperar para agir. Com investidores globais de olho em empresas brasileiras, a preparação antecipada é estratégica. 

O IFRS S1 detalha os requisitos para divulgar informações sobre os riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade de uma entidade, já o IFRS S2 estabelece requisitos para a divulgação de informações sobre riscos e oportunidades relacionados ao clima da entidade.

O último Staff Paper do International Financial Reporting Standards (outubro/2023) traz a informação de que um material educacional está sendo desenvolvido pela ISSB justamente para apoiar a interoperabilidade do IFRS S1 e IFRS S2 com outros padrões relevantes, como as divulgações de emissões de GEE nos Padrões GRI.

A Resolução CVM nº 193, de 20 de outubro de 2023, aborda a elaboração e divulgação de relatórios de informações financeiras ligadas à sustentabilidade por companhias abertas, fundos de investimento e companhias securitizadoras no Brasil. A resolução estabelece que a partir de 1º de janeiro de 2024, essas entidades poderão, em caráter voluntário, adotar as normas do International Sustainability Standards Board (ISSB) para essa finalidade. A obrigatoriedade de tais relatórios entra em vigor a partir de 1º de janeiro de 2026. A medida tem como objetivo alinhar as práticas brasileiras às internacionais, aumentar a transparência e fornecer maior visibilidade aos riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade.

Ao utilizar SASB e GRI, somados aos padrões do ISSB, integramos a ênfase na materialidade financeira, um aditivo valioso que nos ajuda a entender e comunicar melhor nossos riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade.

Isso significa que as informações divulgadas devem permitir aos investidores avaliar com facilidade os efeitos da sustentabilidade na posição financeira da empresa.  Ou seja, focamos a Dupla Materialidade: impactos que são materialmente importantes tanto para o negócio quanto para os stakeholders. Não só identificamos riscos e oportunidades que são materialmente importantes do ponto de vista financeiro (SASB e IFRS), mas também continuamos a avaliar o impacto mais amplo de nossas operações no mundo (GRI).

A padronização é vista como necessária para tornar as informações ESG mais comparáveis, confiáveis e úteis para todos os stakeholders, incluindo investidores, reguladores e o público em geral. Isso é especialmente relevante num momento em que há inegáveis consequências das mudanças climáticas sobre o mundo e os negócios e uma pressão crescente para que as empresas sejam mais transparentes sobre seus impactos ambientais, sociais e de governança.


E você, o que acha desse movimento todo no centro da agenda ESG? 

Nós acreditamos que em um cenário de constante evolução como o da sustentabilidade, a abordagem isolada já não é suficiente. É por isso que na KICk fazemos questão de arquitetar equipes transdisciplinares para avaliar a sustentabilidade das empresas. Contamos com a parceria de especialistas em finanças, comunicação, ciências sociais, direito e muito mais, todos contribuindo e trocando para desenvolver uma lente única para a questão da materialidade.

Em breve, falaremos mais sobre esse tema. Temos muito mais para compartilhar em futuras edições.

Até a próxima. 

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