Como nosso cérebro reage a mudanças
Lidar com mudanças pode ser muito perturbante, especialmente no ambiente de trabalho. Mas entender a neurociência por trás de nossos comportamentos - como e porque nossos cérebros funcionam como funcionam - dá insights muito bons sobre o que está acontecendo naquele momento de incerteza e como lidar com eles.
diz Hilary Scarlett, autora inglesa do livro Neurociência para Mudanças Organizacionais.
Quais são essas necessidades? A Fast Company falou com Scarlett sobre o que direciona nosso comportamento em momentos de mudança e como lidar com isso.
NOSSA NECESSIDADE DE CONEXÃO SOCIAL
Desde antes que consigamos nos lembrar, nós temos uma necessidade grande por conexão social. Na verdade, isso é tão verdade que na presença de dor ou desconforto social, nossos cérebros reagem de forma semelhante a dor física!
Não só isso, o nosso modus operandi padrão do cérebro (feito de várias regiões do cérebro que interagem entre si em momentos de descanso acordado - sonhar acordado, pensar em outras pessoas ou contemplar o futuro e o passado), não é apenas o modo de pensar para o qual divergimos com maior frequência: é também bastante ligado a nossas relações sociais e entendimento dos outros. "O modus operandi padrão nos faz pensar sobre a mente das outras pessoas... seus pensamentos, sensações e objetivos" disse Lieberman em seu livro Social: Porque nossos cérebros são projetados para se conectar. Ao negar ao seu cérebro esse tipo de conexão, seja em casa ou no trabalho, você está negando a ele uma necessidade fundamental.
NOSSOS CÉREBROS SÃO SEDENTOS POR INFORMAÇÃO
Todos já escutamos essa: notícias ruins são melhores do que notícia nenhuma. A ciência comprova isso. Por exemplo: um estudo de 1992 analisou o nível de medo de pessoas que receberam a informação de que tomariam um choque elétrico. Os pesquisadores notaram que as pessoas que receberam a informação de que receberiam um choque (mas não sabiam se seria fraco ou intenso) sentiam mais medo do que as pessoas que sabiam com certeza que receberiam um choque intenso.
O desejo por clareza é consistente com nossa demanda por simplicidade. A aversão que as pessoas sentem por incertezas é refletida em respostas neurais no córtex frontal e na amígdala. Isso influencia nas respostas fisiológicas também.
Buscar informação frente a incerteza é, portanto, uma forma crucial que temos para nos ajustar a mudanças. São esses pequenos bits de informação faltante que nos distraem. Se você der informação as pessoas, seus cérebros se alimentam.
Uma forma de fazer isso diariamente é fazer uma lista de coisas que quer concluir naquele dia. Comece o dia dizendo: quais são as minhas prioridades? Isso te dá uma sensação de controle, ao invés de cair no ritmo dos outros.
CUIDE DE SEU CORPO PRIMEIRO
Tomar decisões faz parte de momentos cruciais em nossas vidas. E com a tomada de decisões, vem também a demanda de energia necessária que é facilmente ignorada ou subestimada. Mas algumas coisas simples podem ser feitas para contribuir com nossa habilidade de decisão em momentos de incerteza. As funções executoras e a fatiga mental podem ser restauradas, por exemplo, por intervenções como assistir a natureza, um breve descanso, manter o bom humor e aumentar o nível de glicose no sangue.
Se você tem uma grande decisão para fazer, saiba disso: dormir é muito importante para o cérebro. É aquela habilidade de parar, pausar e responder ao invés de apenas reagir rapidamente as coisas. Nós esquecemos quanta energia é gasta na tomada de decisões. O impacto de não dormir é semelhante a ir ao trabalho bêbado.
Ainda que não vejamos dessa forma.