Como o Big Brother tira o protagonismo da sua vida

Como o Big Brother tira o protagonismo da sua vida

O reality show que há mais de 20 anos passa na TV Globo terminou finalmente antes de ontem e, como praticamente todo ano, nos leva a uma série de reflexões - principalmente, para você que gosta de pensar e analisar que o que acontece dentro da casa mais famosa do Brasil pode refletir, e muito, sobre os nossos comportamentos em sociedade e afins. Vale ressaltar que além de um sucesso de audiência tanto na televisão quanto na internet, o Big Brother frequentemente ocasiona muita polêmica por uma série de motivos. Porém, o que deveria ser um dos maiores motivos para se questionar tal programa acaba não sendo tão lembrado assim.

E qual seria esse fator? Justamente o que aponta o título deste artigo: "como o Big Brother tira o protagonismo da sua vida?". Mas antes que os grandes admiradores do reality se revoltem com tal questionamento, preste atenção no que será discutido aqui, para analisar realmente se você não está de acordo ou se, pelo menos, faz algum sentido para você, pode ser? Então, vamos lá!

A resposta para o título do artigo é simples: enquanto você passa horas acompanhando o que acontece com as pessoas que estão na casa durante três ou quatro meses para saber quem sai 'vencedor', você poderia facilmente dedicar esse seu tempo a atividades que te trazem muito mais benefícios no dia a dia. Aliás, é bem capaz de você achar que essa breve explicação não seja o suficiente, afinal, nós acabamos acompanhando muitas 'futilidades' com o passar das nossas vidas, não é mesmo?

Pois é, mas essas outras muitas 'futilidades' dependem ainda mais do ponto de vista de quem as analisa. Por exemplo, inúmeras pessoas podem dizer que assistir a algum evento esportivo é perda de tempo e tira o protagonismo da nossa vida, principalmente, se você não gosta de esportes no geral. Outras talvez afirmem que assistir a um filme, acompanhar uma série até o fim e até mesmo presenciar um show ou festa também são exemplos de passar o tempo com banalidades e sem sermos protagonistas de fato das nossas próprias vidas, correto?

Porém, só que assistir a um reality como o Big Brother mexe com você de uma maneira negativa que essas outras atividades não fazem. "Como assim?", você pode perguntar. Bom, quem costuma ver uma partida de futebol, de basquete, um show, um filme e por aí vai, tende a ser apaixonado por aquilo a que está assistindo. Ou seja, você está dedicando o seu tempo a algo que provavelmente está te dando algum tipo de prazer, certo? E se aquilo é muito sua paixão, dificilmente ela é sinônimo de tirar o protagonismo da sua vida - ou você acha que dedicar seu tempo a algo pelo qual é apaixonado é totalmente em vão? Talvez seja se você o fizer de maneira exagerada e com consequências bem ruins.

Agora, permita-me fazer uma outra pergunta a você: ao acompanhar o Big Brother, isso te dá verdadeiramente alguma satisfação? Se a sua resposta for sim, essa satisfação vem das fofocas que acontecem durante o programa e do que os participantes fazem para 'jogar o jogo' e saírem vencedores? Sinceramente, eu espero que não. Apesar de ser comum contarmos histórias que vivenciamos ou sabemos de outras pessoas, sentir algum tipo de prazer em ver indivíduos falarem mentiras sobre os outros é minimamente discutível, não? Ou você gostaria de saber que fazem o mesmo em cima de você?

Outro aspecto dentro disso que me incomoda muito é: sou só eu ou ficar dialogando e discutindo sobre o que um falo do outro no programa nos traz muito mais energias negativas, como estresse desnecessário diante do que as pessoas dentro da casa estão vivenciando e não eu? Quero enfatizar que meu questionamento vai além do público que assiste ao reality 'animado' e incessantemente. Vai também para as pessoas que, no dia a dia, ficam cuidando com bastante frequência da vida alheia, como a de vizinhos, em vez de focar na sua própria. De verdade, não sei você, mas eu tenho tantas atividades para cumprir na minha rotina, que ver o BBB com certeza fica de fora ou muito lá atrás da fila.

A propósito, outro dia, eu vi uma manchete de uma matéria que demonstra outros impactos negativos do programa e tal texto dizia algo na linha de: "Passagem de Viih Tube é marcada por falsidade...". Sabendo que ela tem um namorado fora do programa, fico pensando, ao me colocar no lugar dele, como ele deve olhar agora para sua namorada vendo que a imagem que ela passou ao público foi tão negativa assim. Confesso que, no lugar dele, eu poderia facilmente ir mais adiante, me perguntando: "será que ela ('minha namorada') acaba sendo bastante falsa, também, na vida real?".

"Ah, mas, Fábio, ela agiu dessa forma para ver se conseguia ganhar o jogo: faz parte". Você realmente tem certeza disso? Para chegar a uma conclusão própria, pergunte-se, então: "o quanto, de fato, conseguimos fingir ser algo que não somos só para ganhar um jogo - ou, nesse caso, vencer um programa ficando até o fim?". Entendo que em muitas situações somos bastante influenciados pelo ambiente à nossa volta, mas ainda assim, a pergunta não deixa de ser válida. Teste você mesmo para ver.

Voltando à discussão sobre de onde vem o seu prazer ao acompanhar o reality... se você curte o programa, por exemplo, por ter mais oportunidades de assistir a pessoas em competições, como as provas do líder, ou para ver quem sai da casa e com quais números de votos em dias de eliminação, aí a situação é outra, já que nesses casos a sua satisfação está mais ligada a competições que não são baseadas em afirmações falsas e ao fato de saciar suas curiosidades momentâneas.

Diante de tudo o que foi falado aqui, fique pensando mais um bocado sobre esse assunto e tire suas próprias conclusões. Apesar de eu já possuir a minha, enfatizo que, com certeza, você não é obrigado a concordar comigo e nem é essa minha intenção. O meu maior propósito aqui está em dois pontos: sugerir tal reflexão e que você busque formas dentro da sua rotina em que consiga efetivamente ser o protagonista da sua vida. Ou seja, vá mais afundo na sua autorreflexão para eliminar aspectos que impossibilitem você de ser o personagem principal da sua história.

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