Como o BNDES pode fortalecer o mercado de quadrinhos nacionais e independentes
Você sabe o que é Economia da Cultura? Embora a discussão seja antiga, ainda é bastante discutido o conceito; e tal termo ainda está relacionado ao da Economia Criativa.
Para a Comissão Europeia (que define marcos, leis e expressões da União Europeia), a Economia da Cultura irradia-se em círculos concêntricos, a partir da Economia Criativa que possui como núcleo duro o Campo das Artes (que em linhas gerais seriam as Artes Visuais, as Artes Perfomáticas etc.).
Os círculos que se irradiam a partir desse núcleo duro seriam a indústria cultural e em seguida a indústria e a atividade cultural. Esse conjunto compõe a Economia da Cultura.
Porém há organizações como a WIPO – Organização Internacional da Propriedade Intelectual – que apresenta um conceito baseado no da economia criativa vinculada a direitos de propriedade intelectual e a concessão desses mesmos direitos para licenciamento.
Mas outras instituições (UNESCO, UNCTAD) buscam outras visões sobre os conceitos de Economia Criativa e Economia da Cultura, agregando novos atores ou separando em atividades bastante específicas.
O BNDES, com base em tais discussões, adota um conceito de Economia Criativa baseado em quatro setores a saber: Patrimônio Cultural; Audiovisual; Editorial; Fonográfico e Outros Bens e serviços culturais.
Não é algo estanque, mas um princípio norteador para a sua atuação.
Em 1995, foi criado no BNDES o PROCULT, inicialmente para o desenvolvimento do cinema no país, financiando (ou buscando financiar) a cadeia produtiva deste setor com linhas de crédito mais atraentes.
Porém em 2006, o foco do programa mudou, visando ao conceito de Economia Criativa, como vimos anteriormente, partir do fomento ao crédito para produção e distribuição.
Desde os Anos 10, a indústria de games no Brasil vinha crescendo lentamente, no entanto, em 2014 surgiu um estudo econômico sobre o mercado de games no Brasil e no mundo elaborado pelo BNDES.
Sem um estudo desta envergadura, não conseguiremos resolver o problema mais importante que temos: o acesso ao crédito para produção e distribuição.
Em 2014, participei de uma mentoria no Fórum de negócios do Anima Mundi e conversei com um dos sócios da Aquiris Games Studio e naquela época ele me contou que o BNDES havia convidado para conversar sobre financiamento. Dois anos depois, a Aquiris Games Studio se tornou a primeira empresa de games no Brasil a receber um aporte de 1,5 milhão do BNDES (via PROCULT).
Estamos em 2018 e agora editais de financiamento da Ancine também irão abordar produtoras de games.
E o que tudo isso tem a ver com o nosso mercado tupiniquim de HQ? Quadrinhos fazem parte da Economia Criativa, gera alto valor se compararmos o seu custo de produção, com o de outras mídias como cinema, games, e o licenciamento de direitos autorais.
Basta ver a compra (irrisória) da Millarworld pela Netflix, sem falar da Marvel Studio (leia-se Disney). Mas se isso é fato, o que falta para o nosso mercado?
Faltam dados! Informações sobre o potencial econômico do nosso mercado!
Temos alguns pouquíssimos dados provenientes da última pesquisa sobre leitura no Brasil. Atualmente, um dos quadrinhistas, Rapha Pinheiro, tem buscado fazer um levantamento sobre o leitor de quadrinhos no Brasil.
Para este tipo de trabalho, necessitamos de um amplo estudo do BNDES como foi feito sobre a indústria de games. E após o estudo econômico realizado, perceba como essa indústria avançou.
Sem um estudo desta envergadura, não conseguiremos resolver o problema mais importante que temos: o acesso ao crédito para produção e distribuição.
Não tem como estabelecer linhas de crédito e fomento para produção, distribuição e internacionalização sem um estudo aprofundado deste nosso mercado.
Qual é o tamanho do nosso mercado? Qual o volume de vendas, a mão de obra, quais dados podem ser comparados com outros mercados, por exemplo?
Hoje o principal fomento para o mercado de HQ é o crowdfunding e alguns editais da área de cultura.
É muito pouco. Alguns dirão que não precisaram até hoje e talvez tenham razão, mas poderíamos ir muito mais longe, para o alto e avante, rumo ao mercado internacional, e também, por que não?, construindo parcerias internacionais com produtoras audiovisuais.
Somente com dados econômicos, podemos estabelecer uma política cultural e econômica. Sem isso, fica muito difícil avançar, principalmente na popularização em nosso próprio país.
Siga nossas redes sociais e acompanhe nossos projetos de quadrinhos nacionais, todos feitos por meio do crowdfunding.