Como planejar o imprevisível? 4 passos para conceber ou repensar sua estratégia de negócio

Os últimos tempos têm sido de rupturas sem precedentes e a turbulência mostra poucos sinais de que irá cessar. A pandemia, a guerra na Ucrânia e o rearranjo das cadeias de suprimento são constatações de um período extremamente desafiador. Nesse cenário, as companhias têm encontrado imensa dificuldade de planejar o futuro. Em um ambiente tão volátil, faz-se necessária uma nova abordagem para conceber uma estratégia.

Apesar da incerteza representar riscos, ela também pode representar oportunidades. Ela pode dar à organização a chance de expandir seus negócios em diferentes direções.

Transformar um mundo de incertezas em um mundo de possibilidades requer uma mudança de perspectiva, um novo mindset por parte dos líderes da empresa.

As empresas precisam redirecionar o olhar do que elas podem fazer para o que elas poderiam fazer, mesmo que seja necessário romper com práticas e padrões já estabelecidos.

Para repensar a estratégia ou traçar uma nova estratégia, é fundamental considerar a visão do cliente.

O que o consumidor realmente deseja?

Pontos importantes:

• Entender o que o cliente deseja alcançar em uma situação específica;
• Envolver a organização inteira na estratégia de desenvolvimento do processo;
• Estimular as interações de colaboradores com diferentes perfis ou aptidões;
• Planejar e replanejar a estratégia continuamente.

As empresas devem decidir antecipadamente o resultado que desejam alcançar, mas devem ajustar e adaptar a estratégia de forma recorrente de acordo com as circunstâncias. Podemos fazer uma comparação com um contexto militar: por exemplo, se um exército pretende tomar um terreno, a estratégia de como fazer não deve ser fixa, não se deve dizer que o terreno será alcançado atravessando uma ponte, porque a ponte em questão pode não estar mais lá.

O caminho para alcançar seu objetivo declarado precisa mudar de acordo com a realidade atual do entorno.

Essa abordagem permite que as empresas prosperem em um mercado acelerado, em constante mudança e cada vez mais global. Nesse contexto e necessidade é que cada vez mais empresas estão aderindo às metodologias ágeis como caminho estratégico para gestão de seus resultados, pois as iniciativas são priorizadas para entrega de valor para o cliente o quanto antes através da definição do mínimo produto viável e as metas e iniciativas são repensadas em um intervalo de três meses, nada impedindo que sejam levantadas novas ações ao longo do período para o alcance dos resultados esperado.

Como pensar sua estratégia em 4 etapas

Joerg Esser, em seu artigo na Harvard Business Review, recomenda seguir essa abordagem para conceber ou repensar uma estratégia de negócio.

1. Encontre a questão chave

Primeiramente, levante a questão chave, que deve estimular seu negócio a agregar mais valor. Como fonte de inspiração considere os problemas e desejos reportados pelo cliente.

Os stakeholders podem contribuir com esse levantamento de ideias. Um exemplo citado por Joerg Esser foi o de uma companhia aérea para a qual a questão chave era: como oferecer voos por demanda, isto é, com a flexibilidade desejada pelo cliente em relação a horários e locais?

2. Quebre o problema

Na segunda etapa, divida a questão em outras questões relacionadas aos diversos processos de seu negócio.

No exemplo da companhia aérea, como a visão era de que não era possível oferecer voos por demanda, diversas áreas tiveram que responder os motivos pelos quais não era possível disponibilizar essa solução para os clientes.

3. Gere ideias

Agora para cada pergunta deve ser levantado um conjunto de ideias que podem ter inspiração em outras áreas ou setores.

Um exemplo sobre o caso da companhia aérea foi a inspiração em ajuste de preços e horários com base em pesquisa no transporte terrestre via ônibus.

Outro exemplo de setor que se reinventou em vez de se limitar ao rigor tradicional foi o setor de moda que em vez de se engessar, produzindo apenas coleções para as quatro estações, passou a realizar 12 coleções por ano. Da mesma forma já não caberia manter os horários fixos dos voos, pois as necessidades dos clientes variam por temporada.

4. Identifique as melhores iniciativas

Por fim, priorize. As melhores ações estratégicas que respondem de forma mais efetiva às subquestões levantadas devem ser consideradas.

Para a execução dessas é recomendado que seja feito um piloto. O novo modelo (ou nova ação) deve ser executado em paralelo com o modelo antigo em funcionamento. A medida que se observe o sucesso da nova ação deve ser feita a transição por completo para o novo modelo.

Para cada ação faça duas perguntas:

1. Isso faz parte da nossa verdadeira proposta de valor?
2. Temos recursos para dominar essa área?

As ações a serem implementadas devem ter obtido resposta positiva em relação a ambas perguntas.

Como reflexão final, percebemos que as empresas tendem a se limitar a pensar a estratégia dentro do que elas já entregam e apenas atuar para melhoria. Em vez disso, o que propomos é que a empresa abrace ideias que parecem impossíveis e que se apliquem os quatro passos aqui descritos que as direcionarão para novos produtos, entregas e soluções que permitirão o aumento do lucro e o crescimento contínuo mesmo em períodos de turbulência.

Fonte: Harvard Business Review, Artigo Joerg Esser, Corporate strategy or related topics Strategy formulation and Customer-centricity