Como ser uma mãe perfeita

Como ser uma mãe perfeita

Quem não quer ser uma mãe perfeita? Eu sempre quis. Desde pequena eu observava algumas atitudes da minha mãe e pensava: “Quando eu for mãe não vou agir assim”. Mas daí você cresce, conhece a vida, se torna mãe e vê que nada nem ninguém é perfeito.

Quando eu era criança, minha mãe dizia muito essa frase: “Vai cagar”! Para mim, para meu irmão, para qualquer um. Eu sempre tive um bom relacionamento com ela, mas não concordava com isso.

Por qualquer coisa ela perdia a paciência, ficava brava, esbraveja e dizia: “Vai cagar, o problema é seu”! E eu coloquei na minha cabeça que eu nunca ia fazer isso. Eu não queria ser igual a ela nesse ponto.

Eu queria ser a mãe perfeita, mas descobri que a mãe perfeita não existe.

A perfeição e a realidade

Outro dia eu estava dando banho no Olavo na casa minha mãe. Ela estava no quarto e nós no banheiro.

Ele estava com sono e começou a chorar, chorar e chorar… eu tentei agradar de toda forma, tentando atender os seus pedidos, mas ele não parava de chorar. Ofereci tudo que tinha ali, dei todas as opções e possibilidades que eu tinha, mas nada estava bom. Ele não queria nada.

Foi aí que eu disse: “Então vai cagar. Se você não quer nada, vai cagar”!

Na mesma hora a minha mãe ouviu e começou a rir. Ela disse que se fosse com ela, já teria falado isso fazia tempo. Na hora eu pensei: “Só porque eu odeio que as pessoas falem isso e sempre disse que eu nunca ia falar como a minha mãe, estou aqui repetindo a frase dela”.

Neste momento caiu a ficha: eu não vou ser a mãe perfeita. Não adianta eu querer ser perfeita, focar nos erros dos outros para não os repetir e tentar ser uma pessoa melhor.

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Foco no negativo

É da natureza das pessoas prestar mais atenção sempre no negativo do que no positivo, você não acha?

Por mais que os nossos pais fizeram por nós, nos deram amor e educação, fizeram sacrifícios e muitas renúncias, enfim, fizeram o melhor que podiam, principalmente as mães, nós sempre tendemos a olhar e lembrar o que não foi bom. O que faltou ou não foi suficiente.

Somos perseguidos pelas lembranças: “minha mãe não ficou muito tempo comigo”, ou “minha mãe era muito rígida (ou muito permissiva)”. A verdade é que não damos valor por tudo que nossos pais fizeram por nós e por isso muitas vezes temos essa mania de reclamar.

Certa vez, em uma consulta com uma psicóloga, eu estava falando sobre os meus relacionamentos e cheguei a uma conclusão. Por mais que a gente estude e aprenda muita coisa, sempre fica aquele questionamento: “será que isso só acontece comigo?”. “Será que o problema sou eu?”.

Reconheço tudo que a minha mãe fez por mim e o quanto ela me ama, o quanto ela se sacrificou dentro das possibilidades dela por mim. Mesmo assim, ainda acho que ela podia ter ficado mais comigo, ela poderia ser mais calma e mais tranquila.

Veja só, o que fica martelando na nossa mente é o que faltou e o que não foi suficiente. E eu me peguei fazendo muito isso no automático. Sem refletir e sem conhecer o lado dela.

Busque o equilíbrio

Agora vem a parte mais importante desta mensagem que eu quero transmitir: temos que ter clareza sobre o que queremos. Hoje temos condições de fazer escolhas e não repetir muita coisa. Mas se ficarmos apenas relembrando “a minha mãe fazia isso e eu não gosto, vou fazer o contrário”, não encontramos um equilíbrio.

Tudo que é bom o suficiente funciona apenas como uma proteção e uma hora ou outra essa balança tende a cair para algum lado.

A mãe perfeita, o que é certo ou errado tem um peso para mim, mas eu sei que não existe perfeição. Mesmo assim, eu me esforço e quero as coisas em ordem, em harmonia, corretas. Não precisam ser perfeitas, mas o mais próximo da excelência possível.

Eu vou buscar a perfeição dentro do que é possível para a minha família, porque eu sou a mãe perfeita para o Olavo e ele é o filho perfeito para mim dentro das nossas possibilidades.

Está tudo perfeito de acordo com o que temos de conhecimento, de autoconsciência, de disponibilidade de tempo, de recursos, de amor. Enfim está tudo certo e perfeito.

Dessa forma eu acredito sim na palavra perfeição, mas acredito que ela se adapta a nossa realidade. Tudo está perfeito do jeito que é.

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Então vai cagar!

Se eu tiver que falar igual a minha mãe eu vou falar. E vai ser perfeito mesmo assim. Eu não preciso me lembrar que eu sou imperfeita. Quando a gente fala que é imperfeito na nossa sociedade, isso vem carregado de dor, de exclusão e abandono.

Conscientemente eu sei que eu sou imperfeita, mas eu não preciso falar isso o tempo todo. Eu escolho falar pra mim que eu sou perfeita do jeito que eu sou, com todas as minhas falhas e do jeito que é possível.

Então se eu tiver que falar vai cagar, eu vou falar! E vou ser eu mesma!

Logo, deveríamos parar de cobrar dos outros e até mesmo de nós mesmo a perfeição. Acredito que cada um esteja vivendo de acordo com o seu melhor. Basta encontrar a sua perfeição e o seu ponto de equilíbrio.

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