Como terminei meu namoro com a Coca-Cola

Como terminei meu namoro com a Coca-Cola

Disclaimer: Diferente de “500 Dias com Ela”, não. Isso não é uma história de amor com final triste ;)

Eu sempre sonhei em ser da Coca-Cola.

Quem nunca quis vivenciar o cotidiano das mentes que criaram a imagem do Papai Noel? Antes de me entender como gente, tinha como verdade absoluta que trabalharia lá. E pasmem: o meu sonho era, nada mais e nada menos, do que me tornar uma líder na maior empresa de bebidas do mundo. 

Lembro-me do ano que voltei do meu intercâmbio, e me falaram da oportunidade de trabalhar na área de Brand Experience. Para falar a verdade, não entendi muito bem o que eu iria fazer ali. Mas eu estaria na Coca-Cola! Puxa, seria a oportunidade da minha vida. 

Nunca vou me esquecer de um almoço que tive com meu chefe na época me questionando se eu gostava de festas. Eu, que pouco sabia o que faria ali, disse que sim- mas esse, definitivamente, não era um tema que me despertava qualquer brilho nos olhos. Mal sabia eu que a área iria organizar eventos, festas, influenciadores, promoções e o design da companhia. 

Vivi intensamente um ano em Brand Experience. Tive oportunidades únicas de trabalhar com cérebros do mercado, aprendi em uma escala exponencial. Primeiro estágio, e consegui participar do Rock in Rio! Vestida de vermelho, da cabeça aos pés, era fácil me confundir como a menina propaganda da Coca na Cidade do Rock. Depois dessa trajetória, resolvi buscar algo que despertasse a Engenheira dentro de mim. Acabei conseguindo uma oportunidade na área de Strategy & Business Planning.

Fiquei com frio na barriga com a mudança. Afinal, já tinha encontrado uma paixão em produção de eventos. Logo eu, a Engenheira que sonha em ser Marketeira, mudando de Marketing para Strategy & Insights. Eu via ali uma chance de trabalhar com algo que me desse medo- algo que eu sabia que não seria a minha fortaleza, mas que eu estava disposta a me puxar para aprender. 

Vivi mais um ano repleto de desafios. Conheci pessoas incríveis! Vi ali o valor no processo, na hierarquia e estrutura. Aprendi na prática como é essencial termos líderes inspiracionais, times colaborativos e decisões baseadas em dados. 

E aí veio a pandemia.

A loucura que foi 2020, ainda me trouxe um café com a Lucila Thompson, da VTEX. O flerte começou em Julho, e lembro-me de ficar impressionada com o brilho nos olhos que ela tinha pela empresa, e a vontade incontrolável de fazer acontecer. Quase que uma vontade irresponsável, principalmente para quem estava tão acostumada com tantos processos!

O convite para a entrevista era para uma área que nunca tinha ouvido falar: Chief of Staff. Aqui entre nós, eu me sentia traindo a Coca. Mas como que eu, Fernanda, iria sair do meu Plano de Carreira todo traçado, e iria para uma empresa e uma área totalmente imprevisível? Como que eu, a menina que mais amava a empresa, estaria conversando com uma pessoa de outra empresa sobre a possibilidade de ir para lá? Como que a Fernanda da minha infância iria aceitar aquilo? Admito que nas primeiras conversas fiquei confusa. Um produto que não é tangível como uma Sprite, que não é fixo como uma Coca-Cola, e que está em constante transformação.

E foi aí que resolvi conversar com um guru da minha carreira. Amigo do meu pai, trabalha na Amazon. Um profissional que admiro em todos os sentidos. Contei para ele o meu dilema interno entre ‘amar a Coca-Cola’ e em tempos de reestruturação global ‘considerar sair’. Foi nesse momento que ele fez uma pergunta que mudou minha percepção de carreira:

“Fernanda, você já namorou antes, não é? Você não achava que ele era a sua alma gêmea?”

Confirmei, um pouco confusa da onde ele queria chegar.

“E hoje você namora com outro garoto, e também acredita que ele seja sua alma gêmea, não é?”

Aos poucos fui entendendo. Dizem que você só encontra uma alma gêmea na vida. Mas será que isso se encaixa no meio profissional? 

Abri meus olhos para uma oportunidade completamente diferente do que aprendi e absorvi da Coca-Cola. Assim como em um relacionamento, a Fernanda da infância tinha amadurecido e buscava algo que a tirasse da zona de conforto. Enquanto a gigante de bebidas poderia me ensinar sobre organizações altamente estruturadas, com processos bem definidos e metodologias assertivas, a VTEX podia me ensinar trabalhar sob constante mudança, agilidade e transformação.

Deu match. Fiz o processo, fui aprovada e hoje completo 2 meses na empresa.

Com uma semana aqui, recebi o desafio de coordenar um evento para todo o time de vendas da companhia. Lembro que tive que convencer toda a liderança, literalmente 7 dias depois da minha entrada, de que o evento era necessário para o sucesso da VTEX. Lembro que perguntei sobre o budget. A resposta? “Qual o budget que você acredita necessário para atingir esse objetivo?”. Lembro que perguntei sobre a rotina da área. A resposta? “Qual você acha que deve ser a rotina da área?”. 

Acho que entendi aquilo de alma-gêmea.

Às vezes você dá sorte na vida, e encontra duas metades da laranja.

This is VTEX!





Inspirador! Parabéns pela experiência, com certeza já ajudou muita gente.

👏🏻 parabéns fe!

Eduardo Moraes

Headhunter at Options Group - São Paulo

3 a

Que demais esse texto! Parabéns pela jornada!

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