Como um aumento na taxa de juros americana afeta a Bovespa
São Paulo - O Federal Reserve, o banco central americano, decidiu manter a taxa de juros de 0,25% a 0,5%. Entretanto, o argumento para aumentar a taxa de juros se fortaleceu e os dirigentes do Fed preveem que o aumento ocorra ainda neste ano, pois avaliam que o ritmo de crescimento no país deve continuar moderado e o mercado de trabalho deve se fortalecer.
As expectativas em relação ao aumento da taxa de juros nos Estados Unidos têm refletido na bolsa brasileira. A cada declaração do Fed, que sinaliza que o aumento da taxa está próximo, o Ibovespa recua. No começo do mês, o principal índice da Bolsa chegou a cair 3,71%, após a declaração do presidente do Federal Reserve de Boston, Eric Rosengren.
O mau humor do mercado interno em relação ao aumento da taxa americana se deve ao receio de fuga de capital. É o que explica Felipe Martins Silveira, analista da Coinvalores.
“Os investidores olham primeiro para a qualidade do investimento. Os Estados Unidos, mesmo tendo juros pequenos, o fluxo próximo de zero acaba atraindo o capital de outros países”, acrescenta.
Países emergentes
Caso o Fed decida realmente aumentar a taxa de juros no final do ano, todos os países irão sentir o impacto. Mas os emergentes serão os mais prejudicados, inclusive o Brasil.
Lucas Marins, analista da Ativa Investimentos, explica que a “fuga pela qualidade” afetará os países subdesenvolvidos, que são considerados os mais arriscados para investir.
“O Brasil tem um risco mais elevado. As pessoas vão querer colocar o dinheiro nos Estados Unidos porque é mais seguro. O aumento da taxa vai dar mais atenção para isso”.
E o dólar?
O aumento da taxa de juros também impactará no câmbio. A expectativa é que haja uma valorização da moeda americana e consequentemente, uma desvalorização do real.
“Uma alta dos juros faria com que a concentração dos investimentos nos Estados Unidos levasse a uma queda no preço do petróleo, o que causaria uma desvalorização do real.”, explica o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito.
O economista explica que se o Fed aumentar a taxa, a projeção do mercado é de que o dólar vá para R$3,30 e chegue a R$3,45 em 2017.
Jason Vieira, economista da Infinity Asset, explica que a tendência de atração de investimentos aos Estados Unidos é de valorização global do dólar, tendo um efeito diferenciado em cada empresa, dependendo do setor.
Segundo Vieira, “o setor exportador se beneficia do processo e aqueles que investem em matéria prima importada, na linha contrária.”
É o momento certo?
Apesar das expectativas, algumas autoridades do Fed ainda não estão certas de que o mercado está preparado para um possível aumento.
Lucas Marins, analistas da Ativa Investimentos, explica que Fed levará em consideração dois dados importantes antes de tomar a decisão: o desemprego e a inflação, que deve estar maior que 2%, o que ainda não ocorre no país.
“Apesar do país não ter chegado a 2% de inflação, o desemprego está baixo, mas muito se deve a taxa de participação.” Ou seja, as pessoas não estão mais procurando emprego, estão desistindo. “Isso faz a taxa de desemprego cair sem que o desemprego realmente tenha diminuído.”
Exame.com
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8 aArtigo muito interessante e retrata bastante o momento que passamos e a necessidade de recebermos investimentos estrangeiros com abundância para recuperarmos a credibilidade que nosso país merece.