Compensação de carbono para pessoas físicas

Você sabia que pessoas físicas também podem compensar suas emissões de carbono? Com ESG na moda, cada vez mais pessoas se perguntam como fazer sua parte e reduzir seu impacto ambiental. Aproveitando-se desta tendência, começam a aparecer alternativas para pessoas físicas poderem compensar suas emissões.

Introdução

O carbono está basicamente em todas as formas de vida e constantemente emitimos carbono na atmosfera por meio de nossos hábitos diários. Simplificando, a soma do carbono que emitimos é chamada de pegada de carbono. Podemos reduzir esta pegada mudando hábitos e também  compensá-la adquirindo créditos de carbono, o que pode ser feito por um sistema que promove o intercâmbio entre quem gera créditos de carbono e quem precisa compensar suas emissões.

Compensação de emissões para pessoas físicas

Projetos de compensação de carbono são mais comuns para empresas e instituições, mas começam a aparecer alternativas para participação de pessoas físicas. Antes de decidir compensar emissões, é necessário medir quanto se gera, para poder então escolher as opções disponíveis. 

Várias das ferramentas disponíveis para pessoa física já oferecem alguma versão de calculadora de impacto como parte do processo de escolha. O primeiro passo é inserir as atividades diárias para o sistema realizar uma estimativa da pegada. Depois, são oferecidas opções para escolher o quanto de carbono se quer compensar.

O que se ganha com a compensação de emissões para pessoa física?

Benefícios:

• Alavancar e disseminar iniciativas que já estão disponíveis para empresas e organizações;
• Engajar na questão de emissões de gases de efeito estufa - este é um tema abstrato para muita gente; ter alternativas de compensação individuais pode gerar sensação de pertencimento e que soluções estão ao alcance de todos;
• Contribuir para a conscientização dos impactos ambientais que as escolhas do dia a dia geram e formas de diminuir este impacto por meio de melhores escolhas - as calculadoras de impacto ajudam bastante nisso;
• Permitir a escolha de projetos de compensação que fazem mais sentido para cada pessoa, com foco em temas ou regiões que geram conexão.

 Potenciais riscos:

• Perder efetividade: a maioria das pessoas não têm o conhecimento mínimo para fazer uma análise criteriosa de quais projetos são de fato relevantes ou que contribuem de forma mais significativa. A escolha pode acabar se dando apenas pela comunicação mais eficiente, não necessariamente pela validade técnica da solução;
• Servir de justificativa para não gerar mudança dos hábitos, com o pensamento "já compensei" - a compensação normalmente é mais barata e mais fácil que a mudança de hábito;
• Limitar a visão do consumidor em relação a ESG ou impacto ambiental apenas a emissões de gases de efeito estufa - são muitos outros fatores envolvidos e que requerem ações individuais e coletivas;
• Gerar confusão ou perda de confiança: a variedade e complexidade de iniciativas e o uso de termos que não são de conhecimento geral podem levar o consumidor sentir-se perdido e também abrir espaço para iniciativas oportunistas sem tanta validade técnica, comprometendo a credibilidade no médio prazo.

Exemplos de plataformas existentes

Listamos aqui 3 exemplos que têm tornado mais simples e rápido o processo para pessoas físicas acessarem o mercado de crédito de carbono, antes restrito a grandes empresas ou organizações.  Plataformas como estas contribuem para o cálculo das emissões e fazem a ponte com projetos certificados e auditados de reflorestamento e proteção ambiental de florestas.

Moss.Earth : (calculator.moss.earth) é uma climatech brasileira com soluções ambientais, dentro do mercado de carbono, e se destaca como a maior plataforma ambiental do mundo. O objetivo da startup é digitalizar e transformar o sistema global de serviços ambientais por meio do uso de blockchain e serviços descentralizados. O foco são projetos que fazem parte do mecanismo REDD e REDD+ (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação florestal somado à conservação do território).

A Moss possui uma calculadora que considera algumas especificações mais detalhadas, como a região do país onde você mora, se você utiliza GLP ou gás encanado, quais os seus hábitos alimentares e aquisição de roupas. É fornecido o valor anual com base no ano anterior, porém exige login para ver os valores e opções de compensação, sendo uma opção bem completa.

Carbonext : (app.carbonext.com.br/calculator/personal) promete rastreabilidade, certificação e auditoria pelo Verra.org e provê o serviço para pessoas físicas, empresas e também como vale-presente.

Apresenta uma calculadora de emissões, que não requer login para ser utilizada. Funciona para dar uma ideia geral, mas possui algumas falhas, como: não considerar hábitos alimentares; não fazer distinção da região onde a pessoa mora nem do tipo de veículo e combustível que utiliza.

Depois de calculado o impacto, oferece opções de assinatura mensal para contribuir com seus projetos e um clube de benefícios. Nos planos disponíveis, sugere "carbono consciente" com 50%, "carbono neutro" com 100% ou "carbono positivo" com 200% de neutralização do resultado da calculadora.

Foi fundada por uma engenheira florestal da ESALQ em 2010. Foca em projetos REDD+ na Amazônia, assim como a Moss, o que configura uma certa limitação pois há outros biomas e regiões no país que também devem ser cuidados.

Ambify : (www.ambify.com) é uma plataforma desenvolvida pela Ambipar no final de 2021, especificamente para a compensação de carbono por pessoas físicas. Semelhante a Moss e Carbonext, possibilita a compra de tokens (ativos digitais) equivalentes a créditos de carbono em projetos de redução de emissões de gases de efeito estufa. Também utiliza a tecnologia Blockchain e possui sua própria calculadora online de pegada de carbono, não necessitando de login para calcular nem estimar a compensação

Tem o foco na conservação florestal, agricultura regenerativa e geração de energia limpa, e também promete certificação Verra. Ao final de cada compensação, a plataforma destina 5% do valor de cada compra de crédito de carbono realizada a entidades que apoiam projetos sociais que podem ser escolhidas pelo próprio usuário. Cada crédito, chamado de Ambify, corresponde a 1 kg de carbono compensado e é possível realizar a transferência dos Ambify’s de uma pessoa para outra.

Conclusão

A emissão gases de efeito estufa na atmosfera é um problema coletivo, que requer ações de todos. Por um lado, é mais efetivo que os próprios produtos e serviços sejam desenhados de modo a reduzir ou anular seu impacto, e que os consumidores escolham as alternativas menos impactantes. Por outro, essa é uma mudança que leva tempo, tanto por parte das empresas quanto dos consumidores, então a compensação para pessoas físicas pode ter seu espaço despertado pela curiosidade pelo tema. A rastreabilidade das iniciativas, aliadas à tecnologia de blockchain pode abrir novos desenvolvimentos num mercado que começa a surgir.

Você conhecia esse segmento? Conte sua opinião. Caso tenha testado alguma das alternativas, fale sobre sua experiência nos comentários!

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