Comportamento de consumo x Copa Feminina: por que torcer importa?

// Por Sara Cohim

Estamos sempre olhando para o que devemos acompanhar, quais são as próximas tendências que devemos ficar atentos, etc. Mas trago para a gente uma reflexão que vem antes da tendência ser lançada e pergunto: por que tendências viram tendências? Por que passamos a acompanhar um caminho que foi analisado como o caminho "correto"?

Tendências são o que são porque marcas querem ter sucesso e querem se sentir cada vez mais próximas do seu público. E é assim que os comportamentos são lidos, de maneira clara e cuidadosa, para entender quais caminhos estão sendo buscados, aceitos e incentivados pela sociedade de consumo.

Aqui faço um parênteses para dividir uma experiência acerca do tema. Três anos atrás, estávamos na pandemia, e a moda do momento eram as lives. Assisti uma delas onde uma maquiadora digital influencer conversava ao vivo com a pessoa responsável pelo setor de inovação de uma famosa marca de maquiagem. Em certa altura, a pergunta que chegou foi "quais as próximas tendências no mercado de maquiagem?" – a resposta veio sem pestanejar: em três anos, as maquiagens de maior sucesso devem parar de olhar apenas para a estética e começar a olhar para o cuidado com a pele.

Três anos depois, tenho visto a maioria esmagadora das marcas chegando com linhas que associam resultado e estética. Esse tempo foi necessário para modificar o mercado e transformar uma tendência, enxergada a partir do comportamento da sociedade de consumo, para a realidade.

Mas o que tudo isso tem a ver com futebol? Com seleção feminina? Muito.

Hoje, nós temos uma seleção feminina composta por grandes nomes do futebol, como a Marta, 6 vezes melhor do mundo, artilheira absoluta em Copas do Mundo. Ninguém, nem no futebol masculino, nem no futebol feminino, tem tantos gols como ela. E essa jogadora mais uma vez começa a Copa sem um patrocinador nas chuteiras.

Se você não acompanha muito futebol, talvez isso não lhe diga nada. Mas vou explicar um pouco melhor: Neymar, hoje, recebe 143 milhões de reais anualmente da Puma, seu patrocinador de chuteira. Sabe quantas vezes ele foi eleito o melhor do mundo? Zero!

E por que isso acontece? Tendência e comportamento da sociedade de consumo. Temos uma atenção muito maior direcionada para o futebol masculino do que para o feminino. E isso faz com que o aporte financeiro de grandes empresas, para ter a sua marca associada ao futebol masculino, seja muito maior do que ao feminino.

O futebol feminino tem sido tema nas rodas de conversa, ganhando espaço também nas transmissões de TV aberta. Mas esse movimento precisa se mostrar claro através da audiência.

Por isso, é importante colocarmos o despertador para ver nossa seleção na Copa do Mundo. Nosso comportamento, enquanto sociedade de consumo, vai ditar tendências e aportes financeiros das grandes marcas. E quem sabe em alguns anos, vamos ver Ary Borges, uma das estrelas da seleção brasileira, com um valor semelhante ou maior do que o que Neymar recebe.

E te garanto, gostando ou não do esporte, dê uma chance de ver o futebol lindo que essas mulheres têm levado para o campo.

Precisamos sempre falar. O recurso maior para o futebol masculino não tem nada a ver com qualidade, beleza ou capacidade. Tudo está diretamente ligado a onde os olhos que consomem estão direcionados.

E aí? Já colocou seu despertador para sábado, Brasil x França, às 7:00 da manhã?

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Até a próxima.

// Sara Cohim é formada em Comunicação Social com ênfase em Jornalismo e possui cursos de aprofundamento em Marketing Digital.

Com vasta experiência em agências de Salvador, atualmente atua como Account Manager na HIKE.

Ela está sempre conectada com o que o presente traz de novo, mas compreendendo que o passado carrega lições que permeiam e devem ser vistas com atenção. A junção dos três momentos (passado, presente e futuro) é a chave para entender e desvendar caminhos para criar uma comunicação de impacto e inspiração.