Repertório criativo: da inspiração à diferenciação

Repertório criativo: da inspiração à diferenciação

// Por Fernanda Queiroz

Está tudo muito parecido ou estamos todos bebendo das mesmas fontes?

Sabe aquela sensação de abrir o TikTok e achar que todo mundo está frequentando os mesmos restaurantes, compartilhando as mesmas fotos e criando as mesmas marcas? Chamem de inconsciente coletivo, zeitgeist ou mera coincidência, a verdade é que está cada vez mais difícil encontrar algo realmente inovador.

Na última newsletter, falamos sobre a importância de criar marcas autênticas que se diferenciam além dos seus atributos ou aparência, e que para isso era necessária uma alta dose de criatividade

Aquele conceito de que a criatividade se resume a trabalhos artísticos já está ultrapassado. De acordo com o relatório sobre o futuro do trabalho desenvolvido pelo World Economic Forum, em maio deste ano, o pensamento criativo está entre as duas habilidades mais importantes para trabalhadores de todos os setores, ficando atrás apenas do pensamento analítico. Ou seja, habilidades cognitivas vêm ganhando importância, refletindo a necessidade de resolver problemas complexos no ambiente de trabalho. 

Habilidades técnicas, apesar de muito importantes, podem ser aprendidas mais facilmente. Você consegue ler um manual, fazer um curso, assistir a uma aula ou até um video tutorial no Tik Tok, mas devemos compreender que esse conhecimento sozinho não é capaz de ser inovador, ele deve ser complementar a outras vivências e até aos próprios instintos.

Por isso a importância de adquirir repertório. Na segunda temporada da série The Bear, acompanhamos os bastidores da concepção de um restaurante. No processo criativo, os edifícios de Chicago, as memórias de infância e até mesmo os traumas servem de inspiração para a criação do menu autoral. 

Se a criatividade é um reflexo das nossas vivências e estamos bebendo das mesmas fontes, de onde vai surgir a inovação? 

O livro The Global Brooklyn (Fábio Parasecoli e Mateusz Halawa) faz um compilado de cafés e restaurantes que seguem os mesmos padrões estéticos e comportamentais, mesmo estando situados nas mais diversas cidades do mundo como Mumbai, Rio de Janeiro, Tokyo e Lisboa.

O bairro novaiorquino se tornou uma referência no imaginário coletivo para os que buscam incorporar um certo fator cool, por ser um local reconhecido e amplamente utilizado como cenário de filmes e séries distribuídos mundialmente.

Com a ampla disponibilidade de imagens de referência online e sites como Pinterest e Behance facilitando a criação de moodboards, podemos cair na armadilha de criar uma ideação visual superficial para um projeto - seja ele de qualquer natureza. 

Moodboards são incríveis para tentarmos sintetizar ideias, compilar inspirações ou antever possíveis soluções. O problema é que ao utilizá-lo puramente para componentes estéticos, ele pode resultar numa variação de um mesmo tema, com uma gama de referências muito parecidas por trás de cada inspiração, e então essas referências são remixadas e diluídas, gerando uma homogeneidade visual

Se ao somarmos a + b chegamos em ab, seguimos na mesmice. A soma de a + b deve ser algo completamente diferente, e é possível chegar nesse ponto se fazemos conexões significativas, em vez de nos basearmos apenas em influências estéticas. O pensamento criativo exige análise crítica, o conceito e a estratégia devem se sobrepor e precisamos diferenciar o que é uma inspiração de uma variação do mesmo tema.


Criatividade é o poder de criar conexões entre mundos aparentemente desconexos.

É utilizar um conhecimento adquirido numa aula de jardinagem para criar uma solução para o gerenciamento do seu time. Como você abre uma gaveta sem ter a sua chave? O pensamento criativo é o que vai te fazer buscar a solução para esse problema através de outras ferramentas.

No projeto de rebranding da HIKE - pequeno spoiler! - o pensamento criativo envolvendo a narrativa de marca de trilhas e jornadas foi usado para solucionar um problema complexo do próprio negócio. 

Pra fechar: sabe aquela ação da MTV “desligue a TV e vá ler um livro”?  É uma tentativa de ampliar repertório.  Ligue a TV, leia um livro, mas comece a traçar seus pontos de convergência, articule conexões improváveis e não esqueça de olhar pela janela. O dia está lindo lá fora, vai dar um passeio.


// Fernanda Queiroz é movida pela curiosidade. Pós graduada em Comunicação e Marketing de Moda, utiliza suas expertises multidisciplinares no setor criativo como ferramenta de conexão. Possui um olhar apurado para o senso estético e ávido por explorar o mundo através dos seus sons, sabores e artes. 

Atualmente lidera o setor de Branding da HIKE e procura inspirar seu time a criar marcas autênticas.

Carlos Andrade

Diretor de Incorporação na CAPA Incorporadora

1 a

👏🏽👏🏽👏🏽

Alberto Novais de Queiróz

Auditor Fiscal na Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia

1 a

Ótimo, Nanda. Go ahead ‼️

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