COMUNICAÇÃO E AÇÃO TRABALHISTA
Dirceu Pio * (Autor de A Força Transformadora da Comunicação Interna e Caminhos Seguros para o Empreendedor)
Ainda ontem conversava com uma advogada trabalhista, minha amiga, sobre as agruras relatadas por seus clientes-empresários na hora de instituir entre colaboradores a “cultura da responsabilidade”.
Ela me relatou o que lhe disse um deles, de uma indústria química de médio porte: “A gente compra o material de segurança, entrega, insiste para que usem, mas ninguém usa!” Então, ela replicou: “Na hora de julgar uma ação trabalhista de um colaborador que adoeceu por insalubridade do ambiente , o juiz do trabalho não vai querer saber porque ele não usou...vai apenas constatar que não usou!”
A conversa serviu para que refletíssemos sobre o quanto é difícil instituir uma nova cultura nas empresas que não trabalham num regime de comunicação efetiva e eficaz...O comprometimento, seja com a responsabilidade ou com qualquer outra necessidade do ambiente de trabalho, não brota de repente para atender ao desejo emergente do comando...ele é como uma planta que cresce e se desenvolve ao longo de longo trato, digamos, fitossanitário –adubação, irrigação, poda, etc...
O comprometimento nasce, antes de tudo, da motivação.... Em meu livro – A Força Transformadora da Comunicação Interna – deixo claríssimo que a motivação só pode nascer do compartilhamento interno dos assuntos estratégicos...
Foi o tempo em que o colaborador se contentava em cumprir ordens ou assistir passivo ao desenvolvimento de um negócio; hoje, ele quer participar da gestão, opinar, sentir-se parte...e é desse “pertencimento” que aflora a motivação...
Uma coisa está umbilicalmente ligada à outra: se não é informado dos assuntos estratégicos, não participa e se não participa, não se motiva...
Em meu livro conto a história, real, de um empresário de Belo Horizonte, do setor de comunicações, que de repente viu-se na iminência de falir: o chamado Plano Collor (1990) confiscara todas as reservas da empresa.
Foi quando teve a iniciativa salvadora: reuniu todos os seus colaboradores, comunicou suas dificuldades em detalhes e pediu ideias de superação das dificuldades.
Foi como se tivesse aberto as comportas de um reservatório de criatividade: em uma semana, recebeu dezenas de boas ideias, factíveis, rentáveis. Adotou grande parte delas, superou a crise e mudou seu estilo de gestão: seus colaboradores deixaram de ser espectadores ou simples executores de ordens. Tornaram-se parceiros efetivos do negócio...
Se tivessem de usar equipamentos de segurança, usariam...e provavelmente tomariam a iniciativa de usar...Passaram a trabalhar muito motivados!