Comunicar bem é saber com quem se fala
O segredo da comunicação eficiente é saber 'para quem se fala' e não 'quem fala'. Fazer com que se entenda isso é, talvez, um dos maiores desafios de um assessor de comunicação.
Muitas vezes os assessorados tendem a acreditar que suas ideias e concepções a respeito da forma de comunicar são as mais adequadas e, o profissional de comunicação é apenas quem formatará o conteúdo pré-concebido do modo imaginado. Experiência no ramo de atividade, conhecimento empírico e até sensibilidade, costumam surgir como justificativas para a mania de querer direcionar o trabalho do assessor de comunicação.
O empirismo, aliás, é elemento recorrente no fracasso de um plano ou política de comunicação, pois em comunicação não há espaço para 'achismo' ou amadorismo.
O dilema das redes sociais comprova isso. Ao empoderar os usuários e transformá-los em produtores de conteúdo, as redes abriram caminho para os danos colaterais causados por erros na forma de comunicar.
Saber com quem se fala é essencial para montar materiais adequados em conteúdo, forma e linguagem, capazes de atender a um público que, cada vez mais, busca uma comunicação personalizada.
Só para citar um exemplo: o Caso Madero. Em março de 2020, quando a Covid-19 espalhava medo e mortes pelo país e as primeiras medidas duras de isolamento social eram implantadas, o empresário Junior Durski, dono da rede de restaurantes Madero publicou um vídeo no Instagram no qual defendia que o país não podia parar por “por 5 ou 7 mil mortes”.
Para passar vergonha no crédito, Durski ainda disse que o fechamento parcial do comércio teria “consequências muito maiores do que as pessoas que vão morrer por conta do coronavírus”.
O vídeo viralizou e o Madero foi parar no trend topics do Twitter, com uma ameaça de boicote. A revolta dos usuários afastou sócios importantes da marca, como o apresentador Luciano Huck. E mesmo sem boicote, as vendas despencaram. Somente no passado, a empresa acumulou um prejuízo de R$ 115 milhões.
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"O FREGUÊS SEMPRE TEM RAZÃO"
A famosa regra do comércio - que hoje parece ter sido esquecida - 'o freguês sempre tem razão', pode ser adaptada para a comunicação, seja corporativa ou pública: 'o público sabe o que quer'.
E para saber o que este público quer ou como quer, é preciso o óbvio: conhecê-lo.
As mesmas redes sociais usadas como canais de comunicação são as ferramentas mais valiosas para se conhecer com quem se fala. O Facebook, por exemplo, oferece ao menos 10 métricas básicas e poderosas para conhecer o público: número de fãs, engajamento, visualização de pagina, pessoas alcançadas, alcance, tipos de publicações, número de impressões, custos por clique, frequência e custos por ação.
No Instagram este número básico sobe para 21.
Saber com quem se fala é essencial para montar materiais adequados em conteúdo, forma e linguagem, capazes de atender a um público que cada vez mais busca uma comunicação personalizada. Ou seja, não basta dizer o que o público quer ouvir, mas entregar como e onde ele quer.
Se alguém pensa que tais tarefas podem ser desempenhadas por amadores, cuja maior experiência em comunicação é abastecer suas redes privadas, está enganado. De boa vontade e achismo, o inferno virtual está cheio. E se cair na rede...
#ficaadica.