Confissão das Dores Silenciosas

Confissão das Dores Silenciosas

“Aquele enorme vazio me angustia de novo. As manhãs têm sido cada vez mais difíceis...

Sonho, por 1 segundo, que o despertador não toca e que ele nem existe. Entendo que é só o começo de mais um dia de batalha e de sofrimento. Já levanto torcendo pra que os ponteiros do relógio corram mais rápido e pra que a noite chegue logo.

Só que, diferente do passado, não estou mais afim de guerra. Não me sinto tão forte para lutar. Hoje, cada vez mais, esse dia a dia não faz sentido para mim.

Torço, inconscientemente, para que algo aconteça. Mas me sinto de mãos totalmente atadas. Não tenho o que fazer e nem sei para onde ir. Tenho um nome a zelar e uma padrão de vida a manter. Mas, me sinto cansado!

Sabe que sonho calado que sou demitido, apenas para ter alguns dias de descanso e de cabeça vazia!? Esta ideia, mesmo dolorosa, poderia me deixar um tempo fora dessa dinâmica..."

Infelizmente, essa descrição não é fictícia... É a descrição de um dos meu clientes, no início de seu trabalho comigo.

Cresce, cada vez mais, o número de pessoas descrentes e descontentes com os caminhos profissionais que escolheram.

Tomamos algumas decisões essenciais nas nossas vidas com muito pouca maturidade e com uma visão restrita ao curto prazo, enxergando apenas os primeiros anos da jornada.

Reforçado pela pressão da família, claro que por amor, somos praticamente orientados a escolher caminhos que vão nos dar o retorno mais rápido. Aqueles que vão fazer com que a gente ganhe bem, que consiga nossas primeiras conquistas materiais e que, acima de tudo, nos tire da zona de degola. Buscamos caminhos que façam com que a gente não dependa, em nada, dos ditos serviços públicos, por exemplo.

Queremos ter um bom plano de saúde, morar em um lugar relativamente seguro, ter um carro que nos proteja de assaltados nos transportes públicos e que nos gere comodidades, colocar nossos filhos em boas escolas, criar uma história de carreira consistente que faça que sejamos aceitos socialmente, entre outras tantas coisas.

Enfim, tudo a nossa volta nos pressiona a fazer a opção por algo que nem sempre, realmente, gostamos mas que vai nos trazer alguma segurança financeira.

E, quando a gente tem essas primeiras conquistas no início da vida, tudo parece maravilhoso! Só que, com o tempo, a gente vai percebendo que não somos mais promovidos tão rápido como antigamente, que o dia a dia no trabalho quase nos rouba todo o nosso tempo, que aos poucos vamos contanto o tempo para chegar o fim de semana, a aposentadoria, o fim da nossa jornada...

Percebemos que não era exatamente isso que queríamos da nossa vida! Não era exatamente isso que queríamos passar o resto da nossa vida fazendo! Não era exatamente isso que iria nos fazer felizes!

Só que agora, com 35, 40, 50 anos, com a carreira construída e com as conquistas materiais estabelecidas, acreditamos que não dá mais para mudar. Em silêncio, sem falar para ninguém, torcemos e rezamos para que a reforma da previdência não passe. Não podemos falar deste desconforto, pois socialmente precisamos parecer felizes para a família e os amigos que nos cercam. Não podemos demostrar fraqueza...

E, o tempo passa e vamos envelhecendo em silêncio, presos em uma circunstância que nós mesmos criamos, com uma enorme ajuda de tudo que nos cercava e cerca.

Se você esta passando por isso e se, de certa forma, você se identificou, talvez você precise de ajuda. Talvez você precise conversar com alguém e ter a colaboração de uma visão externa à sua situação. Pois, as dores silenciosas são as mais perigosas...

Tenho ajudado a centenas e centenas de pessoas a criarem suas novas realidades, quando elas imaginavam que era impossível fazer uma mudança como essa nessa altura da vida.

Por isso, me conte aqui nos comentários ou por mensagem direta o seu momento e suas reflexões. Me conte quais foram as suas escolhas e o porquê de estar questionando-as. Vou adorar poder te ajudar!

Patricia Oliveira

Psicóloga clínica | Terapia individual | Psicoterapia | Psicologia | Saúde Mental | Neurociências

5 a

Texto maravilhoso Cícero, talvez seja a sacudida da vida que precisamos levar. Parabéns!

Excelente texto, parece que sou falando !!

Luiz Eduardo Pereira Junior

CTO, COO, Diretor de TI e Operações

5 a

Katiane Oliveira dá uma olhada nos textos dele

Cicero Andrade, poucas palavras, muito significado. Não é só quem está descontente com sua atuação profissional atual. Eu me vejo há algum tempo nessa situação, desde que minhas empresas fecharam. E com isso você se fecha também. Sabe que se entregar é a pior decisão, e a mais confortável. A luta é diária.

Nilo Cezar Alves Leite

Diretor Técnico Comercial na ACA Engenharia e Assessoria

5 a

Excelente texto. Com a maturidade mais avançada está reflexão fica mais arraigada, principalmente quando percebe que durante anos, muitos deles com maior afinco e dedicação, você acaba adquirindo conhecimentos, logicamente também sabedor que muito temos por aprender. Mas quando percebe que não pode compartilhar sua experiência, por não ser aceito por n´s motivos 'inexplicáveis', muitos deles, por modismo, pré conceitos e por que não salientar o despreparo de alguns 'profissionais'...  Levantar de manhã torna-se mais difícil, mas a maturidade nos obriga a se reinventar a todo momento para prover a si e a sua família. Não trata-se de desabafo, mas uma reflexão muito dolorosa. Grato por participar dos comentários. Abraços e sucesso, sempre! Nilo

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