Confissões de uma profissional do Mercado Financeiro

Outro dia li em uma revista eletrônica um relato (anônimo) de um profissional do mercado financeiro fazendo um desabafo sobre a realidade que muitas pessoas não sabem sobre a profissão de Assessor de Investimentos.

Em resumo ele contava da sua decepção ao perceber que havia “comprado gato por lebre” e que, na prática, a profissão não lhe trouxe autonomia, flexibilidade ou boa remuneração, como lhe fora “vendido” durante o processo de recrutamento. Ressaltou a cobrança excessiva por resultados e o formato “quadrado” de trabalho muito semelhante ou até mais rigoroso do que o modelo CLT, com a diferença de não contar com a estabilidade deste. Por fim, reforçou o ambiente tóxico do escritório e os abusos sofridos durante a sua permanência na empresa.

Vamos falar sobre isso?

Se, há alguns anos, alguém me dissesse que eu trabalharia no mercado financeiro, minha resposta seria uma estrondosa gargalhada!

Primeiro porque os números nunca foram a minha praia, sou de humanas até o último suspiro. Segundo porque, de fato, existe um estigma muito forte e negativo no mercado financeiro que me fazia enxergá-lo como um sério risco à saúde mental das pessoas. E cá estou eu, mordendo a própria língua e há quase três anos atuando na área de Gente & Cultura de um dos maiores escritórios de investimentos da rede XP, a Nippur Finance .

Eu acredito que, como eu qualquer outro segmento, existem empresas excelentes e empresas ruins, modelos de gestão mais arrojados e modelos mais tradicionais, companhias que olham exclusivamente para os números e outras que enxergam as pessoas como um ativo valioso. Mas não sejamos inocentes, nenhuma empresa pode se dar ao luxo de não olhar para os números, de não estabelecer metas e objetivos claros, de não focar em crescimento, afinal, esses aspectos são indispensáveis para garantir a continuidade do negócio, fazer a economia girar e contribuir para a prosperidade e distribuição de riqueza.

Estou convicta, também, de que a cobrança por resultados em si, não é o maior problema, mas a forma como isso é feito, que muitas vezes além de inadequada, vem desacompanhada dos incentivos, ferramentas e recursos (inclusive emocionais) que auxiliem nessa busca.

De maneira alguma posso invalidar o relato que usei para iniciar essa reflexão. Não fui eu quem viveu a situação, não fui eu quem sentiu o que nele foi narrado. O que sei é que muito embora ele possa representar a realidade de muitos profissionais, ele também se distancia da vivência de tantos outros.

É fato que o estigma que paira sobre o mercado financeiro, em grande parte foi alimentado pelo próprio mercado, mas é fato também, que muitas empresas desse setor têm contribuído para enfraquecê-lo, mostrando que é possível equilibrar humanas e exatas e construir uma receita de sucesso.

É claro que a competitividade existe, é claro que os desafios são muitos, é obvio que o mercado é intenso e exige de seus profissionais agilidade e jogo de cintura para lidar com uma boa dose de pressão, mas arrisco dizer que essas características não são uma necessidade ou desejo exclusivos do mercado financeiro, elas são fundamentais ao empreendedor e ao intraempreendedor, seja qual for o seu ramo de atuação.

É por isso que volto a frisar, o que torna o ambiente das empresas insalubre, não é a cobrança em si, mas a falta de humanização, a existência de práticas que atropelam o indivíduo e exaltam o lucro a qualquer custo.

Sinto-me feliz em fazer parte de uma Organização que está protagonizando essa quebra de paradigma. Aqui (na Nippur Finance ) a selva existe apenas da porta para fora! As pessoas não são como animais famintos em busca de um pedaço de carne (acredite, essa analogia é conhecida por muitos profissionais).

Todos têm o seu próprio caminho para construir e é necessário colocar foco e energia nisso, mas todos também sabem que esse jogo é coletivo. E como em todo o jogo coletivo, a performance individual é importante, mas sozinha ela não define a partida. Você pode até não acreditar, mas o espirito cooperativo não é incompatível com o mercado financeiro.

Aqui somos um time! Vibramos pelas conquistas uns dos outros (aliás, a assessora top 1 do Brasil está na nossa casa! Aline Lopes - CEA ), doamos um pouco do nosso tempo em prol do todo, acreditamos no autoconhecimento e no autodesenvolvimento como ferramentas de alavancagem e já construímos muitas iniciativas visando apoiar as pessoas, tanto tecnicamente como emocionalmente, inclusive com canais de escuta para essa finalidade (ps.: sabemos que ainda há muito a fazer).

Ah mas não se engane! O mundo aqui não é cor de rosa. Conversas difíceis acontecem, os ânimos ficam acalorados de vez em quando, a gente discorda uns dos outros, comete erros, temos metas para cumprir e uma porção de desafios para vencer. É do jogo! 

Confesso: Ainda que eu não soubesse, é possível que já estivesse escrito que um dia eu trabalharia no mercado financeiro. Há nele muitos aprendizados para mim e talvez eu também tenha algumas entregas para ele.