Congresso e Exposição Mundial de Cidades Inteligentes - Smart City Expo World Congress 2016 - Barcelona

Ideias e conhecimentos devem ser compartilhados mundo afora, somente desta forma enfrentaremos o grande desafio que é viver em cidades que, a medida que crescem em população, carecem na qualidade dos serviços e infraestrutura. O congresso e exposição mundial sobre Cidades Inteligentes,  Smart City Expo World Congress 2016, que aconteceu de 15 a 17 de novembro em Barcelona, foi a melhor oportunidade de interagir com pessoas do mundo todo e perceber que não estamos em uma ilha isolada - nossos problemas urbanos são muito parecidos com o resto do mundo, e as soluções também são. O encontro entre os mais de 16.688 visitantes, a presença de mais de 600 cidades, e os mais de 420 palestrantes, estimulou o debate sobre os desafios enfrentados pelas cidades, o compartilhamento de conhecimento encorajou o pensamento “fora da caixa” e inspirou uma convocação mundial por ações a fim de desenvolver cidades mais inteligentes e sustentáveis.  

O congresso abordou os principais eixos que precisam ser debatidos quando se trata de transformar uma cidade em Cidade Inteligente e melhorar a qualidade de vida das pessoas - Governança , Economia, Mobilidade, Sociedade, Sustentabilidade, Tecnologia, Dados e Segurança. Já a exposição, que contou com as principais multinacionais de tecnologia e também Startups, mostrou as principais inovações tecnológicas que auxiliam essa transformação - Internet das Coisas por meio de sensores de vagas de estacionamento, de vazamento de água, de nível de lixeiras, de qualidade da água e do ar, plataformas colaborativas que empoderam o cidadão, iluminação pública com energia renovável, meios de transporte compartilháveis, Big Data para a gestão das cidades, segurança cibernética, videomonitoramento com ferramentas de análise, ferramentas inovadoras para a educação, entre tantas outras. Na exposição, foi grande a participação de cidades e países com seus próprios estandes, os quais promoviam seus centros de pesquisa e empresas locais, como startups, por exemplo.

Ao conversar com empresários, pesquisadores e entusiastas durante o evento, percebe-se que estamos nos movendo para uma nova era em que fronteiras geográficas e políticas não são mais relevantes. As pessoas estão sendo identificadas como “cidadãos globais”, e isso acontece porque estamos mais conectados do que nunca. Como resultado, uma “mudança no sistema” está tomando conta do mundo hoje, no qual as cidades - não as nações - são os principais players globais. Com as crises econômicas sofridas por diversos países na última década, cidades no mundo inteiro enfrentam dificuldades financeiras, em proporções diferentes, é claro, porém esse é um problema mundial. E há um movimento global para que as cidades se tornem mais resilientes - com independência financeira,  transparência, capacidade de inovar, se reinventar e conseguir engajar cada vez mais os seus cidadãos e, assim, elas auxiliam na recuperação econômica dos seus países.

Os cidadãos são os grandes protagonistas da recuperação e evolução das cidades, assim dizia o slogan desta edição do evento  "Cities for Citizens" - Cidades paras os Cidadãos. Isso ficou muito claro em todos os painéis, palestras, nas tecnologias colaborativas expostas nos corredores da feira - o empoderamento do cidadão é a chave para a mudança. É ele que vive nas cidades, conhece os problemas de perto, sente a dor, e sua participação no debate e encontro de soluções é essencial. A inclusão dos cidadãos na gestão, sugerindo mudanças e melhorias, os coloca como importante aliado na administração municipal, e a co-criação de produtos e soluções para as cidades gera oportunidades, estimula a economia local e diminui a desigualdade social. Cabe aos gestores municipais serem transparentes, ouvirem os cidadãos e adotarem as melhores soluções, o que no Brasil, e no mundo, é uma quebra de paradigma.

O modelo de gestão municipal precisa se adaptar a era das redes sociais, do acesso à informação e se reinventar. Precisa acompanhar a evolução tecnológica e saber fazer o bom uso dela. Precisa buscar novas formas de financiar projetos, sendo que esse tema gerou um grande debate com muitas ideias. O que se conclui é que as prefeituras precisam ser inovadoras, assim como os empresários e cidadãos que pagam os impostos buscam diariamente ser. Devem prover infraestrutura que melhorem a conexão entre as pessoas, que as dêem uma vida digna para que elas possam criar e se desenvolver.

Nas palestras, nos estandes, nas apresentações “cinematográficas” dos cases, ficou nítido que cidades no mundo todo buscam evoluir. Cidades de todos os tamanhos, desde as mais pequenas no interior da Finlândia e da Índia, até as maiores como Nova York e Londres. É até perceptível uma saudável competitividade entre elas - quem é a mais inovadora, que mais engaja os cidadãos, que usa mais energias renováveis, aquela com as melhores alternativas de transporte, que oferece um ecossistema propício para a inovação,  que conseguiu se reinventar.

E a volta para o Brasil é repleta de novas ideias, muitas delas totalmente replicáveis. A troca de informações e conhecimento nos três dias de evento foi intensa. A vontade é de conhecer in loco cada uma dessas cidades que souberam se reinventar e inovar. Além disso, havia um grande otimismo em fazer um mundo melhor. O retorno traz a certeza de que temos capacidade de fazer parte desta grande comunidade global de Cidades Inteligentes e assim melhorar a qualidade de vida dos cidadãos.

Thaís C. Strassmann Nahas