As consequências econômicas de epidemias no passado

As consequências econômicas de epidemias no passado

Olhar para o passado é sempre uma forma inteligente de aprender. Nesse momento tão delicado, em que passamos por uma pandemia global, é sempre bom relembrar que essa não é a primeira vez que a humanidade vive uma calamidade assim. 

Por isso, hoje trouxe as 3 principais epidemias do passado, uma leitura histórica sobre a resiliência e continuidade do ser humano, com suas consequências econômicas. 

 

H1N1

Recentemente o mundo passou por uma pandemia de grandes proporções. Foi a Gripe A, transmitida por uma mutação violenta do vírus H1N1, subtipo do vírus Influenza, em 2009. Na época, escolas foram fechadas e a circulação de pessoas também foi restrita, com a popularização do álcool gel para higiene das mãos. 

Apesar da intensidade do H1N1, ele não tinha uma transmissão tão rápida quanto o Coronavírus. A epidemia começou no México, em março de 2009, e afetou mais de 120 países em 4 meses, sendo um total de 200 países em 2010.

 

Semelhanças com o Coronavírus/COVID-19

Apesar de ter o aspecto de gripe, o H1N1 é muito diferente do Coronavírus. O contágio do H1N1 é mais lento e, na época, os cientistas conseguiram desenvolver uma vacina em curto prazo – o que não acontece agora. Estima-se que uma vacina contra o Coronavírus seja criada dentro de 18 meses. 

Além disso, o Coronavírus já se mostrou mais letal do que o H1N1. Em quase 16 meses da pandemia de H1N1, a OMS contabilizou mais de 493 mil casos confirmados de infectados e de 18,6 mil mortes. A pandemia atual de Coronavírus, em 3 meses, já superou esses números, com 571,6 mil casos confirmados de infectados e 26,4 mil mortes contabilizadas até 29 de março. 

 

Impactos econômicos 

Diferente da pandemia de COVID-19 que está impactando profundamente a economia global, com a alta expressiva do dólar, entre outras questões, a pandemia de H1N1 não teve essa influência. Mas por quê? Isso por conta da característica da própria doença, que não tinha um contágio tão rápido e não era tão letal, o que possibilitou seu controle sem a necessidade de quarentenas. 

Hoje cidades e países ainda se mantém fechados por conta do Coronavírus, com um terço da população mundial em quarentena, o que impacta desde os pequenos negócios até mesmo grandes multinacionais. Ou seja, uma pandemia consideravelmente mais grave que a de H1N1.

 

Gripe Espanhola

A Gripe Espanhola ocorreu há pouco mais de 100 anos, entre 1918 e 1919. Ela era causada pelo vírus Influenza e matou entre 20 e 50 milhões de pessoas, o que representava 5% da população mundial na época. 

A Gripe Espanhola também atingiu o Brasil, matando o presidente Rodrigues Alves, deixando cerca de 5 mil mortos (2,5% dos infectados) e infectando um terço da população paulistana que, na época, era de 530 mil habitantes.

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O vírus Influenza continua em mutação e já causou outras epidemias recentes como o surto global de H1N1. Constantes campanhas com vacinas antigripais previnem contaminação por formas já conhecidas deste vírus. 


Semelhanças com o Coronavírus/COVID-19

A contaminação da Gripe Espanhola se dava por meio de gotículas de saliva e espirros, assim como o Coronavírus. Seus sintomas eram fortes dores de cabeça e no corpo, calafrios e inchaço dos pulmões.

 

Impactos econômicos

Apesar das atuais ressalvas econômicas sobre o fechamento de cidades através da quarentena, isso historicamente se mostrou uma atitude saudável que impulsionou a economia pós-pandemia.

De acordo com um estudo sobre efeitos da Gripe Espanhola sobre cidades americanas em 1918, de acordo com o El País, as cidades que se anteciparam na adoção de medidas de distanciamento social e foram mais agressivas em sua aplicação não só não tiveram um desempenho pior, mas cresceram mais rápido quando a pandemia passou.

As intervenções “não farmacológicas”, por exemplo o fechamento de escolas, teatros e igrejas; a proibição de reuniões públicas e funerais; a colocação em quarentena dos casos suspeitos e a restrição nos horários de abertura dos negócios “não apenas reduziram a mortalidade, mas também mitigaram as consequências econômicas adversas da pandemia”, concluíram os pesquisadores do Federal Reserve dos EUA, do Federal Reserve de Nova York e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).

Ainda assim, por pior que pareçam os impactos da pandemia de COVID-19, a pesquisa afirma que a Gripe Espanhola teve desdobramentos mais intensos. 

“Estimativas indicam que a taxa de mortalidade da gripe espanhola é maior que a da Covid-19, especialmente entre trabalhadores mais jovens, o que sugere que o impacto econômico da pandemia de 1918 pode ter sido maior”, explica o G1.

 

Peste Bubônica

Outra epidemia que vitimou milhões de pessoas foi a Peste Bubônica, que ganhou o apelido de “Peste Negra” por causar manchas pretas na pele. Durou quase duas décadas, entre 1347 até 1351, dizimando cerca de 200 milhões de pessoas – um terço da população européia da época. 

A doença era causada pela bactéria Yersinia pestis, proveniente de ratos e era transmitida pela pulga dos roedores contaminados. O combate a esta epidemia se deu com a evolução na higiene pessoal e melhora do saneamento das cidades, diminuindo a quantidade de ratos. Nessa época popularizou-se entre os médicos o uso de máscaras com um longo cano, que davam com a aparência de um bico de corvo, deixando tudo ainda mais sombrio. 

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Semelhanças com o Coronavírus/COVID-19

A peste bubônica não tem muitas semelhanças com o Coronavírus a não ser sintomas como febre, dor de cabeça e eventualmente vômitos. A peste causava também inchaço enorme dos gânglios linfáticos e manchas pretas ao redor da pele.

 

Impactos econômicos

Uma das mais antigas epidemias também teve impactos econômicos e profundas mudanças na sociedade. Por conta da peste bubônica, o regime de servidão que vigorava sobre os camponeses teve seu fim acelerado, modificando as relações de trabalho da época. A quarentena também ganhou força nesta época como medida preventiva à doença. 

Todos esses acontecimentos históricos trazem diversas lições e uma profunda reflexão, mas principalmente a certeza de que a humanidade prevalecerá frente a atual pandemia de Coronavírus, tornando-se ainda mais resiliente, forte e inteligente com a experiência.

 

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