Consolidação do setor de Biotech em 2021: Enxergando o copo meio cheio

Consolidação do setor de Biotech em 2021: Enxergando o copo meio cheio

Apesar da reviravolta que tomou conta do mundo com a pandemia, o mercado de biotech segue numa tendência de futuras consolidações para 2021. Segundo o FiercePharma, as dez maiores transações de 2020 geraram um volume de quase US$ 100 bilhões em ativos que trocaram de controle acionário, um número quase 50% inferior a 2019 de acordo com a PWC (incluindo também os fabricantes de medicamentos e dispositivos médicos combinados). As chamadas biofarmacêuticas, companhias voltadas à pesquisa & desenvolvimento de drogas de alta complexidade para combate à enfermidades raras e também doenças de tratamento de alto custo como câncer e esclerose múltipla; além das tão comentadas terapias gênicas, devem continuar protagonizando movimentos de fusões, aquisições e acordos de licenciamento.

 

Com muitos recursos em caixa e em busca de crescimentos cada vez mais robustos, as biofarmacêuticas se tornaram um reduto cada vez mais disputado por talento executivo, em especial nas posições mais técnicas e que demandam uma formação altamente diferenciada, difícil inclusive de serem preenchidas nos mercados mais maduros e com um universo maior no acesso à educação de qualidade como Estados Unidos, Canadá e Europa Ocidental. Com pouco mais de 15 anos recrutando executivos para este segmento, também noto um movimento considerável de evasão de profissionais dos mercados emergentes para as matrizes, a maior parte delas nos Países desenvolvidos, incluindo um universo não desprezível de brasileiros assumindo notoriedade em funções nas áreas médica, acesso a mercado, garantia da qualidade, assuntos regulatórios, pesquisa clínica, dentre outros.

 

Apesar de toda nossa deficiência estrutural decorrente de uma política educacional pouco competitiva, o Brasil pode ter orgulho de ser um polo de profissionais altamente talentosos e com a vantagem competitiva que acompanha a nós brasileiros: Sabemos lidar com adversidades econômicas e conjuntura política instável desde nossa infância, exceção aqui aos nascidos na década de 2000 que já se depararam com um País de taxas de inflação um pouco mais “civilizadas”. Com esse cenário de ainda pouca relevância na descoberta de moléculas inovadoras, o Brasil não pode ficar de braços cruzados esperando o cenário melhorar.

 

Aos executivos que já atuam nesse mercado, alguns conselhos para que sua carreira deslanche: Estejam sempre um passo à frente na antecipação do que pode vir a se parecer com o futuro, em outras palavras, nunca deixem de exercitar sua visão estratégica de longo prazo. E que esta característica venha sempre acompanhada de garra e energia, o “parecer ser” é tão importante quanto o “ser”. Independente de sua área ser mais técnica ou não, nunca deixem de conviver com pessoas diferentes de você e, caso tenham algum insight ou ideia que julguem fora da caixa ou até mesmo sem sentido, anotem. Esses rabiscos despretensiosos podem virar alicerce importante para um plano de negócios ousado ou até mesmo para uma execução mais eficaz de algo que não esteja funcionando a contento hoje.

 

E algumas sugestões que evitarão que sua carreira não se estagne: Evitem desculpas como não tenho tempo, sorte ou experiência. Não tenham medo de errar, transpiração é tão importante quanto inspiração para que as ideias saiam do papel. E por mais chavão que possa parecer, incentivem seus times a saírem da zona de conforto sem deixar que os pratinhos caiam na rotina atribulada, onde todos matamos um leão por dia. E como não poderia deixar de ser, aproveitem os momentos em família para se energizarem com os que amam. E tenham a certeza de que, como brasileiros, temos já a vantagem competitiva de saber fazer sempre mais com menos. Sabemos como poucos o que significa aquele slogan centenário da Avis na competição com a líder Hertz: We try harder!

 

Queremos vê-los todos protagonizando as futuras histórias de sucesso semelhantes à aquisição da AveXis pela Novartis,  da Spark Therapeutics pela Roche, da Audentes pela Astellas e por aí vai.

Bom final de semana, evitem aglomerações e vamos juntos construir um belo primeiro trimestre.

Que artigo gostoso, otimista e realista ao mesmo tempo! Há anos tenho trabalhado com talentos de healthcare e biofarma, e esse movimento que você citou de evasão de executivos e profissionais seniores de alto calibre técnico é uma realidade! Vi e participei de diversas transferências internacionais. Essa “exportação” de talentos é uma faca de dois gumes: reforça nosso orgulho brasileiro na mesma medida em que enfraquece a capacidade de crescimento e realização local. Nesse cenário, repousa em mim a esperança de que um ou outro talento alcance lugar genuíno de influência (e porquê não, poder), e à medida em que contribui com o avanço global de healthcare, consegue fazer a diferença aqui, seja por investimentos estruturais, com impacto econômico-social imediato, ou por meio de alianças e incentivos à pesquisa e inovação, com efeito mais tardio, porém duradouro. Visão romântica? Talvez... Eu diria que é fruto de uma crença profunda, ancorada numa personalidade que reforça e reflete o lema “We try harder” 👊🏻

Lia C Alicke Azevedo

Conselho de Administração | Conselho Consultivo | Comitês de ESG e Pessoas | Impulsionando Negócios Sustentáveis | Gestão de Cultura em Ambiente de Transformação | C-Level RH, Comunicação e Sustentabilidade | Mentoria

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Ótimos insights André Pasternak!

Guilherme Krüger Junior

Head of Operations at Weleda do Brasil Lab. e Farmácia Ltda.

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Imprevisível todos os benefícios e novos caminhos que as Biotechs trarão!

Guilherme S. Haddad

Diretor de BU | Diretor Comercial | Gerente Geral | Desenvolvimento de Negócios | PE/VC | Saúde

3 a

Ótimo André. Abraços

Karina de Andrade

Regional Market and Business Development Director na JCR Pharmaceuticals Co Ltd

3 a

Muito bom André Pasternak !

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