Consumidor comemora, mas sem glamour
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Consumidor comemora, mas sem glamour

Até mesmo os empresários que trabalham viabilizando sonhos estão começando a sentir o baque da recessão econômica do País. É o caso dos proprietários de bufês, que já sentem reduções até mesmo nas festas de casamento e infantis, dois nichos que normalmente seguem na contramão de crises econômicas em função do apelo emocional que têm junto aos consumidores.

Segundo dados do Sindicato dos Bufês de Belo Horizonte e Região Metropolitana (Sindibufê), em 2015, o faturamento médio do setor reduziu pelo menos 15%. Somente entre agosto e dezembro, quando as dificuldades econômicas e políticas no País se agravaram, a queda foi de 25%. “O que vimos é que, na medida em que a crise aumentou, nossa demanda foi caindo. O pessimismo que tomou conta do País nos impediu de crescer dentro do planejado”, afirma o presidente do Sindibufê, João Evangelista.

As empresas desse setor iniciaram 2015 com uma projeção de aumentar o faturamento em torno de 6%. A visão otimista se baseava no óbvio: ninguém deixa de casar ou de comemorar o aniversário do filho, a não ser que a situação financeira esteja muito ruim. “O desemprego e a inflação pesaram muito no bolso dos consumidores. Com a renda comprometida, uma saída foi abrir mão da festa dos sonhos”, afirma.

Realinhamento - Em alguns casos, o evento simplesmente não aconteceu. Mas muitas pessoas optaram por uma festa mais modesta. E é nesse ponto que entra a necessidade de perceber melhor a demanda por parte do empresário. Evangelista explica que vários bufês estão se adequando a essa nova realidade e reformulando as opções apresentadas aos consumidores. De um lado, o cliente busca reduzir o número de convidados. De outro, o bufê apresenta opções de economia e descontos. O salmão tem sido substituído por outros peixes mais baratos, as frutas utilizadas são as da estação. Esses são apenas alguns exemplos dos muitos ajustes que estão sendo feitos nas festas.

Mesmo com a estratégia, os bufês que atuam no entorno da Capital já começaram o ano com o faturamento em queda. No acumulado de janeiro e fevereiro, frente ao mesmo período de 2015, a retração média apurada foi de 20%, o que já indica que o ano deverá ser desafiador.

Motéis - No rastro do crescimento da classe média ocorrido nos últimos anos, o setor moteleiro experimentou um verdadeiro boom. Vários empreendimentos foram criados e tantos outros modernizados em todo o País, para agradar diferentes perfis de clientes. O que não fazia parte dos planos dos empresários do ramo é que, após realizarem milhões em investimentos e alcançarem o atual patamar de R$ 4 bilhões em movimentação financeira anual, apresentariam prejuízos em decorrência do mau momento da economia.

Depois de anos seguidos de crescimento, o setor moteleiro fechou 2015 com uma retração de 10% no faturamento, segundo dados da Associação Brasileira de Motéis (Abmotéis). O resultado frustrou as expectativas, que era de um crescimento de 20% no mesmo período. Em Minas Gerais, o setor, que reúne 400 estabelecimentos, faturou R$ 50 milhões. Em todo País, são 5 mil motéis.

“Acabamos sofrendo com a queda no número de pessoas gastando e da quantidade de dinheiro disponível na economia. Mas não esperávamos, uma vez que nos preparamos para atender a um público cada vez maior. Até então não tínhamos sofrido tanto com as outras crises”, afirma o presidente da Abmotéis, Eusébio Ribeirinha. Além de melhorar a estrutura física dos motéis, houve uma preocupação em aumentar as opções de serviços. Até mesmo festivais gastronômicos passaram a ser organizados. Tudo isso para conquistar um novo público.

Para Ribeirinha, o setor sentiu essa crise econômica por causa da alta dos custos como de água, luz e mão de obra. “Nós não costumamos sentir oscilações de demanda. Temos um resultado mais linear, mesmo em épocas ruins. Mas com os custos mais altos, fomos obrigados a repassar a diferença para os consumidores finais. A resposta que tivemos foi menor demanda e faturamento. Nossa queda no movimento nunca foi tão grande”, afirma. E essa não é uma realidade que deverá ser alterada no curto prazo. Para 2016, o esperado é manter o faturamento de 2015.

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